Economia

Empresas se preparam para os impactos econômicos

Maiores empreendimentos de Flores já projetam demissões e dificuldades nas finanças

A economia mundial está sendo afetada pela pandemia da Covid-19. Fábricas tiveram que parar a produção e a população tem seguido a recomendação de isolamento social. Embora o último decreto municipal permita as atividades industriais com quadro de trabalhadores reduzido em 50%, muitas empresas municipais haviam anunciado férias coletivas na metade do mês de março e pouco a pouco têm retomado suas atividades – grande parte delas retorna com a produção na próxima segunda-feira, dia 13. O impacto econômico já é visível, e algumas já projetam demissões e dificuldades nas finanças – veja abaixo a situação das maiores empregadoras do município. Não quiseram se manifestar sobre a situação a Fante Bebidas e a Dallemole Estruturas Metálicas. “Estamos acompanhando as movimentações junto com a Federasul e a Fiergs e ninguém ainda tem muita clareza nas decisões. O que entendemos é que esse plano de parar tudo abruptamente é uma necessidade para conter a disseminação do coronavírus até que a estrutura de saúde esteja mais ajustada e adequada, mas é um risco muito grande para aumentar a mortalidade das empresas”, declara o presidente do Centro Empresarial, Alessandro Cavagnolli.

De acordo com ele, a entidade busca clareza nas informações para ajudar os associados e contribuir para as melhorias econômicas. “É tudo muito incerto. Temos um receio muito grande de liberar todas as empresas para trabalhar de forma parcial, se não está tendo consumo. Então vemos a situação com muita preocupação”, enfatiza. Para ele, 2020 vai ser um ano extremamente diferente. “A única certeza que temos é que a forma que conhecíamos de como o mercado trabalha e de como as pessoas faziam comércio é muito diferente daquilo que vai ser de agora em diante”, diz.

Como estão as maiores indústrias de Flores da Cunha

Móveis Florense

A empresa, que emprega 600 pessoas, voltará às atividades na segunda-feira, dia 13, seguindo as orientações estabelecidas nos decretos municipal e estadual. De acordo com o CEO da Florense, Mateus Corradi, a empresa contratou uma terceirizada para realizar, diariamente, a higienização dos ônibus que transportam os funcionários, além de intensificar a limpeza na fábrica. “Também vamos mudar o protocolo de almoço. Vamos flexibilizar os horários para não ter aglomeração no restaurante”, destaca. Uma cartilha com todas as precauções e mudanças na rotina foi encaminhada aos colaboradores para ficarem cientes das alterações.

A Florense, que ficou 20 dias com a produção parada e parte da equipe administrativa em home office, vê com bons olhos essa retomada gradual. “Essa parada sempre vai ter impactos e influências, mas essa pausa está sendo encarada como a antecipação das férias de final de ano. Temos um custo maior por ter que pagar as férias para os funcionários e paramos o faturamento da empresa, mas trabalhamos com uma forma diferente de cobrança dos clientes. Então, o nosso impacto maior não está sendo na indústria, ainda, o que sentimos mais é no nosso varejo”, destaca Corradi. As pessoas do grupo de risco terão mais 10 dias de férias. “Ainda vamos monitorar se após completar os 30 dias eles retornarão ao trabalho”, diz.

Conforme o CEO, o primeiro trimestre de 2020 das franquias foi melhor do que comparado com os três primeiros meses do ano anterior. “Mas já sentimos que no final do mês de março a atividade econômica diminuiu nas lojas, em função que a maioria precisou fechar. Esse impacto sim poderá afetar a Florense nas próximas semanas e meses. Entendemos que as coisas vão voltar para o ‘trilho’. Não sabemos precisar quanto tempo isso vai levar, mas temos uma perspectiva econômica positiva”, declara.

Treboll Móveis

Conforme o diretor administrativo da Treboll Móveis, Gustavo Toigo, a empresa está com as atividades suspensas por 60 dias, prevendo um retorno no dia 6 de junho. “Nosso mercado é a Europa, onde a pandemia está em nível muito avançado e as perspectivas pioram dia a dia. Por isso, optamos por entrar em regime de suspensão por 60 dias, amparados pela Medida Provisória (MP) do Governo Federal”, informa Toigo. A MP 936, de 1º de abril, na qual a empresa está embasada, instaura o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, em que os funcionários receberão um benefício através do Governo enquanto durar a suspensão.

De acordo com Toigo, neste período não ocorreram demissões e “não é nosso desejo”. “Estamos incansavelmente buscando as alternativas necessárias para continuarmos fortes e tão logo retomarmos a normalidade”, declara. A Treboll possui atualmente 280 funcionários.

Caderode

A Caderode atualmente possui um quadro de 200 funcionários e voltou com suas atividades na segunda-feira, dia 6. “Estamos cumprindo religiosamente todas as normas impostas, com a realização de turnos intercalados e priorizando os pedidos que já estavam alinhados”, declara o presidente da empresa Vanderlei Dondé.

