Dia da Mulher: Maquiando as dificuldades
Conheça a história da cabeleireira Elizabete Granzotto, que enfrentou inúmeros desafios para se transformar na mulher que é hoje
É praticamente impossível conversar com Elizabete Granzotto, a Bete, e não se contagiar com seu alto astral, energia e felicidade em viver a vida, mesmo depois de já ter passado por muitas dificuldades ao longo de seus 57 anos.
A florense, que há 19 anos é proprietária do Eliza Beauty Espaço da Beleza, conta que a ideia de ter um salão surgiu depois de trabalhar no comércio local por anos e decidir que era hora de investir em algo novo. Nesse momento, ela teria lembrado de seu pai, que havia lhe dito para ter um instituto de beleza – como era chamado na época – e resolveu ingressar na área.
“Teve dias que nem dinheiro eu tinha para ir a Caxias. Chegava de tarde e uma cliente marcava um horário para fazer uma unha, aí eu tinha esse dinheirinho para ir e fazer o curso. Foi bem puxado porque eu tinha a minha filha pequena. Aos poucos acabei montando um salãozinho no porão da minha casa que perdurou por 15 anos”, revela a cabeleireira que, há mais de 4 anos, passou a atender em outro endereço, no bairro São José.
Além das dificuldades iniciais para ter seu próprio empreendimento e conquistar clientes no “boca a boca”, Bete foi diagnosticada, aos 46 anos, com um tumor no intestino. “Foi um tapete que tiraram debaixo dos meus pés, mas, como eu tinha uma filha para criar, a primeira coisa que eu disse para o médico foi: eu não posso morrer, eu tenho que terminar de criar a minha filha, de ver ela estudar, se formar. Não tive a oportunidade de ver ela casar ainda, mas se Deus quiser ainda vou ter. E quero netos”, emociona-se.
A profissional destaca que, como sempre gostou muito de seu trabalho, atribui a ele e as pessoas que ama, estar viva e com saúde. “Quando fui para casa do hospital, após a cirurgia, com 30 pontos na barriga, eu trabalhava”, orgulha-se a esteticista que superou a doença há 12 anos e é apaixonada pelo que faz. “Eu digo sempre que nós precisamos da remuneração para sobreviver, mas, não há dinheiro que pague ver a pessoa ficar feliz com o seu trabalho. Se não precisasse do dinheiro, eu faria de graça, porque só pelo fato das clientes se sentirem satisfeitas já é um pagamento, é a maior gratificação”, evidencia.
No entanto, os obstáculos no trabalho e o câncer não foram os únicos enfrentados pela florense naquele momento. Em meio a tudo isso ela também passou por um processo de separação, durante sua recuperação, e perdeu sua mãe, a qual era muito ligada. De acordo com ela, o falecimento foi (e ainda é) mais impactante do que a própria doença.
“Hoje estou muito bem, graças a Deus que nada dura para sempre. Enquanto eu fazia o tratamento eu dizia que lá no fundo do horizonte, em cima das nuvens, ainda tinha o céu azul, e realmente foi o que aconteceu comigo, depois da tempestade, abriu o céu azul”, frisa a esteticista, sempre confiante.
Além de fazer penteados e mechas, cortar o cabelo, pintar, fazer unha, depilação, maquiagem definitiva e muito mais – porque se fosse apenas maquiagem e cabelo ela não teria conseguido se manter em meio à pandemia – Elizabete também faz academia, há 10 anos é contralto no Coro Municipal de Flores da Cunha e tem feito o maior sucesso no TikTok, ao lado da filha, Roberta, responsável pela produção dos vídeos divertidíssimos e divulgação nas redes. “Eu fiz um que tive que gravar até no banheiro, no chuveiro, com toalha na cabeça, me jogando no chão, com os boletos caindo por cima, muito legal, esse foi um dos que eu mais gostei”, empolga-se e reflete que os vídeos são uma forma de retratar a realidade que, de forma geral, está difícil. Segundo a florense, a ideia das produções surgiu na pandemia e, embora tenham dado uma pausa por conta do trabalho, elas pretendem continuar. “Assim que der um tempinho nós vamos fazer, com certeza, porque eu vou nos lugares e as pessoas pedem por que não estamos mais fazendo os vídeos”.
A cabeleireira também deixa um conselho às mulheres, no dia dedicado a elas: “Vamos, mexam-se, ergam-se, façam uma atividade física, mantenham a autoestima boa, passem um batom. Façam o que vocês gostam, arrumem um trabalho prazeroso e vamos adiante porque nós mulheres, hoje, temos um espaço muito maior na sociedade do que antigamente”, enaltece Bete, que finaliza dizendo que, na verdade, todo dia é dia da mulher.
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