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Laços que se unem

Histórias de florenses na luta contra o câncer se entrelaçam e revelam o real significado do Outubro Rosa

O câncer de mama é o mais comum entre mulheres no mundo todo, atingindo aproximadamente 2,3 milhões em 2020, o que representa 24,5% dos casos novos por câncer no público feminino. Além disso, a doença é a causa mais frequente de morte por câncer nessa população, com 684.996 óbitos. No Brasil, não é diferente. Neste ano, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que ocorrerão 66.280 novos casos, uma taxa de incidência de 43,74 casos por 100.000 mulheres. 
De acordo com a médica mastogista florense, Gabriela Grando Pinson, existem diversos fatores de risco para o câncer de mama. Alguns podem ser evitados, como o sedentarismo, a ingestão de bebidas alcoólicas, a obesidade e o uso de alguns hormônios. Por outro lado, existem os não-modificáveis como menarca precoce (primeira menstruação antes dos 12 anos), menopausa tardia (após os 55 anos), mutação genética e histórico familiar. “A mamografia de rastreamento é o único exame que reduz a mortalidade por fazer diagnóstico mais precoce de câncer e facilitar o uso de tratamentos menos agressivos nas fases iniciais da doença”, ressalta Gabriela. Ainda, conforme levantamento da Sociedade Brasileira de Mastologia, no ano passado, a adesão ao exame diminuiu em 45%, principalmente pelo medo de se contaminar com a Covid-19.
Para reforçar a importância da prevenção, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o autoexame das mamas como uma forma das mulheres identificarem qualquer alteração. “O ideal é que seja mensalmente, 7 dias após a menstruação e para mulheres que não menstruam, escolher sempre o mesmo dia do mês. Mas atenção, o autoexame não substitui a mamografia, que deve ser realizada a partir dos 40 anos em mulheres de baixo risco e para mulheres de alto risco, deve iniciar antes”, reforça. 
Em Flores da Cunha, não só o câncer de mama, mas outras formas da doença têm afetado as florenses: o câncer ginecológico – de colo de útero, ovários, virilha, útero, endométrio. É o caso de Amanda Letícia De Carli Benhini, de 24 anos, moradora da Linha 60 e Beatris Novello Tonet, de 65, do bairro Aparecida. 40 anos separam essas duas mulheres que tem algo em comum: as duas venceram a batalha contra o câncer e hoje sabem, na prática, o verdadeiro significado das palavras união, fé e família. 

