Expressões

A nostalgia que imprime cor às memórias em preto e branco

Florense Ivo Maioli se dedica a restaurar fotografias antigas e compartilhá-las nas redes sociais

Muito mais do que colorir imagens e restaurar fotografias, o florense Ivo André Maioli, de 58 anos, se dedica a dar vida às histórias de nossos antepassados e, por meio delas, resgatar e conscientizar as pessoas do valor da cultura trazida pelos imigrantes italianos e, com isso, permitir que esse rico legado também seja conhecido pelos jovens, em uma era marcada pelos constantes avanços digitais.
Radicado em Torres, desde 2011, Maioli atua como Coach de Vida e administra, ao lado da esposa, o Espaço Holístico RECRIE-SE Online. Mas, ele nunca deixou de lado a paixão pelas imagens, que o acompanha desde a década de 1980, quando teve contato com a edição de vídeo e fotografia na RBS-TV e na UCS. Nos anos 1990 ele também fundou a Masther Vídeo Produções e firmou diversas parcerias com o Jornal O Florense, inclusive participando de uma matéria sobre o mágico da famosa história do galo, em Flores da Cunha, sua terra natal. 
O coach lembra que, em 1998, adquiriu um scanner para capturar fotografias, mesmo período em que, com a versão 5 do Photoshop, iniciou uma pesquisa para construir a árvore genealógica de sua família, foi quando começou a restaurar retratos: “Geralmente são fotografias em preto e branco, antigas e históricas. Imagens que retratam acontecimentos, eventos sociais e políticos, flagrantes com pessoas, reuniões familiares, retratos e paisagens”, revela Maioli. 
Em relação aos créditos dos registros que colore e restaura, o florense explica que eles procuram homenagear os fotógrafos e artistas de 80 anos atrás, momento em que a chegada do ‘retratista’ era vista como um evento: “A fotografia ‘análoga’ exigia um aparato e conhecimentos que iam muito além do ato de ‘apontar e clicar’, existia todo um trabalho de revelação e ampliação... filmes, iluminação e tudo era muito rudimentar e pesado”, conta. 
“Quando restauramos uma imagem antiga é como devolver ao fotógrafo seu olhar original e sua forma de enquadrar o momento. Não será o tempo e o desgaste natural que destruirão seu valor original como um documento histórico”, empolga-se Maioli, falando da importância de seu trabalho e complementando que, com o passar do tempo, o frágil papel fotográfico acaba se deteriorando e desbotando, perdendo a vibratilidade e a viveza primitiva dos registros. 
“O processo de restauração começa com a digitalização, que é a captura da imagem, transformando-a em um arquivo digital. Para isso usa-se um scanner, ou bate-se uma foto do retrato antigo. Após, uso o Photoshop para eliminar as imperfeições, arranhões, rasgos, manchas, dobraduras e deformações. Para colorir, também utilizo o Photoshop e outros serviços online”, esclarece o florense, que acrescenta que se trata de um processo complexo e detalhado, que exige pesquisa e intuição para colocar cor onde antes não havia. 
Além disso, outros recursos são utilizados para reconstruir a face de um retrato, como o software Luminar NEO, por exemplo, que usa a inteligência artificial para equalizar, reforçar as cores e até inserir o céu em paisagens. Outra alternativa é o Topaz Gigapixel, empregado para ampliar e dar mais resolução aos registros, que ganharam ainda mais destaque com as publicações que o coach realiza em seu perfil no Facebook.
Sob o título “Imagem faz memória”, por meio do compartilhamento de fotos nas redes sociais, o florense possibilita que as pessoas comentem e complementem com informações, de forma colaborativa: “Busco estimular as pessoas a sentirem, vendo através das fotos os movimentos da história. Que sintam desde saudades de uma época, de uma pessoa, de um lugar. Que sintam orgulho de seus avós ou bisavós, de seus pais, amigos. Que sintam a nostalgia e que se surpreendam, pois, as imagens que em suas memórias eram em preto e branco agora têm cores”, emociona-se e acrescenta que se trata de um trabalho meticuloso, que exige sensibilidade e paciência, além de muita pesquisa e conhecimento técnico. 
“Cada fotografia que ganha vida e cores, enaltece o valor de nossos antepassados. Eles viveram para construir o progresso que hoje desfrutamos. Suas histórias, seus dramas e experiências, expõe um legado que nos inspira na necessidade de também deixarmos legados aos que virão, os mais jovens, por sua vez, são estimulados e estudarem sua própria história”, ressalta. 
E toda essa paixão é definida por ele como um prazer muito grande em ter a oportunidade de ver e proporcionar aos demais a sensação de um retrato antigo que ganhou vida. “Quando restauro uma fotografia, sinto abrir-se um portal no tempo. Olhar aqueles rostos e dar-lhes mais definição e beleza, traz à tona um sentimento de gratidão e reconhecimento. Olhamos com mais clareza para nosso próprio passado e percebemos o quanto mudamos e evoluímos”, conclui Maioli. 
Se você se interessou pelo trabalho de restaurações a nível profissional, pode entrar em contato pelo Facebook Ivo Maioli (Espaço Recrie-se) ou pelo e-mail ivomaioli@gmail.com.

Igreja de São Gotardo. - Arquivo Pessoal/ Divulgação  - Arquivo Pessoal/ Divulgação
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