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Conselho Tutelar investiga suposta venda de drogas em linha de ônibus escolar

Fato teria sido registrado na primeira semana de agosto dentro de ônibus que faz o trajeto entre o Centro e o interior de Flores da Cunha

Um filho que chegou em casa falando sobre um “pozinho branco para deixar todos felizes” chamou a atenção de uma mãe do interior de Flores da Cunha no início de agosto. O rapaz, que estuda à noite em uma escola da área central do município e utiliza o transporte escolar, relatou à mãe que um homem desconhecido esteve no ônibus oferecendo drogas, supostamente cocaína, para ele e os colegas. No dia 6, a mulher contatou o Conselho Tutelar para formalizar a denúncia. Conselheiras investigaram o caso, porém, não constataram novamente o fato. Os nomes de todos os envolvidos e o da linha escolar foram preservados pela reportagem do O Florense.

Segundo o relato feito ao Conselho Tutelar, o homem que entrou no ônibus não era estudante. Ele ofereceu o “pozinho” e afirmou que poderia ser encontrado fora dali, geralmente em festas realizadas no interior do município. Depois de ouvir a mãe e o filho, as conselheiras contataram o proprietário da empresa que presta o serviço e o condutor da referida linha. O dono da transportadora disse que os funcionários são orientados a não darem carona para pessoas estranhas. “Conversei com o motorista e ele confirmou que, naquele dia, havia parado para o homem embarcar. O motorista disse que não viu nada dentro do veículo”, contou, por telefone, o empresário.

De acordo com relato das conselheiras que receberam a denúncia, o jovem afirmou que o suposto traficante teria pedido aos estudantes se havia bebida alcoólica no ônibus. Depois, ofereceu o “pozinho”. O dono da empresa disse que já tomou providências para evitar as caronas indevidas. O Conselho Tutelar pretende encaminhar o assunto para as autoridades competentes. Ontem, quinta-feira, o tenente Vilmar Oliveira, da 2ª Companhia da Brigada Militar (BM), frisou que desconhecia a ocorrência. “Trabalhamos com denúncias e, até então, nada chegou ao nosso conhecimento. Temos feito um trabalho preventivo nos ônibus escolares à noite devido a algumas brigas que têm sido registradas”, explicou o oficial.
A titular da Secretaria de Educação, Cultura e Desporto, Claudete Gaio Conte, também se mostrou surpresa com a denúncia. “A responsável pelo transporte escolar ficou sabendo disso porque o Conselho Tutelar teria procurado a empresa. O empresário ligou para a secretaria e disse que o motorista não teria visto nada. O condutor teria falado com alguns estudantes que também não visualizaram nada”, disse a secretária. Claudete reforça que a orientação repassada às empresas é de que a carona é expressamente proibida. “Eles não têm autorização para isso”, reforça.
O trabalho do fiscal do transporte, que também é motorista da Secretaria da Saúde, consiste em verificar o funcionamento das linhas. “Algumas necessitam de maior fiscalização, outras não. Essa linha para o interior, da denúncia, será acompanhada por ele. A informação que tenho é que o suposto homem não teria mais pedido carona desde a comunicação ao Conselho Tutelar”, explica Claudete. Ela salienta que faz reunião com os responsáveis pelas empresas periodicamente. Desde o início do ano foram feitos dois encontros, e outros dois devem ser realizados até dezembro. “Esse é um assunto que terá de entrar na pauta, assim como as caronas. Ressalto que todos estão avisados sobre a proibição”, afirmou.

Excesso de passageiros e transporte de estranhos

Durante duas semanas a reportagem do O Florense acompanhou o transporte escolar em Flores da Cunha. Rotas consideradas mais críticas por dois empresários do setor que preferiram não se identificar foram verificadas. A principal constatação, principalmente nos horários de saída do turno da tarde, é o excesso de passageiros em determinadas linhas – não todas – e o transporte de pessoas que não são estudantes. Na maioria dos dias foi constatado que a capacidade dos veículos é excedida, no mínimo, em 10 pessoas.
Uma preocupação pertinente de um dono de empresa é a segurança dos alunos. “Eu tenho seguro dos meus veículos. Mas se um ônibus superlotado se envolver em um acidente a seguradora não irá me ressarcir porque eu estou ilegal. Quem irá pagar o prejuízo? Quero que o fiscal atue mais intensamente junto às empresas”, provoca o empresário. Ele cita ainda que um motorista de determinada empresa foi agredido durante o trabalho, à noite, dentro do ônibus. “Ele tentou separar uma briga e acabou apanhando”, revela.

Segundo a secretária de Educação, Cultura e Desporto, Claudete Gaio Conte, o fiscal do município acompanha, desde o registro da agressão, a linha citada. “Não temos um fiscal para cada ônibus. O profissional que trabalha conosco sempre participa das reuniões, está inteirado dos assuntos. Sempre que acionado ele comparece na secretaria. Acho que uma pessoa é suficiente”, pondera Claudete. Ela diz que a questão da superlotação é acompanhada desde o início do ano, quando algumas reclamações foram divulgadas por vereadores. “Trabalhamos para fazer o melhor possível. Temos de contar com o bom senso dos motoristas das empresas. Não autorizamos ninguém a dar carona para evitar problemas. A responsabilidade também é das empresas”, constata.

Uma cobrança que a secretária pretende fazer aos empresários na próxima reunião é com relação às planilhas entregues mensalmente. “As planilhas que recebemos aqui não têm superlotação. Eles (empresários), até então, nos passam esses números. Um fato importante que deve ser colocado é que recebemos alunos novos a cada semana. As licitações do transporte escolar são feitas para um determinado número de alunos. A partir do momento que nós constatarmos que determinada linha precisa ser ampliada, vamos abrir uma nova licitação”, diz Claudete. Atualmente, 32 ônibus escolares percorrem diariamente 3.344 quilômetros em Flores da Cunha, o que gera um custo diário de R$ 8,3 mil aos cofres públicos. Somente da rede municipal e da educação infantil do Estado são transportados 2.391 alunos no município.

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