"Depois do câncer a minha família é tudo para mim"
Após passar por diversos médicos e receber seis diagnósticos diferentes, entre eles gravidez, pedras nos rins, ovário policístico e, até mesmo, gases, Amanda Benhini, continuava sentindo fortes dores abdominais e, nos últimos tempos, acompanhadas de diarreia. Depois de um ano, a jovem conta que o problema foi descoberto em uma ecografia. “Eu nem saí da sala da eco e eles já me falaram para procurar um médico urgente porque eu estava com abdômen agudo, estava explodindo já. Precisava operar”.
A cirurgia foi realizada, às pressas, no dia 10 de dezembro de 2018, mas, na verdade, se tratava de um tumor no ovário direito que estava começando a atingir o intestino, no qual foi preciso fazer alguns pontos. O ovário, que segundo o pai, Luizinho Benhini, estava com o tamanho de uma laranja de umbigo, foi retirado e encaminhado para biópsia. 
Em janeiro de 2019 veio a confirmação de que se tratava de um tumor maligno e a urgência em iniciar as quimioterapias. “A primeira coisa quando eu soube que estava com câncer, claro, eu fiquei com medo, mas eu pensei: eu não vou morrer, eu vou me curar, eu tinha certeza que eu ia me curar”, enfatizou Amanda. 
Com motivação da família, apoio da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Flores da Cunha – que hoje conta com 45 voluntários e 34 pacientes ativos – e fé em Nossa Senhora de Caravaggio, a jovem enfrentou as 25 sessões de quimioterapia. “Foi bem difícil, quando cheguei em casa e me olhei no espelho, comecei a chorar, eu desabei sem o cabelo. Aí minha mãe, Ana Maris De Carli, e minhas tias conversaram comigo”, explicou, ao mesmo tempo em que complementou dizendo que, por muitos dias, não conseguia comer sozinha, ficava no sofá, com muita fraqueza, chegando a desmaiar por algumas vezes.
Mesmo assim, Amanda reforça que o que mais marcou nesse período foi o preconceito das pessoas pelo fato de estar sem cabelo e, em alguns casos, os olhares medrosos, como se tivesse alguma doença contagiosa. “Por isso, eu gostava de ir na Liga, elas conversavam comigo, me davam força. Também ofereciam lenços novos, além de ajudarem com os remédios e terem me proporcionado atendimento psicológico – que até hoje eu vou, toda a semana”. De acordo com o pai, Luizinho, o câncer deve ser encarado como um tratamento de uma doença normal e o apoio da família faz toda a diferença nesses momentos. 
“Hoje, o maior medo que eu tenho é a volta do câncer. Toda a vez que eu vou fazer os meus exames, de seis em seis meses, eu rezo para que não tenha nada. Atualmente tenho um pequeno tumor benigno no fígado, mas, tenho que fazer acompanhamento sempre, porque a gente nunca sabe o que pode acontecer”, revela a jovem que adora estar em contato com a natureza, os animais e dar valor aos pequenos grandes momentos em família. Ela também pretende retomar a faculdade de Pedagogia, que cursava antes da pandemia e em um futuro não tão distante, quem sabe, ter os seus filhos. 

"Pode estar complicado, mas eu não perco a minha esperança"
Em 2013, durante uma consulta de rotina com a ginecologista, Beatris Tonet descobriu um nódulo, um pouco acima do útero. A partir daí, começaram os exames mensais com um clínico geral. Depois de um ano, a aposentada começou a sentir fortes dores na perna direita e procurou novamente sua ginecologista que solicitou novos exames. 
Após o resultado, a médica orientou a procurar um oncologista com urgência. Foi o que Beatris fez. O tumor havia se deslocado e estava próximo à virilha, alojado em todas as veias da perna e comprimindo o útero e a bexiga.
Devido ao crescimento do tumor, Beatris foi internada no dia 4 de fevereiro de 2014. “Cheguei ao hospital com embolia pulmonar e trombose, mas eu não sentia nada, os médicos descobriram lá. Todo mundo diz que foi um milagre”, emociona-se e complementa dizendo que a cirurgia era para ter sido no dia 10, mas foi no dia 11, coincidindo com o dia de Nossa Senhora de Lourdes, que é devota por ser padroeira dos enfermos e doentes.
Assim que chegou o resultado da biópsia, a aposentada lembra que o médico entrou no quarto e disse que tinha duas notícias, uma boa e uma ruim. A ruim era que ela estava com câncer, e a boa, que dentre os quatro tipos de câncer o seu era o mais fácil para tratar. 
Logo em seguida, ela fez a primeira das oito sessões de quimioterapia. “Uns dias depois da primeira sessão eu comecei a perder o cabelo. Aí chegou um sábado e eu disse para o meu filho, que tinha a maquininha em casa, para vir raspar a minha cabeça. Então eu parti para os lenços, mas, nunca me senti mal por causa disso”, lembra.
Para Beatris, a família, nesse momento, foi tudo. O apoio e a ajuda do marido, Ivo Ari Tonet, e do filho, Diego Tonet, foram fundamentais. Ela também destaca que se sentia bem nos encontros com a Liga Feminina de Combate ao Câncer, neles podia contar sua experiência e se encontrar com pessoas que estavam passando pela mesma doença. 
Desde outubro de 2014 Beatris está curada do câncer, hoje, faz exames de rotina e agradece, todos os dias, pela vida. “A palavra câncer apavora por si só, mas ninguém deve se desanimar e desistir de lutar. Devemos enfrentar, mesmo que às vezes seja dolorido. Temos que pensar que isso passa, que tudo passa, porque a medicação faz a sua parte, mas a pessoa tem que se ajudar, ter confiança e fé para seguir em frente”, finaliza.

