Ricardo Pagno

Ricardo Pagno

Informativo Rural

Ricardo Pagno é agricultor e empresário, residente na comunidade de Nossa Senhora do Carmo e, a partir de 31 de outubro de 2022 assumiu a presidência do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores FAmiliares de Flores da Cunha e Nova Pádua. 

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Acordo setorial para garantir a comercialização da uva

Ficou estabelecido um preço mínimo de R$ 1,50 ao quilo para a Uva Isabel 15° e prazos de pagamentos mais curtos

Unidos em manter o equilíbrio da cadeia vitivinícola e comprometidos em não repetir o que ocorreu na safra deste ano, quando o pagamento do preço mínimo da uva não foi cumprido, os representantes dos setores vitícola e vinícola firmaram, no mês de outubro, um acordo de cooperação comercial para a safra da uva 2023/2024. Nesse contrato ficou estabelecido um preço mínimo de R$ 1,50 ao quilo para a Uva Isabel 15° e prazos de pagamentos mais curtos. Mesmo que o valor tenha ficado inferior ao custo de produção – estimado em R$ 1,61 – e ao custo apurado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de R$ 1,57, ele é R$ 0,10 maior que o praticado neste ano, quando grande parte das vinícolas pagou R$ 1,40 ao quilo. Aquelas que aderiram ao preço tabelado estenderam os prazos de pagamentos em mais de um ano. 

Para nós, como defensores dos agricultores, é muito difícil abrirmos mão de R$ 0,08 sobre o preço mínimo de R$ 1,58/kg da safra 2022/2023 e sabendo de todo o custo de produção que temos. Mas, se não tivéssemos feito esse acordo, as vinícolas não iriam pagar, porque não há nada que as obrigue. Já tinham nos informado que iriam seguir um valor próprio estimado em R$ 1,45. Com o acordo, conseguimos R$ 1,50 e o pagamento da safra até agosto de 2024. Com isso, evitamos repetir o que ocorreu nesta safra em que agricultores ganharam menos e alguns ainda nem receberam o pagamento total.

O acordo de cooperação comercial vitivinícola foi levado até a Conab. Em reunião realizada em 16 de outubro, em Brasília, onde estiveram presentes representantes do STR, Asbrasuco, Fecovinho, Sindivinho RS, Consevitis e Agavi, ficou estabelecido que o patamar de R$ 1,50/kg seria plausível para o equilíbrio do setor. Na mesma reunião, a Conab indicou estar favorável ao acordo setorial. O órgão também se comprometeu em propor na Política de Garantia de Preços da Agricultura Familiar (PGPAF) um preço referência de R$ 1,57 no intuito de contemplar os agricultores familiares que realizam financiamentos do Pronaf para que tenham o rebate nessas operações, caso o mercado não atinja esse valor. Além disso, também foi proposta a recriação de linhas de crédito de subsídios específicos para o setor vinícola. 

Sabemos de todas as dificuldades que estão sendo enfrentadas para produzir este ano e lamentamos tudo o que aconteceu no último dia 17, porém, o preço mínimo de R$ 1,50 é um valor balizador, mas o que define o preço é a oferta e procura do produto, podendo aumentar este valor. Também estamos vendo a possibilidade de fazer um ajuste no grau, caso o tempo não favoreça na colheita.