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Natal deve aquecer as vendas no comércio de Flores da Cunha

CDL prospecta incremento de 10% e 60 novas vagas temporárias para o fim do ano

O aumento do número de pessoas imunizadas e a diminuição dos casos de Covid-19 no Brasil são as duas principais motivações para alavancar o comércio às vésperas da data comemorativa que registra os maiores índices de venda: o Natal. 
Dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) projetam um aumento de 3,8% nas vendas natalinas, em relação ao mesmo período do ano passado. Outro número que cresce, nessa época, e movimenta a economia, são as contratações temporárias. Sobre esse dado,  a entidade estima que sejam criadas 94,2 mil vagas e que os maiores volumes de contratações sejam nos ramos de vestuário (57,91 mil vagas) e de hiper e supermercados (18,99 mil). 
Em Flores da Cunha não é diferente. De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Jásser Panizzon, no comércio local quase 30% dos proprietários de estabelecimentos sinalizaram a intenção de contratações extras para o fim do ano, com isso, a estimativa é que, ao menos, 60 novas vagas sejam abertas.
“Espera-se que aconteça um incremento no volume de venda com relação ao mesmo período do ano passado. A pesquisa realizada pela CDL Flores da Cunha aponta uma expectativa de incremento de 10% nas vendas natalinas”, comemora Panizzon. 
Além dos saldos positivos para o comércio, no fim do ano muitas pessoas aproveitam para empreender e, com isso, obter uma renda extra que pode fazer a diferença para este ano, ou, para o início de 2022. 

Bolinhas de Natal que traduzem sentimentos 
Transformar o gosto por produtos artesanais e a paixão pelo Natal em uma fonte de renda extra foi o que serviu de motivação para as jovens Victoria Lamb Saboleski, 23 anos, e Nicole Julita Lamb Saboleski, 26, colocarem em prática a ideia de desenvolver bolinhas natalinas personalizadas e repletas de significado.
As irmãs, que planejam investir no ramo da personalização, contam que viram na data uma oportunidade para, futuramente, conseguir adquirir o maquinário e abrir o próprio negócio. “A ideia começou em junho. Em julho já comprei algumas coisas que precisava para iniciar e em setembro idealizamos, fizemos os moldes e começamos a nos organizar para deixar o catálogo pronto para a primeira semana de outubro, quando lançamos ele e, em novembro, começamos a confeccionar”, lembra Victoria.
As caxienses – Nicole com raízes em Flores da Cunha e em Nova Pádua, por conta do esposo, Alex Boldrin – explicam que algumas pessoas encomendam as bolinhas para colocar na própria árvore, enquanto outras para presentear avós, professores, padrinhos, clientes e colaboradores. “Recebemos muitas fotos de mães com filhos que querem eternizar os momentos com os pequenos e acabam colocando em suas árvores as fotos. As avós também pedem com imagens dos filhos, netos...”. Além das fotos – que são as mais procuradas – algumas empresas, pousadas e hotéis solicitam a confecção com palavras que expressem sentimentos.
Nas mãos da dupla, as esferas acrílicas transformam-se em pequenas obras de arte natalinas. Enquanto Victoria faz a parte gráfica e coloca as imagens, Nicole cuida da finalização, com laços e embalagens. O desafio das irmãs tem sido conciliar a rotina diária com o artesanato, uma vez que as duas têm filhos pequenos e estudam. “Ás vezes fazemos depois da meia noite, entre um trabalho e outro da faculdade – eu faço um estágio também. Então vamos conciliando nesses meios, quando os bebês dormem. Quando eu estou sozinha, de noite, é sempre quando sobre um tempo”, relata Victoria que é estudante de Arquitetura e Urbanismo, enquanto a irmã cursa Direito. 
“Tornar esse momento um pouco mais significativo para as pessoas é muito importante, porque passamos por momentos delicados, anos difíceis. Alguns pedidos foram de pessoas que perderam alguém nesse ano e querem poder olhar, relembrar e encher o coração de amor. Isso tem um significado muito grande”, emociona-se Victoria. 
Sensação compartilhada por Nicole, que confessa adorar a época do Natal, as reuniões familiares, a ceia e as árvores natalinas. “Uma época de parar para refletir como foi o ano, agradecer e comemorar a data tão especial que representa o nascimento de Jesus. Por isso, acho que amor é o maior sentimento na confecção das bolinhas de Natal personalizadas, porque é isso que elas representam para quem as adquire. E para nós, é o mesmo que estar participando do Natal dos nossos clientes e poder tornar essa data ainda mais especial”.
Todo esse afeto das irmãs tem sido recompensado com a quantidade de pedidos, que já superou a expectativa de 500 bolinhas de Natal e vendas que vão além das cidades das jovens: já tem árvores enfeitadas em Bento Gonçalves e Garibaldi, por exemplo. 
“Com certeza ano que vem faremos novamente. Esse ano foi o primeiro e estamos nos saindo muito bem com poucos recursos. Nossa expectativa é investir em máquinas de impressão e corte para ingressar nesse ramo da personalização”.

