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Dia do Professor – Eles serão exemplo para sempre

José Balbinot, de Mato Perso, soma 37 anos de magistério e avalia sua atividade na escola e na comunidade

Muitos acreditam que escrevemos nossa história com o passar dos anos. Nela estão cenários diferentes e personagens diversos. A escola, por muito tempo, serve de pano de fundo e os professores... Bom, eles são mais do que personagens, são roteiristas que nos ajudam a escrever. Neste domingo, dia 15 de outubro, comemoramos o Dia do Professor e para fazer uma homenagem a esses profissionais tão importantes para a sociedade o Jornal O Florense convidou José Balbinot, 54 anos, sendo 37 deles dedicados ao magistério sempre na comunidade onde nasceu, no distrito de Mato Perso, para contar a sua história. Este ano será o último Dia do Professor dentro de sala de aula. Depois de perder a conta de quantos alunos já teve, se aposenta com a certeza de dever cumprido.

Aos 17 anos de idade, Balbinot, que estava por concluir o ensino médio em uma instituição de Farroupilha, foi convidado para assumir a antiga Escola Municipal General Osório, na comunidade de São Vítor. “Me disseram que por dar catequese, função que iniciei aos 14 anos, eu teria experiência com crianças e o aprendizado delas. Sempre gostei dessa função e com o incentivo dos meus pais eu aceitei. Era uma sala com turmas da 1ª a 4ª séries. Atendia todos ao mesmo tempo”, recorda o professor. A primeira lição dada por ele foi em 11 de abril de 1980 e desde então nunca mais deixou as salas de aula.

Durante uma década Balbinot lecionou nos dois colégios municipais do distrito, nas comunidades de São Vítor e São Tiago. Em 1990, com o projeto de escola centralizada, as instituições encerraram suas atividades e ele foi cedido ao Estado, passou então a atuar na Escola Estadual Antônio de Souza Neto. Neste período fez magistério em Passo Fundo e formou-se em licenciatura em Matemática. Além do currículo completo para as séries iniciais, passou a dedicar-se aos números e como deixá-los mais descomplicados para os alunos.

Nesses 37 anos de sala de aula, Balbinot não faz ideia de quantos alunos passaram por ele. Muitos mantêm contato até hoje. “Recebo convites de casamento dos meus estudantes e tenho colegas professoras de Matemática que foram minhas alunas. Um professor contribui fundamentalmente no aprendizado e minha preocupação sempre foi, além da área de conhecimento, contribuir na formação dos alunos como cidadãos, como pessoas de bem. Hoje algumas sementes dão frutos, seja na comunidade, na sociedade, bons exemplos de pessoas que vêm na escola algo muito importante e no conhecimento que ninguém nos tira e que nos acompanha para toda a vida”, enaltece o professor que tem pós-graduação em Psicopedagogia.

Homenagens

Como um bom professor de matemática, José Balbinot é exigente e o resultado chega por meio dos próprios alunos. Nos últimos anos a Escola Antônio de Souza Neto vem se destacando na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep) – só neste ano foram quatro estudantes premiados. O docente recebeu um certificado pelo desenvolvimento da disciplina na escola pública. “Há pelo menos cinco anos nossos alunos são bem avaliados e o professor também recebe homenagens. São coisas gratificantes que fazem valer a pena, mesmo no período conturbado em nível estadual. Quando você tem contato diariamente com crianças e vê a evolução delas a sua vocação se sobressai”, garante.

O professor acredita que a profissão deve ser mais valorizada e nos cerca de 10 anos em que esteve na direção da escola sempre buscou alternativas para conseguir o orçamento necessário para as melhorias da instituição. Em 1996 a escola foi ampliada e passou a atender todas as séries do ensino fundamental (hoje são cerca de 70 alunos). “Sempre tivemos muito o apoio da comunidade de Mato Perso e acredito que o professor é também exemplo não apenas na escola, mas na comunidade onde vive. Sempre me envolvi nas festas, nos campos de futebol, na liturgia e na catequese, o que segue até hoje”, reconhece.

Balbinot completará 55 anos no próximo dia 26 de outubro e, com isso, a idade mínima para a aposentadoria – o tempo de trabalho ele alcançou há anos. Não sabe quando vai sair definitivamente das salas de aula, mas carrega consigo o orgulho de ser professor e ter ajudado tantos alunos a escreverem suas histórias de vida. E você? Lembra-se de um professor que o ajudou a escrever a sua?

 

Durante os últimos 37 anos José Balbinot se dedicou ao aprendizado de crianças e jovens da sua comunidade, no distrito de Mato Perso. - Camila Baggio/O Florense  - Divulgação
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