Geral

O desafio da renovação

Após 36 anos à frente do STR, Olir Schiavenin deixa a presidência da entidade. Associados irão às urnas nos dias 4 e 5 de setembro para escolher novos representantes

Seja na composição da chapa, nas mudanças propostas, ou na participação assídua de jovens e mulheres, não restam dúvidas de que um dos lemas da próxima Diretoria e Conselho Fiscal do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares (STR) de Flores da Cunha e Nova Pádua será a renovação. 
Após dedicar 36 anos de sua vida à presidência da entidade, em outubro de 2022 Olir Schiavenin entregará o cargo para o representante a ser eleito nos dias 4 e 5 de setembro.
Apenas uma chapa com 15 componentes se inscreveu para concorrer às eleições, sendo nove integrantes da Diretoria e seis do Conselho Fiscal. Neste cenário, conforme a assessoria jurídica da Fetag-RS, o quórum do estatuto, no artigo 52, prevê o comparecimento de 15% dos votantes aptos. De acordo com o artigo 29 do regimento eleitoral, em caso de chapa única a eleição poderá ser realizada em assembleia e, ainda, segundo o artigo 37 do mesmo regimento, no caso de chapa única não há previsibilidade de quórum e a comissão eleitoral e a assembleia geral decidirão os casos omissos, conforme determina o artigo 50. 
De acordo com o atual presidente do STR, todas as orientações seguidas na eleição estão no estatuto e no regimento da entidade. “Na votação vai ter um lugar para as pessoas assinalarem um x, quem concorda com a chapa; eles também têm a opção de votar não, por meio de votos em branco ou nulos. Não muda praticamente em nada ter mais de uma chapa, o que muda é que no caso de duas, por exemplo, quem faz mais votos ganha”, esclarece Schiavenin, completando que os nomes de todos os componentes da chapa estarão presentes na cédula de votação.
A escolha da nova Diretoria e Conselho Fiscal será nos dias 4 e 5 de setembro, domingo e segunda-feira, das 8h às 16h. No domingo, dia 4, será possível votar nas oito urnas disponibilizadas nos salões das comunidades de Mato Perso, Otávio Rocha, Travessão Carvalho e nas sedes do STR em Flores da Cunha e Nova Pádua. Já na segunda-feira, dia 5, as eleições ocorrerão apenas nas sedes florense e paduense. 
Deverão votar todos que se associaram ao Sindicato até 4 de março de 2022, e pagaram as mensalidades até a última sexta-feira, dia 19: “O voto é obrigatório, ele é um direito e também um dever do associado, uma vez a cada quatro anos. Os que não exercerem seu direito deverão justificar. E se não votarem, o estatuto prevê uma multa, mas a gente não quer multar ninguém, a gente quer que o pessoal vá votar”, reitera o presidente, acrescentando que os documentos necessários para votar são a Carteira de Sócio, ou o Cartão Fetag+, ou a Carteira de Identidade. 
Após o término da eleição, ocorre a contagem dos votos, de forma manual, nesse sentido Schiavenin explica que haverá uma Mesa Escrutinadora, cujo coordenador costuma ser o assessor jurídico, além de uma Comissão Eleitoral, que acompanhará a apuração e assinará a ata. “Os associados e a imprensa vão ter acesso aos resultados finais, que devem ser divulgados logo depois do escrutínio”, revela, acrescentando que será possível conhecer os vencedores ainda na segunda-feira, dia 5 de setembro, por volta das 19h.
A posse da nova Diretoria e Conselho Fiscal deverá ocorrer na noite de 28 outubro já que, no dia seguinte, finda o mandato de Schiavenin, que se emociona ao lembrar de sua trajetória à frente do Sindicato: “Eu me sinto muito feliz e motivado, porque a gente só aprendeu, teve um apoio muito forte durante todo esse tempo, sempre tivemos uma aprovação de mais de 90% nos 10 mandatos que a gente concorreu como presidente. Então é só gratidão, uma satisfação muito grande e consciência tranquila de dever cumprido. Fizemos tudo aquilo que estava ao alcance para defender essa nossa categoria – essa brava gente do interior que precisa de um sindicato forte, vivo, presente e atuante –, sempre junto com as bases e do lado do produtor, sempre colocando o interesse da categoria acima de qualquer coisa”, enaltece, ao mesmo tempo em que frisa que irá deixar a diretoria, mas, não sairá da categoria que tanto lhe orgulha.

