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Dia do Professor: uma família que faz a diferença

Vitório é diretor da Escola Estadual São Rafael. Pedro comanda a Escola Estadual Professor Targa. Neiva é supervisora no São Rafael. O que os três têm em comum?  São todos da mesma família e responderam sim à missão de ser professor. Vitório é irmão de Pedro e casado com Neiva. Pedro também é casado com uma professora, Wani, que está aposentada e lecionou durante 33 anos. Os dois, inclusive, se conheceram dentro de uma escola. Neste sábado, dia 15 de outubro, é comemorado o Dia do Professor e a família de educadores conversou com a reportagem do Jornal O Florense sobre as experiências, as diferenças e os desafios na transmissão de saberes.

Os irmãos Pedro e Vitório Dal Cero nasceram na região Noroeste do Estado e tem histórias parecidas na educação. Pedro, 65 anos e 40 dedicados ao magistério, é formado em Filosofia e para continuar os estudos entrou no seminário. Apesar dos pais analfabetos, o incentivo para estudar vinha de família – dos 10 irmãos, cinco são professores. Desistiu do seminário e passou a dar aulas com o intuito de “mostrar valores”. Inspirado pelos irmãos, Vitório, 53 anos e 28 em escolas, formou-se em História e também passou a lecionar. Dirigiu escolas em diversas cidades e até um educandário indígena.

Em 2007, diante de novas perspectivas e melhor qualidade de vida, Pedro mudou-se para Flores da Cunha para ser diretor da Escola São Rafael, e depois foi para a direção da Professor Targa. Incentivado pelo irmão, três anos depois, Vitório veio para o município para trabalhar no mesmo colégio do irmão, entretanto, acabou sendo diretor da São Rafael. A esposa Neiva Zanatta, 49 anos e 21 de magistério, veio junto. Formada em Letras e também de uma família de professores, passou a lecionar no São Rafael.

Juntos, até hoje, eles enfrentam as delícias e os desafios da profissão. “É uma das melhores profissões, pena que não se dá o real valor para a educação. Sonho com um mundo diferente em que a aprendizagem seja incentivada”, diz Pedro. Para ele, o que mais motiva no dia a dia é a realização dos alunos. “Existem frustrações, mas tu olhas e vê os alunos se formando e percebe que foi um sinal de luz na vida deles”, cita Pedro, que é complementado por Vitório: “é uma ação, um esforço e um conhecimento para a transformação de alunos em cidadãos”. Para Neiva, apesar das frustrações, existem muitas compensações. “Alguns estudantes avançam pouco, mas outros têm 100% de mudança e você percebe que ajudou a construir isso. A profissão é um dualismo e um desafio diário”.

Diferença

O modo de ensinar também evoluiu. Conforme Neiva, a educação não é mais apenas formal, mas também informal e cabe ao professor mediar as influências múltiplas. “O desafio hoje é mediar os conflitos, pois se espera uma formação social e pessoal de conhecimentos. E a sociedade cada vez exige mais dos professores”, aponta a professora. Para Pedro, ao longo da carreira “temos que estar aprendendo o tempo todo, porque muitas vezes ensinamos como aprendemos e talvez isso não esteja certo”.

Para encarar os desafios da profissão, a família leva com bom humor e aposta na qualidade de ensino em Flores da Cunha, com índices satisfatórios e projetos reconhecidos. “O que eu não recomendo é um casal professor com o salário que o estado paga hoje”, brinca Neiva. E para o futuro? Os três são enfáticos em apontar a valorização salarial e uma postura governamental que adote projetos apartidários, preocupados com a qualidade do ensino e com propostas sugeridas pelos profissionais.

Sobre o gosto em comum da família pelo ensino Pedro dá a resposta: “A educação pode fazer a diferença”.

Vitório, Neiva e Pedro formam um núcleo familiar que tem o ensino como profissão. - Danúbia Otobelli/O Florense
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2 Comentários

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    Esse sim é o melhor professor de história que tive.

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    Cristiano Egger Veçossi19 de Março de 2017 às 21:09

    Fui aluno do professor Vitório e da professora Neiva quando estava na 8a série, na Escola Padre Vitório, em Planalto. Lembro dos dois com muito carinho! As aulas de História do prof. Vitório eram excelentes! Hoje sou formado em Letras Português pela UFSM, com mestrado e doutorado realizado na mesma instituição. Trabalho em uma escola estadual aqui em Santa Maria. Aproveito para mandar um grande abraço ao casal!

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