Juliano Carpeggiani

Juliano Carpeggiani

Cinemeando

Diretor e roteirista há 15 anos, é bacharel em Cinema pela Realização Audiovisual/Unisinos. Seus curtas-metragens O País da Cocanha (documentário) e Lá Longe (ficção) venceram o grande prêmio em festivais de cinema nacionais e internacionais. Cria e produz todos os tipos de conteúdos audiovisuais com ênfase na narrativa cinematográfica.

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‘Assassinos da Lua das Flores’: crônica de um genocídio obscuro

Filme aborda um evento trágico e subestimado na história norte-americana

A história por si só parece digna de um filme de Martin Scorsese. Mas a conspiração para assassinar sistematicamente os membros da tribo Osage e seus familiares, seguida pela eliminação de todas as testemunhas, é uma história terrivelmente real. Em ‘Assassinos da Lua das Flores’ (2023, atualmente em cartaz), mesmo não tendo lugar de fala, o cineasta ítalo-americano aborda este massacre indígena de maneira respeitosa. Já se destaca entre os melhores numa filmografia impressionante.
A trama acontece em 1920, na região de propriedade dos Osage em Oklahoma, rica em petróleo, tornando-os as pessoas mais ricas do mundo por um período. À medida que os brancos se estabelecem na área e muitos se casam com os Osage, coincidentemente, as mortes misteriosas começam. Apesar dos esforços para envolver as autoridades locais, os crimes não são investigados, resultando em um dramático aumento de assassinatos.
O filme se concentra na intimidade da família de Mollie (interpretada por Lily Gladstone), cujas três irmãs são assassinadas. Mollie é casada com Ernest Burkhart (Leonardo DiCaprio), sobrinho de William K. Hale (Robert De Niro). Ambos parecem amar os Osage, mas as aparências enganam. Pela primeira vez, os dois atores favoritos de Scorsese atuam juntos em um filme dirigido por ele. Suas performances são notáveis, com DiCaprio entregando uma interpretação sincera e conflituosa, enquanto De Niro se afasta de seu estereótipo de gângster italiano para retratar um homem do sul dos Estados Unidos, encantador o suficiente para conquistar a todos, incluindo o povo Osage. Lily Gladstone impressiona com sua atuação sutil; seu olhar tem mais impacto do que qualquer atuação grandiosa e exagerada poderia ter.
‘Assassinos da Lua das Flores’ aborda um evento trágico e subestimado na história norte-americana, semelhante ao genocídio dos povos indígenas no Brasil durante a colonização europeia. O filme serve como uma janela para o passado sangrento, enfatizando a importância de examinar nossa própria história para seguir em frente. Através do cinema, Scorsese oferece um ponto de partida valioso para essa jornada de cura.