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O Talian é pop! Filme conta os 40 anos do Miseri Coloni nos palcos

O documentário estreia nesta sexta-feira, dia 24, pela TV Câmara de Caxias

A trajetória do Miseri Coloni – cujo significado, mais do que simples tradução, remete aos “pobres colonos” – é contada no documentário Miseri Coloni – 40 anos de Talian no palco. O filme tem 53 minutos de duração, com direção de André Costantin, realização da Associação Cultural Miseri Coloni, em parceria com a produtora Transe Lab.

Há 40 anos, era impensável que uma língua de origem camponesa, reprimida por muito tempo nos âmbitos oficiais da sociedade e por vezes praticada até com alguma vergonha pelos seus falantes, pudesse tornar-se matéria-prima de uma experiência artística potente, duradoura e pioneira na cultura brasileira.

Mas esta é a história que foi escrita – e sobretudo recitada e cantada – pelo grupo teatral Miseri Coloni, no amplo território simbólico do Talian – a língua comum da imigração italiana no sul do Brasil. Nestas quatro décadas de vibração cênica, o Miseri Coloni montou nove espetáculos, chegou às incríveis marcas de 495 apresentações e 161.100 espectadores. Depois de 40 anos, não resta dúvida: o Miseri Coloni e o Talian são pop!

Falado em Português e Talian, o documentário terá estreia ao público local na sexta-feira, dia 24, pela TV Câmara de Caxias, às 19hs, com reprise no dia 26, às 13hs (Canal 16 da NET). Para outubro, serão programadas sessões públicas presenciais. O filme integra a safra de realizações do Edital Criação e Formação Diversidade das Culturas, da Secretaria da Cultura do Rio Grande do Sul (Sedac) e Fundação Marcopolo.

Ancorado em um conjunto de inéditos registros da memória do grupo Miseri Coloni, o filme entrelaça as histórias das atrizes e atores no universo simbólico e de resistência da língua Talian. Múltiplas vozes formam uma teia narrativa espontânea, emocional e, claro, entrecortada por performances e improvisações dos protagonistas.

A cada depoimento e memória, entendemos porque o Miseri nasce na órbita de Caxias do Sul, no início dos anos 1980, mas logo torna-se um patrimônio regional e brasileiro. Histórias e ícones da cultura popular, antes guardados apenas na oralidade, renasceram com o Miseri Coloni. O caso mais emblemático foi o resgate da figura de Nanetto Pipetta, em 10 anos de sucesso absoluto e muito riso entre plateias do Brasil – e também em turnê pela Itália.

Ainda antes do filme O Quatrilho, de 1996, levar ao Brasil e à premiação do Oscar uma certa atmosfera cultural da imigração italiana no sul do Brasil, o Miseri Coloni já adaptava e encenava com maestria o romance homônimo de José Clemente Pozenato.

E foi assim que o Miseri dialogou nesse tempo com amplos espectros da cultura, seja dando vida a remotas arqueologias populares ou em enredos oriundos de criações artísticas e pesquisas de mitologias, do cancioneiro, de literaturas clássicas e periféricas – mas sem jamais esquecer da vida e da linguagem dos pobres colonos, essência fundadora do Miseri Coloni.

Gravação com João Tonus, na sede do Miseri Coloni, em Caxias do Sul. - Divulgação
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