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Moradores reclamam de falta de água

Bairros como União e São José são os mais prejudicados com o abastecimento no município

A falta de água em alguns locais da cidade foi um tema frequente no ano de 2020. Uma reclamação que tomou conta das redes sociais e foi parar, inclusive, nos debates políticos, nos quais se discutia uma solução. As eleições acabaram, mas o problema persiste, gerando diversos transtornos para moradores de bairros como o São José e o União, dos mais altos do município, que têm o abastecimento prejudicado pela localização geográfica.
A auxiliar de produção Solange Olszeski, 36 anos, mora no São José há mais de uma década. De três meses para cá, segundo ela, a falta de água é quase diária, especialmente à noite. “A gente é prejudicado em coisas básicas, como limpeza, até coisas mais importantes, como fazer comida. Sem água, não é possível fazer nada”, lamenta Solange.
Também moradora do bairro, a costureira Marlene Pereira da Silva, 54, conta que sempre conviveu com o problema, mas neste ano as ocorrências estão cada vez maiores. “Antigamente era por uma fatalidade, um cano que estourou, um vazamento. Mas este ano está constante, a gente vive reclamando na Corsan e, às vezes, não há explicação. Aqui é o primeiro lugar que falta e o último que volta”, relata.
Ela conta que a situação é mais recorrente nas sextas-feiras e nos sábados, quando na metade da tarde a água acaba e só volta de madrugada, levando mais de 12 horas para o problema ser resolvido. “Eu já tenho um estoque de água feito com galões, baldes cheios para usar no dia a dia, porque nós já esperamos que em algum momento vai faltar. E se não for assim, não tem água nem para beber”, conta Marlene.
Enquanto isso, a pilha de louça cresce e a de roupas sujas também. Até a hora do banho vira um transtorno. Não foram raras as vezes em que pelo menos um dos seis moradores da casa passou por situações inusitadas: “é complicado estar no banho e terminar a água, você fica sem alternativa. Já aconteceu várias vezes. O jeito é terminar o banho com o balde ou correr na casa de algum vizinho, de alguém que tenha água”.
E mesmo quando ela volta, há problemas. O ar acumulado passa pelos canos e o registro interpreta como consumo de água. Em uma dessas, a velocidade do ar foi tanta que o registro da casa de Marlene foi danificado e teve de ser trocado. “Mas na conta vem, claro. Continua cobrando como se estivéssemos usando água. É uma injustiça”, diz a costureira. Ela diz que a insatisfação no bairro é geral e se preocupa com aqueles que, diferente dela, não trabalham em casa e não podem realizar os serviços domésticos no fim de semana pela falta de água. 
No bairro União, a situação é parecida. Quem conta é o morador Eudes José: “é todo o santo dia. Você chega do trabalho às 19h e não sai uma gota das torneiras. E a água só volta depois que já estamos na cama. Como fazer a comida, tomar banho?”, questiona o autônomo de 50 anos, que vive com outras três pessoas e gasta por volta de R$ 100 por mês com a conta de água. 
Eudes lamenta o fato de isso acontecer em meio à pandemia, quando os cuidados com a higiene são ainda mais importantes. “Sem contar no outro dia de manhã, quando se abre a torneira para escovar os dentes e tem de se esperar 15 minutos para sair o cloro. A gente liga para a Corsan, mas sempre escuta uma desculpa”, completa.
Contatada pela reportagem, a Corsan de Flores da Cunha afirmou que irá prestar esclarecimento às reclamações dos consumidores após a veiculação desta matéria, na semana que vem.

A costureira Marlene Silva, moradora do Bairro São José, diz que a falta de água é frequente no local. - Pedro Henrique dos Santos
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