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“Hoje se vai ao cinema para esquecer da vida”

Diretor de oito longas-metragens, entre eles Eu Te Amo, Eu Sei Que Vou Te Amar e Toda Nudez Será Castigada, o crítico e cineasta Arnaldo Jabor esteve em Gramado para receber uma justa homenagem.

Diretor de oito longas-metragens, entre eles Eu Te Amo, Eu Sei Que Vou Te Amar e Toda Nudez Será Castigada, o crítico e cineasta Arnaldo Jabor esteve em Gramado para receber uma justa homenagem. Na 40ª edição, o Festival concedeu a ele o troféu ‘Eduardo Abelin’. Nada mais coerente entregar o prêmio ao diretor do primeiro filme vencedor de um Kikito. O polêmico e censurado Toda Nudez Será Castigada – exibido em sessão celebrativa no dia 17 – agitou a estreia do Festival em 1973 e conquistou os prêmios de Melhor Filme e Melhor Atriz. “Estou de volta. Quarenta anos depois. Isso que é triste”, brincou Jabor, antes da apresentação do filme. “Estou felicíssimo de receber a homenagem desse Festival que nasceu da raiz do cinema brasileiro”, completou.

Adaptado de um texto de Nelson Rodrigues, Toda Nudez Será Castigada conta a história de um homem, que contrariando todos costumes da época, decide se casar com uma prostituta. Posteriormente, ela se apaixona pelo filho dele. “Eu gosto dele porque é um filme feito com muita garra e juventude. O filme foi também um reencontro com o óbvio e, mesmo sendo uma adaptação, é um dos meus filmes mais pessoais. Eu o prezo porque ele não envelheceu, apesar dos 40 anos”, destacou Jabor, que também é comentarista especial da Rede Globo.

Em Gramado, Jabor falou também sobre dirigir novamente. “Não sei se vou fazer filme de novo. Cinema é uma atividade barra pesada que oscila entre frustração e ansiedade”, diz. As dificuldades dos anos 1990, com o governo do então presidente da República Fernando Collor barrando as leis de financiamento para o cinema, motivaram o cineasta se afastar da sétima arte para se dedicar ao jornalismo, como articulista e comentarista. Em 2010, depois de 17 anos de jejum, retornou para trás das câmeras com A Suprema Felicidade, uma história de auto-ajuda. “Com esse filme percebi que o público mudou muito. Não existe mais o cinema analítico. Uma vez se ia ao cinema para conversar sobre o filme. Hoje se vai para esquecer da vida, para não pensar. A referência crítica, no sentido de entender uma situação e tirar uma opinião daquilo, ficou antiga”, argumentou o cineasta antes da entrega do troféu em sua homenagem.

Arnaldo Jabor foi homenageado com troféu Eduardo Abelin. -
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