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Hospital Fátima fecha contas de 2015 com déficit

Instituição beneficente de Flores da Cunha registrou resultado negativo de R$ 116,5 mil no último ano

As dificuldades econômicas enfrentadas pelas empresas brasileiras nos últimos anos também atingem as instituições filantrópicas de saúde. Caso esse do Hospital Nossa Senhora de Fátima que, pelo segundo ano consecutivo, fecha as contas no vermelho. Na semana passada, a diretoria da instituição apresentou o balanço patrimonial de 2015 e o parecer registrou um déficit de R$ 116,5 mil – em 2014 o saldo negativo foi de R$ 114,5 mil. As contas do primeiro semestre deste ano também estão com dificuldades. A instituição não recebe, desde fevereiro, os incentivos para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e para os leitos de saúde mental – R$ 79 mil/mês.

A principal causa apontada pela diretoria sobre o balanço negativo é o corte do Incentivo de Cofinanciamento da Assistência Hospitalar Estadual (Ihosp), pago pelo Estado e suspenso desde janeiro de 2015 – uma média mensal de R$ 23 mil, que pelo contrato previsto até maio daquele ano, somaria R$ 115 mil. Esse montante tem por objetivo complementar o custeio de ações de média complexidade nos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). “A crise nos afeta como está atingindo a população e os governos federal e estadual. Tecnicamente, o que mais pesou em 2015 foi a falta de repasses do Ihosp. Não recebemos em nenhum mês e vínhamos provisionando para que isso acontecesse pelo menos até maio, que estava no contrato. Porém, o Estado não reconheceu esse benefício e não pagou. Tivemos que estornar esse valor para manter a contabilidade fidedigna”, explica a diretora financeira da instituição, Cristiane Zim.

Contribuiu também para as dificuldades financeiras a questão do desemprego e, consequentemente, a suspensão do plano de saúde de muitos trabalhadores. Segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mais de 1,3 milhão de brasileiros deixaram de ter planos de assistência médica entre março do ano passado e março deste ano. Enquanto que em 2014, o atendimento no Fátima era 60% por meio de convênio e 40% SUS, em 2015 e 2016 esses números se inverteram. Hoje, o hospital atende 30% por planos de saúde e 70% pelo Sistema Único de Saúde. “Existe um desequilíbrio porque aumentou o atendimento pelo SUS, que não tem uma remuneração adequada. Antes, os planos de saúde suportavam o déficit do SUS e garantiam o equilíbrio financeiro”, frisa a diretora administrativa, Andreia Francescato Vignatti.

Para evitar maior defasagem, a diretoria realizou uma reestruturação interna com controle de material e medicamentos, reavaliou os gastos, enxugou a equipe de funcionários – passando de 109 para 98 – e iniciou ações junto à comunidade. Foram recolhidos alimentos que contribuíram para o setor de copa e nutrição e recebidos 83 edredons e cobertores doados pelo grupo de Catequese da Paróquia Nossa Senhora de Lourdes. “Sempre trabalhamos com os pés no chão e com consciência dos gastos para deixar o hospital enxuto e ao mesmo tempo qualificar o atendimento. A ajuda da comunidade contribuiu muito para que o déficit não fosse maior”, diz a presidente da instituição, Olga Baggio Sandri.

Menarosto

Mesmo com as dificuldades, o Hospital Fátima busca alternativas para melhorar as contas e buscar a autossuficiência. Para comemorar os 60 anos da instituição, no dia 15 de julho será realizado um jantar com menarosto, no salão comunitário de Otávio Rocha. Na ocasião será lançada uma rifa para arrecadar verbas, que serão utilizadas na construção de uma nova ala, com foco no atendimento aos idosos. A Clínica da Melhor Idade tem como um dos pilares tornar o hospital financeiramente viável em longo prazo. “Estamos buscando ações para não deixar o hospital estagnado e não ficarmos na dependência apenas dos governos federal, estadual e municipal. Com essa rifa damos início ao projeto de expansão e estamos projetando outras formas de apoio da comunidade como um pedágio”, alega a presidente.

Os ingressos para o menarosto custam R$ 50 (adulto) e R$ 25 (crianças de sete a 10 anos) e podem ser adquiridos no Hospital, com os membros da diretoria e nas entidades apoiadoras até o dia 8 de julho. A rifa terá como prêmio cinco carros zero quilômetro – 1º Honda HR-V LX automático; 2º Fiat Toro Freedom 1.8 automático; 3º Hyundai HB20 1.0; 4º Renault Clio Hatch 4 portas; e 5º Fiat Palio Fire 1.0 4 portas.

 

Aumento dos atendimentos pelo SUS e corte de repasses estaduais estão entre as principais causas do déficit da instituição. - Danúbia Otobelli/Jornal O Florense
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