A participação do associado
“Gostaria de destacar a importância de os associados participarem das eleições, de exercerem seu direito ao voto, além de convidá-los a trazer ideias para o Sindicato, que também é a casa deles”, destacou o presidente da chapa inscrita, o agricultor florense Ricardo Pagno, de 49 anos, ao Jornal O Florense. Para saber mais sobre suas ideias e propostas frente ao STR Flores da Cunha e Nova Pádua acompanhe, abaixo, a entrevista completa com o candidato:

O Florense: Hoje exerce qual cargo no STR? Há quanto tempo é associado à entidade?
Ricardo Pagno: Faz oito anos que faço parte da Diretoria do Sindicato, fui quatro anos vice-presidente, e hoje ocupo o cargo de segundo tesoureiro. Eu não sei dizer a data precisa que sou associado, mas há uns 30 anos com certeza.

OF: Por que quer ser presidente do STR Flores da Cunha e Nova Pádua? 
Pagno: A gente sempre teve participação nesse meio, nessa questão de ajudar as entidades, e achamos que sim, que temos muito a contribuir com o Sindicato, até pelo processo de renovação, e é bom que isso ocorra. Temos algumas ideias que vamos tentar pôr em prática, sabemos de toda a dificuldade, de todas as negociações que tem que ocorrer, mas acreditamos que a agricultura de Flores da Cunha é muito forte e contribui para o município, e que ela pode, sim, melhorar, então esse seria o nosso principal motivo de participar. Acredito que a gente possa ajudar ainda mais a agricultura local. 

OF: Pretende seguir a linha administrativa do atual presidente, Olir Schiavenin? 
Pagno: O Sindicato tem toda uma estrutura com funcionários e, a princípio, nós vamos manter tudo isso, não tem porque mexer. A questão também da condução dos trabalhos, das reuniões mensais da Diretoria, e a participação que o Sindicato tem nas outras entidades, como a Associação Nacional do Alho, a Comissão Interestadual da Uva, isso tudo vamos participar e, no primeiro momento, vamos manter a mesma linha de atuação. Isso é também uma discussão que ocorre com a nova Diretoria, novos pontos vão surgindo e isso vai ter que ser discutido também.

OF: Se eleito, quais novidades pensa em implantar ou estão em processo de implantação e devem continuar? 
Pagno: O Sindicato está passando por um processo de renovação, faz 36 anos que o Olir é presidente – eu diria que vai ser o nosso eterno presidente –, mas chegou o momento de renovação, ele também acha e concorda com isso, tem que haver esse processo. O nosso nome, por grata surpresa, foi indicado pela diretoria para concorrer a essa chapa, nós estamos em 15 pessoas, se nós formos eleitos vai ocorrer uma renovação de 60% dessa Diretoria, seis nomes vão permanecer nos ajudando, e nove estamos mudando, agregando pessoas novas. Tem também toda uma questão de cotas femininas e para jovens, isso tudo nós vamos respeitar e trazer várias pessoas novas, com ideias e situações novas também. Nós temos vários agrônomos e jovens apaixonados pela agricultura. Uma pessoa, quando é apaixonada, com certeza vai doar o máximo dela para que isso melhore cada vez mais, por isso, quando falo nessa renovação e nas novas propostas, novas ideias, vem disso também, de toda essa composição da chapa.

