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Especial Mato Perso: Uma briga entre os Pandolfi e um bandoleiro

Fato histórico é contado até hoje na comunidade

Os Pandolfi foram uma das primeiras famílias que chegaram a Mato Perso. Vieram de Caxias para se instalar na localidade e trouxeram com eles um agrimensor, para fazer a medição das terras. Quem relata os fatos é Zelinda Bertoletti Pandolfi, 67 anos, casada com Abel Domingos Pandolfi (in memorian – falecido no dia 25 de abril de 2017). 
Zelinda é natural de Vila Jansen, Farroupilha e veio residir em Mato Perso após um amor à primeira vista. Foi no dia 25 de janeiro de 1970, durante a Festa de São Paulo, Linha Rio Branco, em Farroupilha. “Trocamos olhares e, quando estava indo para casa, nós nos encontramos de novo. Daí mais um olhar”, conta Zelinda com um sorriso no rosto. Essa afeição deu vez a um lindo romance. “Vivemos 42 anos juntos, muito felizes. Mas quando começamos a namorar, meu falecido pai disse assim: “Não é pra namorar, porque o apelido deles é ‘botó’”, que era gente que gostava de brigar, gente violenta”, relembra.
O apelido surgiu por causa do Paco. De acordo com o livro ‘Mato Perso: uma história a ser preservada’, Paco – o   bandoleiro – era filho de imigrantes italianos. Nasceu em Bento Gonçalves em 29 de maio de 1889 e era político.   Quando rompeu relações com o poder político, passou a ser considerado foragido e escondia-se em grutas na   encosta do Rio das Antas. Eventualmente, passava por Mato Perso e, na comunidade, se desentendeu com o velho   Pandolfi. Ambos tinham uma personalidade forte, como relata Zelinda, enfatizando que quase se mataram.  “O Paco   vinha aqui pegar mulheres. Ele queria ser o dono de todas as mulheres. E como os Pandolfi também era ‘testa de   ferro’, eles começaram a brigar”, conta.
“Uma vez na igreja, esse tal de Paco, entrou e encontrou um De David, que era muito parecido com o pai do meu   sogro (Carlos Pandolfi). Dentro da igreja, ele olhou para todo mundo e marcou aquela pessoa. Só que o padre   percebeu e deu uma bênção, e quando ele (Paco) foi pra fora, ele atirou com a arma no avô do Ciro De David, mas a   arma não disparou, porque tinha a bênção de Deus”, relata destacando que, daquela vez, ninguém se feriu.
 “No domingo seguinte, o Paco foi de novo na igreja e, desta vez, tinha o vô Carlos. E quando eles foram lá na bodega   dos Crocolli, o vô teve que se esconder dentro da caixa da banha, se não eles iam se matar. Depois disso, Carlos   Pandolfi saiu de Mato Perso e foi para Erechin”, recorda.  
 Zelinda conta que o exército ofereceu dinheiro para quem matasse o Paco. “Não durou muito depois disso, mataram   ele”, finaliza.

 

 

Zelinda Bertoletti Pandolfi. 

 

 

 O avanço das estradas

 “Quando cheguei aqui as estradas eram estreitas, porque não tinha carros. Um que outro tinha Jipe   e Rural, e duas pessoas tinham caminhão. Agora, graças a Deus temos asfalto até perto de casa,   que foi muito lutado, mas conseguimos ter, temos boas condições de viver. Como evoluiu”, conta,   informando que ainda precisa do asfalto para Flores da Cunha. “É o que a gente está esperando   agora. Nós vamos sempre para Farroupilha. Tem ônibus que vai e a estrada é melhor. A gente   compra lá e tudo que compramos deixamos o imposto para o município de Farroupilha. E não pode   ser assim, o imposto tem que ficar aqui, daí tem crescimento”, destaca Zelinda, que enfatiza que   produz a renda em Flores da Cunha, mas gasta em Farroupilha, por falta de um bom acesso à   sede. Além da estrada asfaltada, a moradora do Distrito destaca que precisa também de transporte. “Não adianta só a estrada. Precisamos de ônibus também, principalmente a terceira idade”.

 - Divulgação
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