Outubro com programações

Para comemorar o Outubro Rosa e intensificar os cuidados com as mulheres, as prefeituras de Flores da Cunha e Nova Pádua organizaram um calendário de atividades. Confira:

Em Flores da Cunha 

Dia 9 de outubro
- Pela manhã, panfletagem com informativo pelas ruas da cidade
Dia 16 de outubro
- Pela manhã, ação da Liga Feminina de Combate ao Câncer com venda de camisetas e guarda-chuvas no Centro da cidade
Dias 18 e 19 de outubro
- Pela manhã e à tarde, roda de conversa com a Liga Feminina de Combate ao Câncer, no Centro de Saúde Irmã Benedita Zorzi
Dia 19 de outubro
- Palestra online para as equipes das Unidades Básicas de Saúde com a delegada de polícia Tatiana Barreira Bastos sobre Estratégias de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher
Dia 23 de outubro
- Pela manhã e à tarde, coleta de exame citopatológico e mamografia no Centro de Saúde Irmã Benedita Zorzi. Serão atendidas 20 pacientes (10 pela manhã e 10 durante a tarde). Agendamentos com a enfermeira Neusa pelo telefone (54) 3292 6800, ramal 821
- Distribuição de mudas de flores simbolizando a vida
- Às 14h30min: Caminhada pela Vida, com saída em frente à Igreja Nossa Senhora Aparecida, percorrendo a rua Dr. Montaury até a Igreja Matriz. Haverá encerramento com missa.

Dias de prevenção nas UBSs
Dia 7 de outubro
Às 14h na UBS Dr. Antonio Matias Falavigna (Nova Roma)
Dia 13 de outubro
Às 10h15min na UBS Dr. Hildebrando Cardoso Pereira (São Pedro)
À tarde, na Unidade de Saúde Antonia Susin Maccagnan (São Gotardo)
Dia 15 de outubro
Às 14h na UBS Dr. Antônio Tasis González (Otávio Rocha)
Dia 20 de outubro
Às 10h15min na UBS Dr. Hildebrando Cardoso Pereira (São Pedro)
Dia 26 de outubro
Pela manhã na Unidade de Saúde Antonia Susin Maccagnan (São Gotardo)
Dia 27 de outubro
Às 10h15min na UBS Dr. Hildebrando Cardoso Pereira (São Pedro)

* Durante todo o mês de outubro as UBSs promoverão ações internas relativas ao Outubro Rosa.

Em Nova Pádua

Dia 18 de outubro
- Às 8h30min, Café da Manhã com as Gestantes – integração dos profissionais de saúde, visando fortalecer o vínculo entre a equipe e as pacientes. Será entregue uma bolsa maternidade às mamães
Dia 22 de outubro
- Às 13h30min, palestra com a Dra. Sofia Bulla Paviani sobre Saúde da Mulher e a Importância dos Exames Preventivos e, com a Coach Tatiane Perin, sobre Autocompaixão 
- “Caminhada pela Saúde da Mulher”, onde serão distribuídos 80 guarda-chuvas rosas, alusivos à campanha. As mulheres percorrerão a Avenida dos Imigrantes conscientizando a população
Dia 24 de outubro
- A partir das 9h, Rapel Outubro Rosa “Enfrente seus Medos”. Será no campanário, após a missa. Evento beneficente cujo ingresso será 2kg de alimentos não perecíveis a serem doados ao Hospital Fátima de Flores da Cunha. 
 

 - Karine Bergozza
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