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"A maioria da nossa comunidade não tem a real noção dos estragos". A frase do prefeito César Ulian (PP) exemplifica o sentimendo de alívio da comunidade florense pela área central do município não ter tido problemas significativos com as chuvaradas de maio. Contudo, o impacto aos cofres públicos é considerável. A prefeitura estima em R$ 32,5 milhões o prejuízo causado pelos alagamentos, desmoronamentos e perdas na agricultura.

Entre as situações mais preocupantes, uma moradia foi destruída em Mato Perso e outras quatro foram comprometidas, com as famílias precisando ser realojadas. No bairro São Cristóvão, o Rio Curuzu encheu e voltou a invadir casas e o comércio local. Felizmente, o município não registrou nenhum óbito relacionado a tragédia ambiental no estado.

O pluviômetro municipal contabilizou, entre os dias 29 de abril e 13 de maio, aproximadamente 825mm de chuva. Levando em consideração outros indicadores no município, esta marca ultrapassa os 1.100mm. 

Para chegar neste número de R$ 32,5 milhões são considerados os relatórios de duas pastas: a Secretaria de Agricultura estima em R$ 17,5 milhões os prejuízos no setor. Já os danos na infraestrutura devem exigir mais R$ 15 milhões para reparos e reestruturações. A situação de emergência foi decretada pelo município no dia 1º de maio.

– Desde o primeiro dia, fizemos uma força-tarefa e executamos as obras que são mais simples, como reparos e desobstrução de vias. As últimas famílias que ficaram sem acesso foi próximo ao Rio das Antas, no Passo do Zeferino. Foram seis dias sem um contato, mas nossa equipe conseguia conversar com eles e sabíamos que tinham água e alimento, só estavam sem luz - aponta o secretário municipal de Obras e Serviços Públicos Lucas Carenhato.
No total, foram 30 desmoronamentos registrados no município, conforme levantamento da prefeitura. O maior deles aconteceu na estrada que liga Santa Bárbara a Nova Roma, que é a única via que permanece bloqueada.

– É um local que a terra ainda se movimentava e não conseguimos intervir. Com novas chuvas, talvez possa cair ainda mais. São cerca de 200 metros de estrada que cedeu, cerca de quatro hectares de terra. Por sorte, naquela posição não tem nenhuma casa e tem saída pelos dois lados. Então desbarrancou, mas os moradores têm saídas, apenas precisando fazer alguns quilômetros a mais – descreve  o secretário.

O relatório da pasta de Obras aponta 24 locais em que foram realizados reparos. A equipe de engenharia continua reunindo dados que serão utilizados na buscas de recursos prometidos pelos governos Estadual e Federal diante do cenário de crise.

– O sistema de drenagem é o mais oneroso. Tivemos quatro cabeceiras de ponte que foram arrancadas. As águas também levaram o asfalto em seis pontos diferentes. Temos as tubulações, desde tubos menores até galerias inteiras, que foram arrancadas e precisam ser substituídas. Há muitas outras em análise que precisam ser trocadas porque são antigas, estão mal dimensionadas e não deram conta (da vazão de água) – salienta Carenhato.

Um exemplo de sistema de drenagem que precisa ser refeito, segundo o próprio Secretário, é o da localidade de São Cristóvão, que “tem alagado com uma certa frequência” . Outro ponto em estudo é a comunidade de Lagoa Bela, região que recebe o escoamento do esgoto da cidade.

– Lá já constatamos que está subdimensionado, a água chega até um ponto em que acumula, transborda e enche todo o restante. Então, o grande investimento hoje é para estas trocas de tubulação, desde as menores até as maiores e também as galerias. As situações mais críticas pretendemos colocar em dia até o final no ano, mas o cenário requer um plano maior – conclui Carenhato.