OF: O que motivou a concorrer à presidência do STR? 
Pagno: Essa vontade de ajudar, eu também sou apaixonado pela agricultura. A gente entende que o Sindicato tem um papel muito importante como instituição e perante ao associado, na questão de serviços e também de defender e representar o agricultor. Entendo que posso contribuir para uma melhora nesse processo e isso motiva a estar diante desse desafio.

OF: Como pretende conciliar as atividades diárias com a presidência? 
Pagno: Isso pesou bastante na decisão de aceitar ou não participar desse processo. Sabemos do tamanho do STR, da responsabilidade que isso demanda e também do tempo, tem que ser praticamente integral, 24 horas por dia. Houve uma discussão aqui em casa, uma organização entre nós, porque toda a estrutura aqui é familiar, então conversamos e achamos que sim, que tem condições de continuar com as atividades agrícolas e, ao mesmo tempo, eu poder me dedicar a defender a agricultura local através do Sindicato.

OF: Como avalia a importância do STR para os trabalhadores agricultores familiares de Flores da Cunha e Nova Pádua?
Pagno: Eu não saberia dizer os números exatos, mas são aproximadamente 4 mil sócios, contando mulheres, homens e jovens. Tem toda a estrutura que o Sindicato oferece para o associado, desde a questão dos serviços, plano de saúde, resumo de talões, assessoria jurídica, ITR, todos esses cadastros que o Sindicato oferece e também a aposentadoria, que é um processo que passa pelo STR, mas, o principal benefício que eu vejo é a representatividade, de estar defendendo os interesses. Nós tivemos, recentemente, a questão da alteração de idade para aposentadoria, e os sindicatos – não só o de Flores da Cunha, mas de toda a região – foram muito participativos, foram às ruas e nós conseguimos manter esse benefício com a idade, que era de 60 anos para o homem e 55 para a mulher. Então é esse papel todo que o Sindicato faz: de ir às ruas e defender a agricultura, o associado.  

OF: Qual foi o critério de escolha para cada um dos nomes que integram a chapa? 
Pagno: Em primeiro lugar, para poder participar desse processo tem que ser sócio do Sindicato, então tem toda uma questão que a própria Fetag coloca um percentual entre mulheres e jovens, que tem que fazer parte da composição da chapa, e isso tudo nós respeitamos, tanto percentual de mulheres – que até a nossa vice é uma mulher, Diana Rossi, de Nova Pádua – e também a questão dos jovens. Eu não faço distinção nenhuma entre ser mulher e não ser mulher, eu acho que não é o sexo que vai determinar a capacidade, mas enfim, nós respeitamos essas questões de cotas, tanto dos jovens como das mulheres e fomos atrás de pessoas, sócios, que a gente entende que vão dar o seu melhor perante o Sindicato e na defesa dos interesses dos agricultores.
OF: Como ocorreu a indicação do seu nome à presidência?  
Pagno: Quando começou esse processo de renovação, dentro do próprio Sindicato e na atual Diretoria, isso já vem se falando há praticamente dois anos, quando o Olir comunicou que não faria mais parte e então surgiram sugestões de nomes e as ideias foram amadurecendo. No final nós achamos que era uma obrigação da atual diretoria indicar uma chapa que participasse e, esse processo todo, culminou com o meu nome sendo escolhido. Foi praticamente unânime entre a atual Diretoria e isso nos deixou muito felizes, um pouco assustados também, claro, porque se sabe de todo o trabalho que o Olir tem como presidente, que é uma vida de lutas e de conquistas. Então só o fato de podermos substituir ele já assusta, pelo bom trabalho que ele fez, e isso também nos coloca em uma certa responsabilidade de fazer um bom trabalho. Mas é gratificante, vamos lá!

