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Alfredo Chaves: Um Alfredo Chaves que já foi centro e agora busca uma nova identidade

Localidade está voltada para o turismo enogastronômico

O Travessão Alfredo Chaves está localizado entre as cidades de Flores da Cunha e Nova Pádua. “Lugar de rica história, é uma vila própria para descanso dos admiradores do vinho, dos poetas, dos escritores, dos pensadores, de quem gosta de navegar nos braços da história, do sol e do vento”, relata o livro 125 Anos de Colonização do Travessão Alfredo Chaves.
Quando chegaram os primeiros colonizadores italianos, as terras pertencentes ao Travessão Alfredo Chaves, ainda estavam sendo traçadas. Todo o Travessão Alfredo Chaves, a partir de 1884, foi colonizado por imigrantes italianos. A quase absoluta maioria daqueles que tiveram sua origem identificada, são oriundos das regiões do Vêneto e da Lombardia situadas no Norte da Itália.
A denominação oficial do Travessão foi estabelecida pelo império. Uma justa homenagem prestada a Alfredo Rodrigues Fernandes Chaves, conhecido por Alfredo Chaves. Ele foi engenheiro e político brasileiro; Diretor Geral dos Negócios da Imigração, ainda em 1875; Ministro da Colonização no ano de 1878; Deputado Geral de 1881 a 1889; Ministro da Marinha entre 20 de agosto de 1885 e 12 de junho de 1886 e Ministro da Guerra nos anos de 1886 e 1887.
Segundo pesquisa do professor Ciro Mioranza, Alfredo Rodrigues Chaves, filho de Pedro Rodrigues Fernandes Chaves e de Maria Machado, era o penúltimo filho do casal. Provavelmente nasceu entre os anos de 1841 e 1844.
Conforme a pesquisadora e historiadora Gissely Lovato Vailatti, a comunidade do Travessão Alfredo Chaves construiu sua identidade cultural embasada na centralização de atividades e no empreendedorismo. “Desde o seu surgimento, situada ao longo de um trecho importante do caminho que ligava São Sebastião do Caí a Vacaria, era ponto de comércio e de pouso. Paralelamente, na mesma época que foi aberta essa estrada, no início dos anos de 1890, poucos anos após a chegada dos colonizadores italianos, também houve o estabelecimento de uma escola e a tentativa de estabelecimento de uma paróquia na comunidade”, conta. 
“A sede de Nova Veneza, como era conhecida a localidade, situada no entroncamento dos lotes rurais de número 15, 16, 17 e 18 em lotes medindo 40x40m cada, estava num ponto estratégico, na planura, especialmente para aqueles que realizavam a íngreme subida do vale do rio das Antas no sentido Antônio Prado-Caxias. Por isso, era inevitável a paragem para descanso tanto de homens, animais de carga ou comércio e isso favoreceu o desenvolvimento de diversas atividades econômicas”, informa Gissely.
De acordo com a historiadora, mesmo com a abertura, por volta de 1905, da estrada para Antônio Prado, passando pela vila de Nova Trento e Travessão Rondelli encurtando distâncias e facilitando o tráfego de tropeiros e carreteiros, provocando por consequência levas migratórias de empreendedores para o norte do estado, em direção aos lugarejos por onde estava sendo construída a estrada de ferro Rio Grande do Sul-São Paulo a partir de 1910. Ainda assim, a localidade manteve sua característica centralizadora, seja pela escola, moinho, fábrica de móveis, serraria, vinícolas, oficina, central telefônica, quadra de esportes, ou pelas casas de comércio, entre tantos outros. “O nascimento do roteiro turístico Caminhos do Alfredo é o parâmetro mais evidente desse processo. É como se o passado e o presente se reencontrassem novamente”, finaliza. 
Conforme Benedetto Ferrarini, que residiu na localidade por mais de 50 anos, outro ponto importante que serviu para alavancar a comunidade é o asfalto da estrada de Flores da Cunha/Alfredo Chaves/Nova Pádua, o qual facilitou muito a comunicação terrestre e o transporte dos produtos da comunidade – principalmente a uva e o vinho. Entre as reivindicações, a melhor sinalização e um redutor de velocidade no trevo de acesso à comunidade. “Muitos acidentes acontecem lá”, declara Ferrarini. 
 

 - Pedro Henrique dos Santos
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