Conforme ele, a empresa possuiu pedidos para duas semanas de trabalho. “O mercado vai cair. Já estamos tendo uma diminuição nos pedidos. Mas, nosso intuito é alinhar ações para que o impacto seja o menor possível”, garante.

Se a queda de pedidos seguir, Dondé afirma que a empresa pode parar novamente. “Não quero me posicionar agora, estamos vivendo dia a dia. Gostaríamos de manter toda a nossa estrutura, mas ainda é prematuro afirmar algo. Esperamos que nas próximas duas semanas esteja mais clara a situação e se crie uma expectativa para o futuro”, diz.

Hidrover Equipamentos Hidráulicos

A Hidrover Equipamentos Hidráulicos possui 200 funcionários. Conforme o diretor geral da empresa, Jefferson Teixiera, a empresa está sendo bastante afetada. “Há duas semanas vivemos um descompasso em relação aos nossos clientes, onde eles continuaram a operar e nós tivemos que parar por conta do decreto municipal, sem nenhum preparo. Nesta segunda-feira, dia 6, voltamos a trabalhar parcialmente, tendo todos os cuidados na questão operacional e restaurante, mas ainda ficamos muito ineficientes”, declara Teixeira. A empresa está atuando com 50% do quadro de funcionários, além de idosos e grupos de risco não estarem exercendo suas atividades. “Vamos ter um impacto muito grande. Já tivemos um respaldo dos nossos clientes, que afirmaram uma redução na demanda, principalmente nos setores de maquinário agrícola e maquinário para construção civil, como também empresas de caminhão com quem trabalhamos”, informa. Com isso, o diretor afirma que a empresa terá uma receita bem menor do que a prevista. “É um grande desafio e estamos bastante preocupados, pois caiu muito a nossa demanda”.

Em relação a corte de funcionários, Teixeira afirma que é muito difícil tomar uma decisão agora. “Estamos trabalhando com as ferramentas que nos foram dadas, como férias coletivas, individuais, flexibilização e banco de horas. Precisamos ver como o mercado reage, mas é importante salientar que um dia essas ferramentas irão acabar”, finaliza.

Keko Acesórios

A empresa Keko Acessórios volta a trabalhar na segunda-feira, dia 13, com o quadro de funcionários reduzido. Atualmente, a empresa possui 450 funcionários. Conforme a supervisora de Marketing, Liliam Mantovani, a diretoria ainda está avaliando como vai atuar nos próximos dias, já que as vendas diminuíram bruscamente. “Temos uma estimativa de faturar 30% a menos este ano do que o previsto, mas como tudo é muito recente, esta porcentagem pode sofrer alterações, até porque não sabemos como vai ser nos próximos dias”, declara.

A empresa também está se planejando e tomando todas as precauções em questão de higiene, desde a produção até o restaurante da empresa. 

Romanzza

A Fábrica de Móveis Romanzza trabalha com 50% dos seus funcionários – são 100 trabalhadores no total. Conforme o diretor industrial, Nelson Scarmin, todos os funcionários receberam três máscaras de pano que são trocadas ao longo do dia e higienizadas. “Estamos fazendo toda a higienização e tomando os cuidados necessários, além de realizar reuniões e passar orientações”, ressalta.

Na questão de vendas, a diretoria se diz preocupada. “Trabalhamos com nossas lojas exclusivas com maior destaque para o Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Espírito Santo, onde está praticamente tudo fechado. Para produzir, dependemos das vendas dessas lojas”, esclarece ele, que estima uma receita de 30% a 40% menor. “Vejo que ainda teremos seis meses bastante conturbados. Três meses para normalizar a situação da saúde e mais três para voltar a normalizar as vendas”, diz.

Atualmente, a empresa está produzindo alguns pedidos que já estavam em andamento, mas que não sabe até quando terá demanda.

SIM Rede de Postos

Por ser uma empresa essencial, a Rede SIM não paralisou suas atividades. Conforme o diretor executivo de Varejo, Diego Panizzon Argenta, a SIM está acompanhando de perto, dia a dia, todos os cenários para poder tomar as melhores decisões. “Nosso negócio não pode parar, pois é serviço essencial. Então, estamos com as unidades funcionando, mesmo com baixa de volume. Este é o momento de olhar para dentro da organização no detalhe, otimizando processos e recursos, mas com o olhar atento para o mercado e comunidades. A estratégia empresarial e o senso de solidariedade coletiva precisam andar juntos”, declara Argenta.

Segundo o boletim da Receita Estadual, a venda de combustíveis caiu 47,6% no estado do Rio Grande do Sul nestas últimas semanas, e a empresa também está sentindo a redução. A SIM está com um terço da equipe em férias, as quais foram renovadas por um período de mais 15 dias a partir desta segunda-feira, dia 6, em virtude da queda de volume e redução do horário de funcionamento dos postos. “Estamos tomando todas as medidas possíveis com o objetivo de preservarmos os empregos”, informa. A SIM possui 3,2 mil funcionários em 141 unidades.

 - Gabriela Fiorio
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário