Das belas paisagens a mesa farta: Um brinde ao turismo de Flores da Cunha
Visitantes buscam experiências que mesclam as raízes da tradição italiana com a contemporaneidade
Seja pelas belezas naturais, por ser conhecida como a maior produtora de vinhos do Brasil, pela farta gastronomia, pela fé herdada dos imigrantes italianos, ou pela soma de todos esses elementos, o fato é que, ano após ano Flores da Cunha tem se fortalecido como destino turístico e atraído milhares de pessoas.
Prova disso é um dos reflexos do cenário pós-pandemia: o crescimento de visitantes na Terra do Galo. Conforme o enólogo Felipe Bebber, entre o fim de 2020, início de 2021, os turistas se surpreenderam com a qualidade do que encontraram e estão retornando à região que, agora, conta com novos atrativos: “Sem sombra de dúvidas, a nossa região vai estar entre uma das mais visitadas, se falando em enoturismo no Brasil”, empolga-se Bebber, acrescentando que, hoje, os turistas buscam uma conexão com o espaço e a gastronomia, uma experiência completa.
O sócio proprietário da Vinícola Bebber explica que esse ponto de vista também é notado em seu empreendimento, mesmo que ele tenha pouco mais de 24 meses de atuação: “As pessoas querem visitar vinícolas, fazer degustação, realizar suas compras, mas também querem um espaço, um ambiente, onde possam se conectar com o que o produtor produz de melhor e, pensando nisso, temos aliado fortemente a gastronomia. Desde abril deste ano passamos a oferecer um menu harmonizado, além do nosso já conhecido Wine bar, que está em funcionamento desde 2021”, ressalta o presidente dos Altos Montes.
A criação de rotas turísticas também auxilia os empreendimentos e o próprio município a fazer do turismo uma fonte de renda. “Elas beneficiam muito, especialmente os pequenos empreendedores que, muitas vezes, não tem como se apresentar, se promover. Mas, criando uma união entre empreendimentos, a gente consegue ter mais visibilidade e o poder de atrair mais visitantes. Uma rota dentro do município aumenta a capacidade de divulgação, amplia a promoção de determinada localidade e, de fato, vai atrair mais visitantes, vai conseguir ter uma performance melhor e isso reflete em mais renda, em propriedades que a gente talvez nem pensasse que trabalhasse com turismo diversificando sua renda e somando para o município”, conclui o empresário.
Quem também valoriza a expansão das rotas turísticas é o enólogo Edegar Scortegagna. De acordo com ele, o município tem se posicionado bem neste cenário e, cada vez mais, fazendo com que o turista se aproxime por meio de atrativos. “Não é porque eu estou ali, mas a Luiz Argenta é um dos empreendimentos que atrai muitos turistas para Flores da Cunha, e isso acaba ‘respingando’ para os novos locais, o que é muito bom porque fomenta tudo. Inclusive quando os visitantes vêm, depois voltam e falam para os outros ‘olha, não tem só a Luiz Argenta, tem outros lugares interessantes para visitar’, e com isso vai aumentando o número de turistas”, conta Scortegagna.
Por outro lado, o empresário atenta que é preciso ter cautela na expansão das rotas turísticas e criação de novas: “Cada rota precisa ter a sua identidade, precisa ter uma característica específica, que quando o turista vem ele se sente não só bem atendido, mas vivendo uma experiência diferente. Lá no Caminhos do Alfredo, por exemplo, é muito diversificado, tem desde espaços gastronômicos, indústria de alimentos, de sucos, vinhos, natureza. E rotas que focam mais no tradicional, na imigração italiana, como é o Compassos da Mérica e Otávio Rocha Vila Colonial, além de outras”, detalha o presidente da Rota Turística Caminhos do Alfredo, lembrando que, na medida em que novas rotas são criadas, a venda recebe incentivos e os visitantes utilizam serviços como alimentação, combustível, roupas, o que também acaba aumentando o movimento financeiro na cidade. Reflexo que ele sente em seu empreendimento, a Gran Nero Presunto Cru.
