Danúbia Otobelli e Gissely Lovatto Vailatti

Danúbia Otobelli e Gissely Lovatto Vailatti

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Um patrimônio comunitário

Durante 37 anos, o Jornal O Florense contou histórias sobre a cara, o jeito e mentalidade dos florenses e paduenses

Em um de seus milhares de textos publicados, o escritor florense Jayme Paviani escreveu: “O interesse pelo passado aumenta, pois, povo sem história tropeça em seus erros, e a reconstrução, presentificada do passado, produz consequências sobre a vida. Churchill afirmava que primeiro fazemos nossas casas, depois elas nos fazem. Nós igualmente construímos a cidade, mas é a cidade que nos dá a cara, o jeito e a mentalidade de florenses”. Durante 37 anos, o Jornal O Florense fez exatamente isso. Contou histórias sobre a cara, o jeito e mentalidade dos florenses e paduenses. Se tornou um patrimônio imaterial da comunidade, aquele que registrou as trajetórias de vida, o cotidiano da cidade, a cultura do povo, imaterializou fatos, sorrisos e lágrimas em suas páginas. Bem daquele ‘jeitinho’ de Flores da Cunha e Nova Pádua. Peculiaridade única deste veículo de comunicação.
Na coluna anterior, externamos a importância que um jornal tem para uma cidade, o seu elo entre o passado e o presente, a relevância na transmissão de notícias, o diário de histórias de um lugar e a afetividade pessoal. Sim, o jornal foi e é tudo isso. Temos certeza que muitos florenses/paduenses têm resguardado em algum cantinho de casa um recorte do jornal, seja porque apareceram em suas páginas, seja por alguma notícia relevante. Por isso, o jornal é tão especial e fará uma grande falta. 
Muitas vezes, ouvimos comentários receosos de que a tecnologia substituiria o impresso. Veríamos, pouco a pouco, livros, jornais e tantas outras fontes de comunicação materializadas simplesmente desaparecerem. A rede digital trouxe um formato mais econômico, prático, imediato, transcendeu barreiras de tempo e limites territoriais. De fato, as inovações chegaram e estabeleceram novos formatos para tudo o que nos cerca. Mas ainda que as novas gerações idolatrem o formato digital, a experiência de aguardar a entrega de um jornal, tocá-lo, sentir o cheiro de tinta fresca, folheá-lo e ler suas páginas é infinitamente mais agradável do que abrir uma página na internet. 
Nesta última edição impressa, já nostálgica e histórica, agradecemos por tudo que O Florense fez para imortalizar a trajetória, a memória e a identidade da comunidade.  Gratidão a todos que, de alguma forma, doaram seu tempo e seu conhecimento, voluntária ou profissionalmente, a fim de fomentar o conteúdo de cada edição, para que, uma a uma, fosse se tornando para sempre. Gratidão especial ao diretor Carlos Raimundo Paviani, que não mediu esforços para manter este patrimônio. Tenha certeza que o dever foi cumprido com maestria. Aos leitores desta coluna, nosso agradecimento por nos acompanharem neste ano.
Desejamos que a nova etapa de O Florense, de forma digital, seja tão promissora e feliz quanto foi a impressa. Seguimos contribuindo para que a história e a memória dos florenses e paduenses não se perca.