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Bairro: Das videiras, um museu para contar a história

Orfeu João Conz fala com orgulho das terras que herdou do seu bisavô, Agapito Conz

Denominado como Videiras pela nova lei dos Bairros em 2017, o bairro com quase 1.943 mil m² de área é divido em duas partes: o loteamento Videiras, construído em 2011, onde abrange a Associação dos Motoristas – com entrada pelo bairro União; e o loteamento Conz, que hoje possui 20 famílias e tem acesso pela Avenida 25 de Julho, acesso Sul.  
Mas, a denominação do nome ainda é questionada por Orfeu João Conz, 80 anos, que alega não ter nenhuma ligação – nem territorial, nem histórica – com os dois loteamentos. “Como não tem nenhuma rua que liga os dois, fica bem complicado. Tem gente que entra aqui querendo chegar lá e é preciso dar toda a volta e ir pelo União. Não tem muita lógica”, contesta. 
Tirando isso, a localidade tem muita história para a família Conz, que vêm desde o bisavô de Orfeu, Agapito Conz. Vindo da Comuna de Belluno, na Itália, Agapito chegou em Nova Trento em 3 de março 1878, tendo adquirido o lote de terra número 48 com 25.599 metros quadrados – esse lote recebeu sua escritura definitiva após 10 longos anos trabalhando para quitar as parcelas.
Agapito foi conselheiro municipal representando o distrito de Caxias do Sul, então Nova Trento, cargo que ocupou de 1890 a 1896 por prestigio e confiança adquirido junto à comunidade – esse cargo representa hoje o que é um vereador municipal. “Minha família tem uma ligação grande com São Cristóvão. Lá fizemos parte dos fundadores”, conta Orfeu, que antes da nova lei dos bairros, em 2017, sempre se fez presente no bairro vizinho – e continua fazendo, o clube de São Cristóvão leva o nome de Orfeu Conz, uma homenagem pelo seu trabalho prestado. 
No local onde reside atualmente, na terra de seu bisavô, Orfeu conta que a perseverança da família fez com que eles ficassem com suas terras. “A gente passou por bocados meio brabos, mas hoje eu estou bem feliz, lutamos e conseguimos. Passamos momentos errados aqui, para sobreviver e manter esse capital. Quantas vezes passou pela cabeça vender isso aqui como muitos venderam. Mas valeu a pena”.
E para seguir preservando a origem da família, Conz construiu um museu, restaurando a casa construída por seu bisavô. “Eu enfrentei muitas barreiras para reerguer a casa e ter o que temos hoje”, declara Orfeu, que agora conta com os filhos para dar continuidade ao legado. “A história não é só no papel, ela está aí para ser vista”, declarou falando do museu que compreende os cômodos com todos os móveis, além de ferramentas. “Vem à tona uma vida, a luta que eles tiveram para sobreviver, sem recurso nenhum, sem luz, sem nada. Inclusive tem a gruta que construí ao lado que é uma ligação. Se não tivesse tido fé eles não teriam sobrevivido”. 
A casa restaurada possui 150 anos e a estrutura permanece a mesma: “esta foi a segunda casa que meu bisavô fez. A primeira foi levada por um temporal”, conta.
E seguindo os passos da família: “o meu avô, Tarcilo, foi fundador da cooperativa São Pedro, em 1930, e depois eu fui presidente por 19 anos”, conta Orfeu que, na política, foi suplente de vereador por duas vezes. “Tá no sangue”, finaliza.

Orfeu Conz e a esposa, Maria Montovani Conz. - Gabriela Fiorio
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