OF: Se eleito, quais devem ser os primeiros passos à frente da entidade?
Pagno: Tem essa eterna luta pelo preço mínimo da uva e isso nunca vai deixar de ser um debate, mas acredito que precisamos rever um pouco todo esse processo, porque se luta pelo peço mínimo, mas, eu penso que tem que haver uma organização maior em todo o processo produtivo e uma aproximação com as próprias vinícolas. Vejo que o setor tem que ser mais sustentável, claro que é um negócio e são dois setores que visam lucro, é normal isso, mas acho que dá para conciliar um pouco e os dois crescerem juntos. Eu vejo, hoje, que um depende do outro: o agricultor depende da vinícola e a vinícola depende do agricultor, mas, de certa forma, existe uma “briga” constante e o ideal seria tentar melhorar essa relação e organizar um pouco a produção. O Sindicato não tem poder para isso, porém, pode orientar em ampliar ou não a produção, se temos demanda para mais hectares de uva plantada, ou não. A gente sabe que quanto maior a oferta, menor o valor do produto, essa é uma lei do mercado e não tem preço mínimo que vai interferir nisso. Então todo esse processo eu acredito que pode ser, talvez, melhor avaliado, poder ter uma aproximação nessa relação entre produtor e vinícola. 
Em situação disso, propor novas opções, uma diversificação, é muito centralizado na produção da uva. Vamos fazer alguns estudos e talvez outros produtos possam ser plantados aqui, ou até possamos incentivar que o agricultor consiga agregar mais valor ao seu produto, ao invés de só pensar em produzir e, que possa transformar um pouco esse produto. Por exemplo, eu e dois ou três vizinhos nos juntamos e montamos uma fábrica de sucos, uma pequena vinícola – nós tínhamos antigamente inúmeras pequenas vinícolas e isso tudo acabou. Só que sozinho a gente não consegue mais fazer isso, é difícil, por isso a união é muito importante. Eu sempre cito outro exemplo, que nós temos um maquinário, o espalhador de esterco, que hoje no mercado deve custar em torno de R$ 30mil, e é um equipamento que o agricultor vai usar uma semana em um ano, depois ele fica ocioso 11 meses ou mais. Então é essa cultura que nós, talvez, tenhamos que mudar um pouquinho. Pensar que vai ter um equipamento que vai usar uma semana por ano, mas se comprasse com mais três ou quatro vizinhos, isso iria diluir os custos e o serviço iria acontecer da mesma forma.
Sabemos também de toda a dificuldade para que isso seja aceito, mas vamos tentar trabalhar para ter mais aproximação. Temos uma nova geração de agricultores, de pessoas mais jovens e talvez com uma mentalidade um pouquinho diferente e vontade de trabalhar diferente. Está tendo uma renovação na agricultura também e Flores da Cunha, eu diria, está um pouco atípica, porque a gente vê que muitos jovens estão deixando a agricultura, mas, aqui, de certa forma, está se conseguindo manter eles. Só nesse ano, para termos uma ideia, tivemos em torno de 70 novos associados ao Sindicato, e são todos jovens, entre 18 e 22 anos. Então se eles estão se associando é sinal que continuam trabalhando na agricultura e isso é muito importante até pela sucessão familiar da propriedade e pela continuidade dos trabalhos.

Chapa inscrita 

Diretoria 
Efetivos 
Presidente: Ricardo Pagno 
Vice-Presidente: Diana Rossi 
1º Secretário: Fabiane Veadrigo 
2º Secretário: Sidnei Trentin 
1º Tesoureiro: Alexandre Bombardelli 
2º Tesoureiro: Andrei Vezzaro 
Suplentes 
Luciane Lorenzet Toscan 
Leandro Viasiminski 
Daniel Giotti

Conselho Fiscal 
Efetivos 
Joel Caldart 
Raquel Mascarello 
Jones Ravizzoni
Suplentes 
Adriane Bernardi 
Vanderlei Pan 
Beatriz de Cesaro

Ricardo Pagno integra a Diretoria do STR há oito anos. - Karine Bergozza
Compartilhe esta notícia:

Outras Notícias:

0 Comentários

Deixe o Seu Comentário