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Alunos da Escola Leonel Brizola terão aula no salão comunitário

Única escola de turno integral de Flores da Cunha foi a mais atingida com o temporal do final da tarde do dia 10. Ventos chegaram a 120km/h

O marco da transição entre as altíssimas temperaturas e um clima relativamente mais agradável se deu de forma assustadora em Flores da Cunha. No final da tarde do dia 10 de fevereiro um temporal de alguns minutos foi suficiente para destelhar moradias, escolas e causar danos na produção agrícola e em empresas. Entre todos os prejuízos, o estrago na Escola Municipal Leonel de Moura Brizola foi um dos mais severos, já que a maior parte do telhado terá de ser trocada. A instituição atende, apenas em turno integral, 110 alunos e 180 ao todo.

O prefeito de Flores da Cunha, Lídio Scortegagna (PMDB), afirma que as aulas não serão prejudicadas e começarão com as outras escolas da rede municipal, no dia 17 de fevereiro. Para isso, os alunos serão acomodados no andar inferior do prédio, onde eram realizadas as atividades do turno integral. Já o turno integral terá aula no salão comunitário do loteamento Pérola, porém, não haverá almoço – as crianças almoçarão em casa e retornam à tarde, explica a secretária de Educação, Cultura e Desporto, Ana Paula Zamboni Webber.

Além disso, a Escola Estadual Horácio Borghetti, que também teve avarias no prédio após a tempestade, ofereceu salas em empréstimo ao município. Lídio acredita que não seria necessário, mas se for, a prefeitura se responsabilizará pelo transporte. O gasto para reparar a parte danificada do telhado terá custo aproximado de R$ 86 mil, de acordo com os orçamentos encaminhados pela administração. O conserto será contratado com dispensa de licitação por se tratar de obra emergencial.

Alguns reparos serão feitos no telhado da Escola Tancredo de Almeida Neves. Somando todos os custos para fornecimentos de telhas e contratações, o prefeito estima que o município terá de investir cerca de R$ 200 mil. Na Escola Estadual São Rafael a prefeitura auxiliou na retirada de árvores que caíram sobre a fiação elétrica, na Rua Dr. Montaury.

Além das escolas, o loteamento Pérola e o bairro União registraram destelhamentos de diversas moradias. Maria de Fátima Borges Padilha, 52 anos, moradora de uma casa popular do União, dividiu um pequeno quarto com as três filhas e o marido na noite de segunda para terça-feira. O quarto do casal foi atingido pela chuvarada. No momento do temporal não havia ninguém na residência.

Com a ajuda da filha mais nova Maria de Fátima ocupa as manhãs para tentar colocar em ordem a casa, já que à tarde trabalha fazendo faxinas. Na manhã de quarta, dia 12, o varal estava cheio de roupas – foram lavadas porque estavam no armário atingido pela água. Ao abrir a gaveta, farelos caem, indicando os danos que a água causou à madeira. No telhado, lonas pretas preenchem as lacunas deixadas pelo vento.

Vizinha de Maria de Fátima, Rosália Maria da Conceição, 65 anos, integrou o grupo de moradores que receberam o primeiro lote de telhas fornecido pela prefeitura na tarde de ontem, dia 13. Ela lembra que estava sozinha em casa no momento da chuva e que se apressou em guardar as coisas em armários para evitar estragos. “Eu guardava as coisas e chorava”, recorda Rosália. Ela teme que volte a chover já que em um os quartos há água acumulada sobre o forro de PVC, que pode ceder a qualquer momento.

Prejuízos em família

Os poucos minutos de duração da chuvarada de segunda (10) foram suficientes para que o agricultor Valdir Rech, 48 anos, de São Cristóvão, perdesse parte de sua produção de uvas distribuída em 3 hectares. Ele estima que cerca de 5 mil quilos não possam ser aproveitados em função da queda de meio hectare de parreiral, que não resistiu ao forte vento e caiu. O restante das plantas não caiu porque estava seco, já que em setembro, uma forte geada levou 33% da produção, em torno de 18 mil quilos da variedade Isabel. Para esta perda o seguro cobre 50%, porém, apenas ao término da colheita. Rech, que encaminha as frutas para a Cooperativa Nova Aliança, planejava retirá-las das videiras no fim de fevereiro.

Foto/Gesiele Lordes

Rech lamenta a perda estimada de 5 mil quilos da fruta; seguro cobrirá 50%.

Se a estimativa de quilos perdidos se confirmar, o prejuízo deve chegar a mais de R$ 3 mil, além dos danos que Rech teve em duas casas que aluga no loteamento São Pedro. Além disso, a casa da irmã, Delícia Rech Mazzorotto, 58 anos, que também mora no São Pedro, ficou destelhada.

Não muito longe do parreiral, a plantação de milho do agricultor e irmão de Valdir, José Rech, 47 anos, também foi afetada. Ele acredita ter perdido cerca da metade da produção, o equivalente a 1,2 mil quilos, ou mais ou menos R$ 2,5 mil. O produto seria usado para consumo próprio e vendido para moinhos. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua, foram registradas duas quedas de parreirais. Além de Valdir, o subprefeito de Mato Perso, Gelson Dalla Rosa, também precisou reerguer parte das videiras.

No comércio, perda de R$ 50 mil

Diferentemente dos outros irmãos, Germano Rech, 52 anos, trabalha com foco no comércio de móveis. Apesar de seus produtos não estarem tão expostos às intempéries, o empresário teve que colocar três caminhões de mercadorias no lixo, entre sofás e colchões para cama box. Com o vento, parte da parede frontal do pavilhão localizado em São Cristóvão caiu. Os móveis que não foram danificados pela água da chuva acabaram rasgando com a queda dos tijolos. “O ruim é que o vento foi e voltou. Por aqui pegou tudo”, lembra o proprietário do Salvados Flores da Cunha.

Ventos chegaram a 120km/h

Os ventos que acompanharam a chuva que atingiu Flores da Cunha por volta das 17h15min do dia 10 muito provavelmente passaram dos 120km/h, de acordo com apuração da Metsul Meteorologia. O fenômeno deve ter ocorrido devido ao forte calor e à grande quantidade de umidade presente na atmosfera. Em geral, este tipo de chuva ocorre em áreas isoladas (por isso outras cidades da região não foram tão afetadas quanto Flores da Cunha), entre a tarde e a noite, porém com ventos mais fracos.

O bloqueio atmosférico contribuiu de forma indireta para o temporal já que impede a chegada de frentes frias e, consequentemente, gera o acúmulo de ar quente que se transforma em nuvens carregadas. O bloqueio entre o Rio Grande do Sul e Uruguai perdeu força desde ontem e deve se instalar entre a Bahia, o Espírito Santo e Minas Gerais. Volta a chover no Estado hoje. A previsão para os próximos dias fica com máximas em torno de 27ºC. Apesar do fim do verão ser quente, a sensação térmica deve ser mais agradável a partir dos próximos dias.

Foto/Antonio Coloda


Telhado da Escola Leonel Brizola terá de ser trocado devido à intempérie. - Antonio Coloda
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