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Votos Perpétuos: por amor e devoção

“Troquei o muito que eu tinha pelo Tudo”, descreve a irmã Maria Inês do Divino Pastor, clarissa capuchinha que celebrou a profissão dos Votos Perpétuos no dia 18. Aos 44 anos de vida, Andréia Moraes Cruz é natural de Pelotas, no Sul do Estado, e ingressou no Mosteiro Nossa Senhora do Brasil, das Irmãs Clarissas Capuchinhas, em Flores da Cunha, há sete anos.

Formada em Artes Visuais e pós-graduada em Patrimônio Histórico e Artístico, Andréia passou a se chamar irmã Maria Inês do Divino Pastor há cinco anos, ao ingressar no noviciado. Na cidade natal, foi postulante nas Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã onde fazia pastoral nas periferias. “Gostava muito de trabalhar diretamente com as pessoas, mas sentia uma inquietação por uma vida de oração mais profunda, numa entrega total a Deus”, frisa.

Na década de 1990, participava das Romarias ao Frei Salvador em Flores da Cunha e conheceu as Irmãs Clarissas Capuchinhas. Mas somente em 2009 veio ao município para passar um período de experiência com as religiosas, onde teve a certeza de que este era o caminho definitivo para sua vida. A partir daí, a irmã Maria Inês fez dois anos de Postulantado, dois anos de Noviciado e outros três de Juniorato. “Este momento evidencia que Deus continua me guiando para ser um sinal de Sua presença. É um chamado especial, prova de que nada acontece sem o Criador”, explica ela.

Assim como todas as pessoas, irmã Maria Inês tinha sonhos de uma vida simples, se estabilizar pessoal e profissionalmente, até que Deus desfez as suas certezas e colocou diante dela a razão da verdadeira felicidade. “Estudando e trabalhando se pode fazer muito por um mundo melhor, tenho certeza disso, mas acolhi meu chamado e resolvi me entregar por inteiro a esta minha vocação divina”, afirma. Até os votos perpétuos serem feitos, um longo caminho foi percorrido, da formação, assimilação de ideias e de uma rotina de vida. “É preciso um discernimento real que exige escuta e muita oração. Quando chegou o momento, eu estava pronta”, define ela, com alegria.

Muito além da oração

Quem conhece o Mosteiro das Irmãs Clarissas sabe que já ao entrar no portão uma paz contagiante pode ser sentida. Viver lá dentro é muito além da clausura e da oração, é uma vida cheia de compromissos, de tarefas e alegrias compartilhadas.  “Aqui é um lugar de paz onde se acolhe as pessoas e somos úteis à sociedade, que compartilha conosco seus problemas e alegrias. Nossa missão é realizada aqui dentro, mas em favor do mundo lá fora, pois por meio da oração buscamos alento e consolo para as pessoas”, frisa Maria Inês. Atualmente, nove Irmãs estão no Mosteiro: Maria Inês, Clara Francisca, Maria Cecília, Maria Priscilla, Maria Bernarda, Terezinha Maria, Maria José, Lioba Maria e Maria Emanuele.

A rotina no Mosteiro é árdua, mas muito satisfatória. Logo após as 5h da manhã, já se apresentam em oração, seguida por meditação e missa. O Café da manhã reforça as energias para continuar em meditação e iniciar os trabalhos (que compreendem fabricação de velas, bordados, padaria e artesanato, entre outros), sempre intercalados com momentos de adoração. Cada irmã é responsável pela limpeza dos espaços individuais, e os coletivos são alternados durante a faxina que ocorre sempre aos sábados. Além disso, o trabalho envolve a manutenção do jardim, lenha para manter o fogão, preparo das refeições e, à noite, após o terço e o jantar, elas se reúnem para estudo de formação. Uma rotina intensa, mas que também permite momentos de descanso e lazer. A família pode ser visitada 10 dias por ano, e os familiares têm permissão para visitas ao Mosteiro sempre que desejarem, salvo durante a Quaresma e o Advento.

A missa que ocorreu no domingo passado, na Igreja Matriz, é um dos motivos excepcionais em que todas as irmãs saem da clausura juntas. A alegria em poder prestar votos perpétuos está estampada no sorriso largo e acolhedor da irmã Maria Inês, que encontrou certezas também nas palavras do celebrante, o bispo da Diocese de Caxias do Sul, dom Alessandro Ruffinoni. “A missão do cristão se dá em três pontos: na oração, na família e no auxílio aos outros – mesmo na clausura. Essa mensagem marcou a homilia e marca também a minha profissão de fé”, enfatiza.

O Mosteiro florense é um dos cinco das Clarissas Capuchinhas no Brasil, de vida contemplativa e clausural; os outros estão nas cidades de Macapá (Amapá), Palmas (Tocantins), Juína (Mato Grosso) e Manaus (Amazonas).

 

Irmã Maria Inês do Divino Pastor. - Airton Nery/Divulgação As irmãs do Mosteiro florense: Maria Inês, Clara Francisca, Maria Cecília, Maria Priscilla, Maria Bernarda, Terezinha Maria, Maria José, Lioba Maria e Maria Emanuele. - Airton Nery/Divulgação
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1 Comentários

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    Reze por mim que eu quero a rajar um emprego sou professor na Cidade de Santo estevão Bahia.

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