Economia

Após dois meses de baixa, inadimplência volta a subir no RS em setembro

As restrições para pessoas físicas do estado e da capital tiveram elevação no último mês. Para as pessoas jurídicas, indicadores quebraram os recordes da série histórica

O Indicador de Inadimplência CDL Porto Alegre, que divulga dados de pessoas físicas e jurídicas com limitação em crédito, cheque e protesto ou ação judicial, mostra que a inadimplência para pessoas físicas voltou a subir. Em setembro, os índices para PF somaram 30,66% para o Rio Grande do Sul e 33,66% para Porto Alegre.

 A elevação da inadimplência para pessoas físicas, de +0,17 ponto percentual no RS e +0,15 ponto percentual na capital, ocorreu após dois meses consecutivos de baixa em nível estadual: -0,09 ponto percentual em julho e -0,33 ponto percentual agosto. O economista-chefe da CDL POA, Oscar Frank, atribui o resultado a uma acomodação natural dos impactos da etapa inicial do ‘Desenrola Brasil’: “Em primeiro lugar, a retirada dos registros em atraso até R$ 100 já havia ocorrido previamente, ademais, as renegociações desaceleraram”.

Além disso, as renegociações entre credores e devedores desaceleraram. Conforme a Febraban, o volume repactuado junto às instituições financeiras entre 17 de julho (começo do programa) e 29 de setembro totalizou R$ 15,8 bilhões. No entanto, parcela relevante desse montante (R$ 11,7 bilhões) fora firmada até o fim de agosto. Hoje, são 2,606 milhões de gaúchos e 350,4 mil porto-alegrenses em situação de inadimplência: 14,4 mil e 1,5 mil a mais do que em agosto, pela ordem.

PERSPECTIVAS PESSOAS FÍSICAS

A Assessoria Econômica da CDL POA entende que a segunda fase do ‘Desenrola Brasil’, direcionada para quem ganha até dois salários-mínimos mensais ou está inscrito no CadÚnico, constitui vetor benigno no curto prazo. De acordo com estatísticas próprias, aproximadamente 56,1% dos negativados do SCPC possuem renda de até R$ 2 mil. Levantamento do Governo Federal aponta que o desconto médio concedido pelas 654 empresas participantes, entre bancos, varejo e serviços de utilidade pública, alcança 83%. Logo, os R$ 151 bilhões em dívidas leiloadas se transformaram em R$ 25 bilhões aos consumidores.

 O economista Oscar Frank aponta, ainda, que outras questões positivas no cenário dizem respeito à moderação da inflação e à continuidade do ciclo de redução da taxa básica de juros: “Na nossa visão, a Taxa Selic cairá dos atuais 12,75% ao ano para 11,75% até o término do ano 2023. O movimento deve prosseguir em 2024, e sua extensão depende tanto de fatores domésticos (comportamento da produção, mercado de trabalho, preços e riscos fiscais) quanto externos”.

 Por sua vez, o desaquecimento de importantes setores, como indústria e serviços, preocupa. Além disso, a política monetária opera com defasagem sobre a economia real, ou seja, o efeito do barateamento do custo do crédito ainda levará tempo até se materializar sobre os indicadores.

Avaliação do Indicador de Inadimplência PJ da CDL Porto Alegre em setembro

De acordo com a base de informações restritivas da Boa Vista Serviços S.A., as pessoas jurídicas com limitação em crédito, cheque, protesto ou ação judicial somaram 14,31% no RS e 15,50% em Porto Alegre em setembro de 2023. Ambos os índices quebraram os recordes da série histórica, iniciada em junho de 2022, a partir da elevação em relação a agosto (+0,42 e +0,31 ponto percentual, respectivamente). De acordo com as estatísticas do Mapa das Empresas, o total estimado de CNPJ’s com negativação em termos absolutos alcança 205.249 em nível estadual e 36.101 para a capital.

PERSPECTIVAS PESSOAS JURÍDICAS

A Assessoria Econômica da CDL POA aponta que números mais altos tendem a impactar desfavoravelmente nos investimentos produtivos e no ímpeto por contratações de mão de obra no futuro. Esse ambiente ainda incerto para as empresas aumenta a seletividade do crédito. Conforme a Pesquisa Febraban de Economia Bancária e Expectativas, elaborada entre 27 de setembro e 3 de outubro, as instituições financeiras devem continuar cautelosas com a concessão de recursos voltada às PJ’s. Para 31,3% dos respondentes, o crescimento da carteira desacelerará até o fim do ano. Já para 56,3%, o ritmo de expansão permanecerá constante, enquanto somente 12,5% antecipam ganho de tração.

SOBRE O INDICADOR

O Indicador de Inadimplência CDL POA é elaborado pelo Núcleo Econômico da Entidade e mede mensalmente a inadimplência dos consumidores e das empresas do Rio Grande do Sul e de Porto Alegre e utiliza dados da Boa Vista SCPC, a maior base de restritivos disponível no Rio Grande do Sul. O levantamento para pessoas físicas teve início em fevereiro de 2022, e o indicador para pessoas jurídicas, em junho do mesmo ano. A investigação mostra a parcela de pessoas físicas ou de empresas com algum tipo de restrição a crédito, cheque, protesto ou ações judiciais.

 - Divulgação
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário