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Colono e Motorista: A paixão pela terra e a permanência dos jovens no interior

Tarlice Sandi, de 38 anos, deixou a área urbana para trabalhar com o cultivo de uva

Natural do município de Alecrim, no noroeste do Rio Grande do Sul, próximo à fronteira com a Argentina, há 22 anos Tarlice Sandi trocou os pampas pela Serra Gaúcha. Ao chegar no município de Flores da Cunha ela atuou na área urbana pelo período de cinco anos e, após, dedicou outros dois anos ao Dona Adélia Hotel e Restaurante, em Otávio Rocha, até migrar para a agricultura. 
Hoje, aos 38 anos, ela trabalha com o cultivo de uva nos 7,5 hectares de parreiras que possui, juntamente com o marido, Marcio Sandi, na Capela São Francisco, em Flores da Cunha. Tarlice conta que é produtora há 12 anos e começou por incentivo do esposo, ainda na época de namoro. 
“Fui trabalhar na cidade, mas, eu não gosto, gosto de estar na agricultura, não voltaria para a cidade de jeito nenhum. Se, por acaso, vendesse onde moro eu iria comprar uma chácara só para lidar com a terra de novo, é um amor pela agricultura. A gente cultiva desde a nossa horta, o nosso pomar, os ovos, cuida dos bichinhos, a gente tem tudo”, alegra-se, acrescentando que deixou o município de Alecrim para estudar, uma vez que pertence a uma família de sete irmãos e todos saíram da terra natal em busca de mais oportunidades. 
Oportunidades que ela encontrou no meio rural e, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas, orgulha-se do que faz e da importância de seu trabalho: “O desafio da mulher na agricultura é conseguir se manter na agricultura. Infelizmente tem pouco apoio, precisaria mais na parte dos governantes e de todos, o produto da gente não é bem valorizado como deveria ser. Quem trabalha com produção tem um desafio a cada dia, porque se não é chuva excessiva, é seca ou granizo”, desabafa, e pensa que, justamente essa falta de incentivo, desmotive os adolescentes a continuarem no interior. 
“Muitas vezes os jovens não ficam na agricultura porque eles veem que tem pouco apoio e vão buscar esse apoio em outro lugar. Então eles acabam não ficando, eles veem o que os pais passam e não querem passar pelas mesmas coisas, por isso, eles vão em busca de outros trabalhos. São poucos os que ficam, porque é um desafio muito grande”, emociona-se Tarlice, que tem uma filha de 11 anos, e acredita que ela não permaneça na colônia quando crescer. 
Mesmo assim, a produtora segue confiante e honrada com seu trabalho: “Que sejamos persistentes, porque a agricultura é tudo para nós e não podemos abandoná-la de jeito nenhum. É a gente que planta para dar comida para aqueles da cidade, e isso é um orgulho para nós”, finaliza.

Tarlice Sandi acredita que o maior desafio, hoje, é conseguir se manter na agricultura. - Karine Bergozza
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