Alessandra Pauletti e Madeleine Ferrarini

Alessandra Pauletti e Madeleine Ferrarini

Entre Uma Coisa e Outra

Alessandra Pauletti, artista visual. Nasceu em São Paulo e reside, desde a infância, em Nova Pádua. Em seu trabalho explora o universo das narrativas mitológicas. 

Madeleine Ferrarini, psicóloga, florense. Idealizadora e coordenadora do Instituto Flávio Luis Ferrarini.

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O Guardião das Memórias

Jornais são guardiões das memórias locais, são documentos fundamentais para preservar e compreender a história de um povo

Jornais são guardiões das memórias locais, são documentos fundamentais para preservar e compreender a história de um povo. Quem é mais novo nem imagina que há mais de 37 anos O Florense se dedica a contar histórias e a contribuir com o desenvolvimento da região. Hoje, em nossa última coluna, o jornal que abordava fatos locais e era distribuído de forma impressa, perde sua materialidade e rompe essa relação de proximidade com o leitor.
Na última edição, a ilustração representa a porta que se abre para o digital, onde somos convidados a olhar pelo lado oposto, para o buraco da fechadura, ele aponta para um ciclo que se fecha. Na parte de cima da ampulheta, o espaço vazio dá lugar a um jornal enrolado onde as palavras escorrem como areias finas do tempo. A partir de hoje, o jornal que foi o maior veículo de informação da cidade, entrará para a história como guardião de um tempo que dificilmente pode ser alterado e deixa um legado para ser eternamente lembrado. - Alessandra Pauletti

É tempo de guardar as memórias, entretanto, não iremos mais guardá-las nas páginas do jornal que registrou histórias de nossa cidade com tanto profissionalismo e afeto.
É sempre muito doloroso dizer adeus a quem fez parte de nossa vida com tanto apreço.
E agora, quem irá narrar, imprimir e guardar nossas memórias?
Não sei o que fará minha mãe, de 85 anos, sem receber o seu jornal, ela que como muitos outros não sabe ‘usar a internet’. Não sei o que farão os muitos que preferem a veracidade das notícias impressas por jornalistas credenciados. É sempre um dilema entre a era digital e a analógica. Será que uma das partes tem sempre que perder para a outra ganhar?
O fato é que, provavelmente, até os que desdenham o enceramento de um ciclo tão valioso, balançando os ombros do tanto faz, em algum momento sorriram ao lerem ou serem notícia no Jornal O Florense.
Teremos que aprender a ficar sem o nosso jornal, que por décadas divulgou os acontecimentos mais relevantes da nossa comunidade, e também transmitiu informações, opiniões e saberes, por meio de seus colaboradores, os bravos colunistas.
Nos primeiros e tenros anos do Jornal O Florense meu irmão, Flávio Luis Ferrarini, já escrevia suas crônicas neste importante veículo de comunicação, e quisera que fosse eu a encerrar esse familiar ciclo jornalístico. Claro que, nem de longe, meus rabiscos se comparam aos escritos de meu irmão. Entretanto, tive o privilégio de ter a parceria da Alessandra, que enfeitou meus versos com suas belíssimas ilustrações. 
Nosso agradecimento mais que especial ao Carlos Raimundo Paviani, que ousou e não mediu esforços para documentar fatos, divulgar notícias e empregar pessoas que voaram pelo mundo. Certamente as aprendizagens e relações estabelecidas jamais serão esquecidas.
Desejamos coragem aos que estão trabalhando com lágrimas nos olhos para o fechamento dessa última edição. Vocês são os remanescentes guerreiros que merecem nossos aplausos. 
Por fim, nossas reverências a todos que fizeram parte dessa dignificante história do nosso eterno Jornal O Florense, nosso guardião das memórias. - Madeleine Ferrarini