Os escritores de Flores da Cunha estão ali, na mesma fila do pão que nós estamos

Os escritores de Flores da Cunha estão ali, na mesma fila do pão que nós estamos. Mas eles têm uma vantagem sobre nós – observam o cotidiano, capturam nuances e as transformam em romances, crônicas, poemas. E nós muitas vezes nem notamos.
Dentro do escritor habitam filósofos, críticos, poetas, professores, agricultores. Dali – nesse emaranhado de pensamentos – colhem palavras escolhidas a dedo e as organizam textualmente de forma a cativar os leitores, um convite para compreendermos o que está além da materialidade das coisas e compreender-lhe a vida.
Os escritores florense registram a história, discorrem sobre política, economia e sim, escrevem poesia. Às vezes profetizam – “Na cidade futura / não haverá desperdício / apenas poesia / o corpo nu da palavra, / a solidão dos prados”; ironizam – “A gente enxerga a pessoa do lado de lá do rio e vai logo traçando um perfil completo dela”; descrevem detalhes – “Num fim de tarde, / no céu ainda / alagado de azul / um avião sublinha / uma estrela”; e revelam outras perspectivas – “Roupas enforcadas nos varais / balançam a vida / com as pernas e os braços / vazios / e isso é tudo o que ela nos oferece”. 
Os escritores florenses observam o cotidiano, capturam nuances e as transformam – “Por caminhos e ínvias veredas / Em bravios e ensolarados recantos / A milenar vinha continua viva / Dando frutos e canções de amor”. 
As obras dos escritores florenses estão disponíveis na Biblioteca Pública Municipal Érico Veríssimo (Casa de Cultura Flávio Luis Ferrarini), mas quando encontrar algum deles na fila do pão também pode adquirir uma obra autografada daqueles que são os nossos famosos e que um dia receberão o reconhecimento pelas importantes contribuições que nos oferecem.
- Uma reverência aos escritores florenses de todos os estilos, técnicas e abordagens, em especial ao professor e escritor Rosalino Mascarello, falecido em 30 de agosto de 2023.