A magia das árvores de Natal 
Muito mais que uma fonte de renda, para Vania Cappellari, 43 anos, o artesanato natalino surgiu como uma terapia quando optou por ficar em casa por conta do nascimento da primeira filha e sentiu a necessidade de desenvolver algo para preencher o tempo e, acima de tudo, fazer seus olhos brilharem.
Há seis anos a florense trabalha com guirlandas, centros de mesa e artesanato de bonecos para o Natal e, há três, com a montagem de árvores. “Eu iniciei fazendo curso de bonecas, as guirlandas foram entrando automaticamente, porque eu sempre gostei muito de flores. Meu sonho seria trabalhar com flores, mas aí foi vindo os filhos, foi ficando de lado e entrando as flores permanentes”, revela Vania. 
Depois que foi apresentada a esse universo, a artesã foi ampliando seus conhecimentos e se apaixonando cada vez mais. Para ela, o que importa na hora de montar uma árvore de Natal são as lembranças que vai proporcionar para aquela família. “Eu digo para as clientes que me pedem quanto custa para montar uma árvore de Natal, que depende de quanto podem ou querem gastar. A melhor árvore é aquela construída aos poucos, que vai acrescentando elementos ao longo dos anos, porque tudo vai ter uma memória afetiva importante de uma viagem, um lugar, um enfeite que eu vi e gostei, então não precisa necessariamente comprar a árvore e montar, se dá para fazer isso no primeiro ano, ótimo, mas não é todo mundo que pode”, argumenta. 
Vania percebe que, ano após ano, uma quantidade maior de pessoas tem investido em árvores de Natal e que esse número aumentou ainda mais com a pandemia: “Eu acho que pelo pessoal estar mais em casa, está investindo mais”.  
Além de Flores da Cunha – onde decora residências e vitrines – atualmente a artesã conta com clientes em Antônio Prado e em Caxias do Sul e acredita que o principal diferencial de seu trabalho é se adequar ao gosto de cada um. “Minha maior propaganda é das pessoas que me contrataram e comentaram com amigas. Elas me indicaram por conta da confiança e do respeito de não impor o meu gosto. Porque não existe o certo e o errado para o Natal, cada decoração é única, pois cada pessoa tem um interesse diferente, um gosto e idealiza o que ela quer fazer”, explica Vania que complementa afirmando que mais do que seguir as tendências, o importante é criar uma identidade. “Principalmente quando não se conhece o cliente e vai oferecer um produto, tu pesquisa do que ele gosta, do que não gosta, quem mora na casa. Então faço todo um processo de conhecer a cliente, tem um estudo por trás, tudo para ficar adequado ao ambiente”.
“A tendência desse ano são os galhos nas árvores, não só os compridos, mas aqueles soltos, que não são natalinos. Eu também fiz topearia, que eu nunca tinha feito – é uma árvore que você vai podando e ficando com contornos. E as guirlandas suspensas, uma coisa maior e diferente que foge do tradicional vermelho, dourado e verde das árvores”, destaca Vania sobre a inovação, ao mesmo tempo em que evidencia que muitas de suas compras são feitas em Farroupilha, Caxias do Sul e Antônio Prado – além de Flores da Cunha –, uma vez que começa a comprar materiais para o Natal em agosto e sempre está em busca de novidades. 
Para os que não abrem mão de uma árvore natalina, mas, não podem gastar muito Vania tem um conselho: “O importante é comprar coisas de qualidade, nem que no primeiro ano se compre a árvore e umas fitas ou bolinhas, no outro, os enfeites ou os galhos. O importante é apostar em coisas que realmente vão fazer parte da vida, da infância dos filhos, e seguir com a família aquelas coisas. Não precisa necessariamente cada dois ou três anos trocar tudo, muda uma coisinha, deixa guardada outra, e assim vai mesclando”, conta a artesã que vê os pedidos decolarem de setembro a dezembro. Depois, em fevereiro, começam os preparativos para a Páscoa e apesar de esta data ser mais focada em cestas e guirlandas, para o próximo ano Vania já tem pedidos encomendados para decorar árvores de Páscoa.  
“O que é bonito do artesanato é proporcionar uma peça única para a tua cliente. Eu já perdi a conta de quantas guirlandas eu fiz, mas nenhuma é igual a outra, e eu me recuso a fazer igual, cada uma é única. É terapêutico para mim e é um retorno emocional muito grande ver a felicidade e o contentamento das pessoas com o meu trabalho”, finaliza Vania. 

As irmãs, Victoria e Nicole Lamb Saboleski, desenvolvem itens personalizados para resgatar memórias.  - Arquivo Pessoal/ Divulgação
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