Geral

Alfredo Chaves: Uma localidade além dos boatos

O Travessão Alfredo Chaves também é conhecido por fatos pitorescos

“O mais importante do Travessão Alfredo Chaves são as pessoas”, enfatiza Plínio Mioranza. “Eles construíram uma vida própria, de origem veneta. O Veneto (Itália) tinha um problema, sofria na época de excesso de população, pouco trabalho e famílias numerosas”, informa Mioranza. 
Dentre os defeitos e qualidades da localidade Plínio destaca: “O grande defeito de Alfredo é que o Estado nunca conseguiu se conectar com a comunidade efetivamente através de uma escola permanente. O maior traço negativo que nós temos é na comunidade escolar. A prova é que o hoje estamos sem a escola. Então as pessoas saem para se instruir e a tendência é não voltar mais”, relata em sua visão. 
Já o lado positivo é a comunidade ainda estar viva, “quase que por conta própria. Desde o início ela sempre lutou para sobreviver e isso segue até hoje”. 

O Baile dos Pelados e a Maldição da Vila

Não se sabe ao certo, mas conforme o padre Antônio Galioto em seu livro Nova Pádua e sua história, são dois boatos que fazem parte da história de Alfredo Chaves. “Boatos são boatos e sempre difíceis de confirmar, ainda mais quando são desagradáveis... mas correm de boca em boca e devem ter algum fundamento, pois não existe fumaça sem fogo, como diz o provérbio”, disse Galioto em sua obra.
O primeiro deles “é que teriam atirado ovos podres num padre, outros dizem no bispo, e isto porque não obtinham um padre fixo para o Alfredo Chaves. Onde, quando e quem ninguém sabe. Mas o Sr. Ângelo Arcaro, escreveu a respeito do Pe. Giuseppe C. Dalmazzi que teria tido problemas com esta comunidade, desagradáveis até, mas não diz o que... ficamos no boato...”, relata o livro.
O segundo boato aconteceu em data e em casa incerta. “Teria havido um baile, com pessoas completamente nuas, organizado por alguns “carbonari” que se instalaram no Alfredo Chaves. É claro que isso repercutiu muito e os padres só podiam gritar e não querer atender bem esta comunidade... tanto da parte de Nova Pádua, como de Nova Trento (Flores da Cunha). Por causa disto as mágoas e ressentimentos.”
No livro 125 anos da Colonização Italiana do Travessão Alfredo Chaves, esse boato é contemplado.  “O mesmo acontecia na casa de negócios de Constante Letti, onde também aconteciam bailes e teriam participado homens e até algumas mulheres das famílias mais abastadas da localidade e arredores. A maioria dos moradores, porém, disseram que nunca tinham ouvido falar no assunto ou que isso foi inventado por alguns outros que, assim como o clero, eram veementemente contra os bailes, muito comuns na Vila de Nova Veneza, especialmente motivados pela presença dos viajantes. Esse hábito se manteve muito expressivo pelo menos até a década de 1970”.
Conforme Plínio Mioranza, o Baile dos Pelados não existiu. “Foi uma criação fantasiosa. Na época, em um bar da localidade, os homens pelaram um bêbado e colocaram dentro de uma pipa de vinho para passar a ‘tchuca’. E colocaram ele pelado. Quando ele saiu, pegou sua roupa no meio de todo mundo, e ficou conhecido como baile dos pelados, já que o local era conhecido por seus bailes”, conta Mioranza – esse fato não está registrado em nenhum livro.
Mioranza relata que na Vila Veneza, em 1930 mais ou menos – data que o fato aconteceu – a localidade era um local que passavam os tropeiros e tinha pousadas, lugar para guardar as mulas e tinha os bares, um lugar de encontro onde se bebia, jogava carta, dançava, tinha mulheres. “Mas os padres não gostavam muito dos bailes. Na época, os padres, além de fazer o fato religioso, sabiam um pouco de tudo, eram apaziguador, um pouco médico, um pouco juiz, um pouco delegado. A influência sacerdotal era forte, porque só tinha ele”, informa Mioranza. 
Já a Maldição da Vila é contada no livro 125 Anos da Colonização Italiana de Alfredo Chaves: “Teria recaído sobre o desenvolvimento econômico da próspera Nova Veneza. É importante salientar que, nenhuma maldição teria sido tão poderosa quanto a conquista dos Nova Trentinos em conseguir uma nova rota para Vacaria por volta do ano 1905. Com a nova estrada, a Vila de Nova Veneza ficou aquém de todo o movimento de viajantes, condenando à estagnação todas as suas casas de negócios. “Os boatos eram, muitas vezes, alimentados pelos escrupulosos e por pessoas de alta formação religiosa, ditas cultas, mas de mente fraca, qualificando o divertimento como ação do capeta. Estas mesmas pessoas, cobertas pelo manto da escuridão, acariciavam as damas da noite. Faziam jus ao dito: Por cima a pele e por baixo o urso”. Os antigos falavam desse assunto “soto voce” (em segredo), esclareceu Plínio Mioranza”, relata o título.
 

 - Arquivo O Florense
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário