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“Precisamos construir individualmente a nossa saúde”

A frase do médico urologista florense, Sandro Sozo, destaca a importância de campanhas como o Novembro Azul para conscientização e prevenção de doenças

O câncer de próstata é um dos mais comuns entre os brasileiros e a causa de morte de 28,6% da população masculina. No país, a cada 38 minutos um homem morre devido à doença. Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), para cada ano do biênio 2018/2019, foram diagnosticados 68.220 novos casos de câncer de próstata e cerca de 15 mil mortes por ano em decorrência dele no Brasil, o que representa 42 mortes por dia e aproximadamente 3 milhões de homens convivendo com o câncer.
Para esclarecer a importância das campanhas de conscientização e como o homem florense tem lidado com essas questões, o Jornal O Florense conversou com o médico urologista Sandro Sozo, que atua há mais de 25 anos no município.
De acordo com o especialista, as campanhas como o Novembro Azul são muito importantes, uma vez que vão além de propor uma reflexão sobre as questões da próstata, focam na conscientização para que o público masculino passe a adotar medidas de ganho de saúde. “Hoje, no Brasil, se constata que mais de 16 milhões de pessoas são diabéticas e o diabetes leva ao aumento do risco de doenças cardiovasculares e do câncer. Por isso, se nós vamos falar do Novembro Azul, precisamos utilizar essa questão do que podemos fazer para prevenir. Claro, podemos detectar a doença em um estágio inicial, mas, mais do que isso, podemos tentar prevenir essa doença”, frisou Sozo. 
Por isso, além de manter práticas saudáveis, realizar os preventivos anualmente, especialmente após os 50 anos, é fundamental do ponto de vista da detecção precoce. Nesse sentido, o médico destaca dois exames essenciais: a detecção do PSA (Antígeno Prostático Específico) que é uma dosagem feita através do sangue e, o exame de toque da próstata, que ainda é visto com preconceito por parte dos homens. “Quando preciso, outro exame importante avalia se há aumento do tamanho da próstata: a ultrassonografia ou a ecografia da bexiga e da próstata. Nele também verificamos se o homem está conseguindo urinar. Já a partir do exame do toque, se percebe se há nódulo na próstata, ou com o aumento do valor do PSA, então podemos fazer testes mais afinados, como uma ressonância magnética, que consegue identificar algum nódulo e a necessidade de realizar a coleta de material da próstata para biópsia e, a partir daí, definir o diagnóstico”.
No caso da detecção de um tumor, Sozo relata que quanto antes for descoberto, maiores serão as possibilidades de cura do homem. “O principal tratamento seria a retirada total da próstata, com chance de cura de mais de 90%,. Alguns pacientes que não ficariam curados no momento poderiam complementar com outros tratamentos. Não quer dizer que curou e é o fim da linha, mas se detectar no início, a retirada da próstata faz com que a grande maioria desses pacientes possa ser curados”, explica, ao mesmo tempo em que atenta para outro ponto que reforça ainda mais a importância das idas frequentes ao médico: o câncer de próstata, em sua fase inicial, pode não apresentar nenhum sintoma, estes começam a se manifestar quando o tumor cresce, uma vez que ele vai trancando o canal da urina, o paciente não consegue esvaziar bem a bexiga e passa a urinar aos poucos.
O urologista também alerta que, muitas vezes, a doença é confundida com outra, bastante frequente após os 50 anos, que é benigna, mas apresenta sintomas semelhantes, chamada de hiperplasia ou hipertrofia benigna da próstata. “São doenças que podem acontecer em momentos próximos, ou, associadamente, porque as duas ocorrem, geralmente, após os 50 anos de idade e isso conseguimos avaliar a partir de uma consulta, de exames e ter o diagnóstico”, diferencia Sozo, ao mesmo tempo em que explica que no caso das doenças benignas os tratamentos são pouco invasivos em comparação à retirada da próstata. 

Ganho de Saúde
A resistência de alguns homens em ir ao médico e realizar os exames preventivos, ainda pode ser notada. “Eu acho que talvez os mais antigos ainda tenham um certo preconceito, mas essa geração que está vindo o pessoal não tem muito essa questão, acho que tem mais medo de fazer o exame e encontrar algum problema”, brinca Sozo, ao mesmo tempo em que relata que as mulheres têm um papel fundamental na saúde do homem, uma vez que muitos acabam indo ao consultório porque as companheiras marcam e insistem.    
Apesar de outro fator de risco para o câncer de próstata ser o histórico, principalmente se o familiar manifestou a doença em idade mais jovem – que costumam ser tumores mais agressivos, antes dos 60 anos – o urologista destaca o que construímos no dia a dia como forma de evitar essas e outras enfermidades. “A epigenética, que é manter bons hábitos alimentares, praticar atividades físicas regularmente, realizar a manutenção de uma mente saudável, zelar pela espiritualidade e higiene do sono tem papel importantíssimo. Às vezes eu posso ter um gene que me favoreceria a alguma doença, mas se eu não der o estímulo para ele se desenvolver eu posso evitar isso”, enfatiza e revela estimular seus pacientes a buscar qualidade de vida e bem-estar. 
“Novas epidemias virão, novas doenças estão aí e eu acho que uma grande reflexão, uma mensagem que pode ficar é que precisamos construir individualmente a nossa saúde, precisamos ganhar saúde. A medicina, em geral, vai tratar a doença, mas, nós somos responsáveis por nós mesmos”, conclui. 

Sandro Sozo. - Karine Bergozza
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