Juliano Carpeggiani

Juliano Carpeggiani

Cinemeando

Diretor e roteirista há 15 anos, é bacharel em Cinema pela Realização Audiovisual/Unisinos. Seus curtas-metragens O País da Cocanha (documentário) e Lá Longe (ficção) venceram o grande prêmio em festivais de cinema nacionais e internacionais. Cria e produz todos os tipos de conteúdos audiovisuais com ênfase na narrativa cinematográfica.

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Cinema e memória

Premiados longas-metragens brasileiros fizeram do seu processo de filmagem uma jornada investigativa na busca por respostas pessoais

No campo da cinematografia, arte e vida real são como um palíndromo. E em circunstâncias ficcionais ou em fatos documentais, a memória é parte fundamental da produção cinematográfica, que vai além das recordações. Um filme é a compreensão de um determinado presente, mesmo que esteja se referindo a um passado próximo ou muito mais distante e, justamente por isso, um lugar de memória. 
O cineasta Walter Salles, diretor de Central do Brasil (que está completando, este mês, 25 anos da estreia nos cinemas) disse, certa vez, que o cinema serve para mostrar a diversidade do mundo e refletir a nossa vida. “O papel do cinema é gerar uma memória de nós mesmos, um retrato de uma sociedade em um dado momento”, declarou em entrevista para a revista Época.
O cinema brasileiro, especificamente o documental, contabiliza inúmeros casos marcantes de reconhecidos e premiados longas-metragens que fizeram do seu processo de filmagem uma jornada investigativa na busca por respostas pessoais. A memória, nessas obras, é reconstruída à medida em que pesquisa e filmagem avançam.
É o caso, por exemplo, do filme gaúcho 5 Casas (2022), de Bruno Gularte Barreto. O diretor retorna à Dom Pedrito, sua cidade natal no interior do Estado, 20 anos após a morte dos seus pais, para buscar as memórias de sua infância perdida em cinco casas, cujas histórias se interligam: uma velha professora lutando para manter sua casa de pé, um jovem que sofre agressões por se recusar a esconder sua natureza, uma freira sendo transferida da escola que regeu com punho de ferro por décadas e um velho capataz em uma fazenda mal assombrada. Ao dar voz a essas pessoas, Barreto faz de suas (re)descobertas a condução narrativa da obra, que, concluída, se transforma em memória consolidada.
5 Casas foi premiado com os Kikitos de Filme, Direção, Júri Popular e Montagem na categoria Longa-metragem Gaúcho do 50º Festival de Cinema de Gramado.