Que Jesus nos doe a sabedoria da revelação da realidade a que somos destinados

O Senhor Jesus, Verbo do Pai, filho do Espírito Santo, encarnou-se para podermos conhecer Deus: Pai, Filho e o Espírito Santo, ou seja, a Santíssima Trindade que se revela como amor pelo sofrimento da Cruz e como Deus pela Ressurreição. Conhecer Deus e receber sua natureza divina. Isto Jesus fez dando seu Espírito Santo. Mas, ascendendo ao céu, antes de Pentecostes, ele elevou para o céu a natureza humana. E nós sabemos que a morte é somente uma passagem, mas que – com Jesus em nós –, temos a vida para sempre.

Ascenção é o nome de um fato tão extraordinário e grandioso que nos custa aceitar. Celebrado liturgicamente como solenidade, quase desaparece entre o esplendor da Ressurreição e do Pentecostes. Contudo, é um fato estrondoso, por ser o cume triunfal da Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor Jesus. Separar-se da terra, elevar-se e desaparecer no céu, não pertence a nossa experiência e não deveria pertencer a nossa fantasia, mas pertence, e deve pertencer de maneira muito viva e concreta, a nossa Fé e a nossa Esperança. Os Apóstolos viram Jesus elevar-se e uma nuvem ocultá-lo.

Nossa inteligência não tem capacidade de explicar. Nós mergulhamos no Mistério e precisamos aceitá-lo assim como é! Na insuficiência das palavras usamos símbolos. Dizemos que Jesus subiu ao céu e está sentado à direita de Deus, ou seja, recebeu a plena glorificação. Subtrair-se à visibilidade não significou afastar-se de nós ou deixar-nos longe de si.

“Jesus continua conosco, quase diria imerso em nós. Se antes da morte, Ele era como uma garrafa de vinho bom que se podia ver e localizar de modo preciso, agora, com a crucifixão, essa garrafa foi quebrada e o vinho está derramado pelo chão, embebendo a terra, o mundo, cada um de nós. Jesus continua presente no mundo por seu Espírito e espera de nós que Lhe demos visibilidade tornando-nos como que seu rosto. Assim, quem nos vê e nos conhece, deveria formar, através de nós, uma ideia aproximativa de quem é Jesus, nem tanto em seu aspecto físico, quanto em seu modo de ser e proceder.”

Há outro grandioso significado na Ascensão de Jesus: Deus veio sobre a terra assumindo a natureza de homem, agora com sua natureza humana ascende ao céu. Nossa vida sobre a terra não é o destino final... é preparação para o céu. Jesus entra primeiro, mas não único: nós somos sua plenitude. Cada um de nós é parte de Jesus e o nosso destino é ... Ascensão! Isso tudo é tão maravilhoso que resistimos. Também os Apóstolos, que tinham acompanhado Jesus nas suas andanças, resistiam e tinham medo... até receberem o Espírito Santo. Como explicar às criaturas humanas que, além dos cinco sentidos, elas dispõem de uma antena especial que comunica com aquele imenso e insondável Mistério que denominamos ‘Deus’?

Ou melhor, que Deus, mesmo na Pessoa do Espírito Santo, vem morar nelas, ao receberem o Batismo, assim como o Senhor Jesus mandou aos seus Apóstolos? O Espírito manifestou-se em Pentecostes e nós precisamos saber, desejar e... saborear seus dons para produzir os deliciosos frutos que levam a ascender para a realidade da Vida eterna, felicidade plena e vida para sempre. Diz Santo Agostinho: Jesus ascendeu, suba com Ele nosso coração. Aprendamos a abrir as janelas do nosso coração e viver no céu, não para esquecer a terra, mas para ver à luz da eternidade. Que Jesus nos doe a sabedoria da revelação da realidade a que somos destinados. Que Ele nos conceda desejar e acolher os dons do seu Espírito, o Espírito Santo e que a Presença do Espírito produza os deliciosos frutos que doam felicidade e vida para sempre.