E por falar em serviços, Scortegagna acredita que Flores da Cunha esteja conquistando os turistas por ser uma cidade mais calma, onde é possível encontrar um turismo mais autêntico, sem tanto apelo comercial de lojas e restaurantes, como em Gramado e Bento Gonçalves, por exemplo. Mas se essa exclusividade toda é oferecida pelas rotas, por outro lado, deixa a desejar quando o quesito é hospedagem: “Poderíamos aproveitar muito mais o turista se nós tivéssemos mais hotéis e restaurantes disponíveis”, defende o enólogo.
Ponto de vista que é compartilhado pelo gerente do Letto Hotel, Lincoln Rocha, que acredita que o município deveria contar com mais opções para pernoite. “Só temos nós, o Fiorio e algumas hospedagens alternativas, muitos turistas acabam ficando em Caxias do Sul. No meu ponto de vista deveríamos ter mais leitos de hospedagem e se tivesse mais hotéis, com certeza, atrairia mais turistas”, revela, acrescentando que não enxerga a possibilidade de novos hotéis como concorrência, pelo contrário, acredita que seria benéfico.
De acordo com o vice-presidente do Conselho Municipal de Turismo (COMTUR), os locais mais procurados pelos turistas são as vinícolas e o roteiro que vai para Nova Pádua. “O público que vem aqui para o hotel, 80% é para trabalho. A maioria vem de Porto Alegre, e uma outra parte dos grandes centros, São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro. O pessoal que vem a lazer, famílias a passeio, geralmente são pessoas de regiões mais próximas, mas está aumentando, tem um grande volume de pessoas do Nordeste e está começando a vir muita gente de São Paulo e Brasília. Grande parte do movimento é em função da Festa da Vindima, época da colheita, de janeiro a março. Os feriados nacionais também tem uma grande procura, o de maior destaque é o de Corpus Christi, em função dos nossos tapetes”, detalha Rocha.
“O que eu vejo do cenário turístico de Flores da Cunha é que é uma cidade bem peculiar, uma cidade bem estruturada, limpa, que está atraindo um público diferenciado e buscando uma qualidade melhor no turismo, e não é um turismo de massa. Flores da Cunha, a cada ano que passa, está criando novos empreendimentos e isso tem atraído um público de grande nível”, destaca o vice-presidente do COMTUR.
Atrações para todas as idades, que abraçam famílias inteiras, crianças, idosos, casais e até pets. “Desde 2020 cresceu muito a oferta e estamos com muitos atrativos em Flores da Cunha. Hoje a gente não pode mais dizer ‘não tem nada para fazer em Flores’, não. Nós temos muitas coisas para fazer e que atendem todas as idades”, declara a presidente do COMTUR, Vania Branchini Muraro.
Segundo a empresária, o número de turistas que visita o município tem aumentado consideravelmente, prova disso são os hotéis que apresentam, em grande parte do ano, boa lotação: “Temos empresas grandes que trabalham com turismo que estão trazendo muitos eventos para cá, e nesses eventos muitas pessoas precisam se hospedar, e acabam utilizando e aproveitando todos os outros atrativos, não só o evento que vieram participar”, revela Vania sobre como o município está sendo descoberto pelos visitantes que, em sua maioria, buscam em Flores da Cunha autenticidade, simplicidade e uma experiência única, repleta de aconchego.
E foi pensando em fortalecer esses pilares que trazem o turista para a Terra do Galo, que a linha de frente da Colônia Muraro inaugurou, há menos de um mês, um bistrô supercharmoso em seu empreendimento. “Buscamos um turismo de experiência, realmente, onde eles sintam a hospitalidade que a gente oferece, tendo o contemporâneo, mas não deixando de mostrar o que é nosso típico italiano e as nossas origens, nunca esquecendo isso. A raiz do nosso empreendimento, do turismo, é a imigração italiana”, finaliza a presidente do COMTUR.
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