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Para desfilar traços e cores

Otávio Rocha está mobilizada na confecção dos carros alegóricos para a Fecouva

Depois da apresentação dos trajes e do cartaz da 14ª Festa Colonial da Uva (Fecouva) e  4ª Festa do Moranguinho de Otávio Rocha, no dia 14, agora é a vez da comunidade colocar a “mão na massa” e encantar a todos com os tradicionais carros alegóricos que devem levar muita história, alegria, interação, religiosidade, tradição e o melhor da gastronomia às ruas do distrito florense, nos dias 13 e 20 de fevereiro.  
Para proporcionar este espetáculo aos visitantes, os preparativos para a confecção das 25 alegorias iniciaram no último sábado, dia 22, e tudo deve ficar pronto até 5 de fevereiro, uma semana antes do início da Fecouva. Nesta edição, além da sede, seis comunidades (Travessão Carvalho, Capitel São João, São Francisco, São Luis, Santa Justina e Linha 60) e três entidades (JUCRI – grupo de jovens, Clube de Mães e Escola Francisco Zilli) estão envolvidas na produção dos carros. 
“Nós, do Travessão Carvalho, vamos representar o menarosto, como de costume, que é uma das tradições mais bonitas e sempre reunia, antes da pandemia, várias pessoas, além de ser muito bem visto por Flores da Cunha. Os jogos típicos que acontecem nas festas e na comunidade também serão representados. Teremos os cavalinhos, que sempre era algo bem festivo para as crianças; o quatrilho, que costuma ser jogado nos domingos pelos homens; a mora, que é bem tradicional; o jogo de bochas, e; acredito que teremos também o sindicato, que é um jogo de argolas com premiações”, explica a presidente do Clube de Jovens de Otávio Rocha, gestão 2022,  Maiara Molon Brunhar, de 20 anos. 
Com a missão de colocar tudo isso em uma plataforma de 9x3m a entidade envolverá, no total, cerca de 40 pessoas, – integrantes da comissão da capela do Travessão Carvalho, do Clube de Jovens e do Clube de Mães. “Nós dividimos um pouquinho cada parte: a confecção do menarosto, direto da churrasqueira; logo após a cozinha, com o macarrão, a maionese e a salada, onde envolvemos o Clube de Mães. Vamos trabalhar, ainda, com uma espécie de convite para alguns turistas que estiverem lá, chamaremos eles para ficar em cima do carro e prestigiarem o menarosto que nós iremos servir”, detalha Maiara. 
Como em uma verdadeira festa de colônia, não poderia faltar o tradicional rifão, no final, acompanhado de um café preto com biscoitos ou grostoli. “No chão vamos ter o rifão interativo com as pessoas, logo após os cavalinhos ou um outro carro para levar as mesas com os jogos do quatrilho, bochas e mora. Nós tentaremos ser bem interativos, mas seguiremos todos os protocolos de prevenção ao Covid-19, é claro. Também teremos a distribuição de saquinhos com biscoitinhos, que foi o que achamos mais viável dessa vez, por conta da pandemia”, destaca a estudante de Educação Física. 
Cuidados e responsabilidade que só aumentam quando sabemos que o Travessão Carvalho é a entidade da rainha, Marília Cagnin. “Nós estamos com ela desde que aceitou o convite, até quando ganhou como rainha e é muito gratificante, eu fico muito feliz. O sentimento de estar no carro e representar a comunidade dela é muito bom porque sabemos que temos tudo para fazer um trabalho muito bonito e bem feito, com muita interação, que é uma das nossas principais características”, empolga-se Maiara.
A jovem, que desde criança foi incentivada pela família a participar das atividades da comunidade, também atuou na última edição da festa, quando o tema escolhido pelo Travessão Carvalho foi o filó. Hoje, ela motiva outros jovens a se engajarem nas tradições:  “Não somos em muitos, mas estamos sempre tentando fazer alguma coisa, deixar esse espírito de comunidade bem presente, de unir, de ter todos os jovens juntos, porque eu vejo que ainda tem poucos clubes com jovens, geralmente são os pais que vão trabalhar no salão”, finaliza a florense.

A uva e a fé

Além da gastronomia típica italiana, da animação das festas de colônia e do entretenimento dos jogos, Otávio Rocha tem como um de seus fortes pilares a fé. Por isso, a religiosidade trazida pelos imigrantes não poderia ficar de fora dos desfiles.
“O tema do nosso carro é a Nossa Senhora da Uva. Nós vamos colocar a Nossa Senhora no centro e, ao redor, algumas crianças vestidas de anjo, com asas, representando a importância dela, pela santidade, que é algo da fé das pessoas e, depois, vamos enfeitar com flores, panos coloridos e alguma coisa relacionada à religião. Também teremos algumas pessoas do clube caminhando ao lado do carro”, relata a presidente do Clube de Mães Santa Rita de Cássia, de Otávio Rocha, gestão 2022, Fatima Isoton Galiotto, de 61 anos.
A confecção começou na segunda-feira, dia 24, e nos próximos dias o carro de 6x2m já deve estar finalizado com a ajuda de, no mínimo, 10 pessoas que integram a diretoria do Clube de Mães do distrito e, algumas voluntárias dentre as 58 associadas à entidade. “A montagem está sendo feita à noite porque tem várias pessoas que trabalham na colheita da uva, outras têm suas atividades também e ajudam conforme podem, nos fins de semana”, destaca a agricultora que complementa revelando que o material da santa é madeirite e a imagem, que já foi utilizada em desfiles de outras cidades, como Caxias do Sul, tem em torno de 1,5m de altura.
“Uma novidade é que estamos pensando em colocar uma mulher para dirigir o trator que vai levar a Nossa Senhora da Uva, se conseguirmos porque o pessoal vai estar envolvido com o desfile, na preparação da alimentação e também em uma banca que vamos ter na festa, para vender lanches. Seria a primeira vez que uma mulher dirigiria o trator que levaria a Nossa Senhora da Uva”, salienta Fatima. 
De acordo com a tesoureira do Clube de Mães, Rosane Maria Caldart Zorzin, de 61 anos, as integrantes estão avaliando se irão distribuir alguma coisa no desfile – como um santinho de Nossa Senhora da Uva – pois estão e vão continuar tomando todos os cuidados em relação à prevenção da Covid-19.  
“O carro da Nossa Senhora da Uva representa o amor e, justamente essa união do Clube de Mães com o carro de Nossa Senhora da Uva, vai resultar em algo único. Esse sentimento me reporta à primeira Fecouva de Otávio Rocha, que o meu pai, Francisco Caldart, e a minha mãe, Adelia Sgarioni Caldart, foram presidentes, quando inaugurou a primeira igreja aqui, em 1966. Eu gosto de dar essa continuidade, dessa alegria, das pessoas que vem nos visitar, isso é muito bom”, lembra a auxiliar administrativa, ao mesmo tempo em que reforça seu envolvimento com a comunidade e a festa. 
“Acho que isso vem de berço e é um sentimento bem bacana porque estamos sendo úteis. Não somos só úteis dentro de casa, percebemos que as pessoas reconhecem o nosso valor, então nós, do Clube de Mães, ficamos muito felizes com esse convite”, revela Rosane. 
Para a vice-presidente do Clube de Mães, Vilma Sartor, de 70 anos o sentimento não é diferente. “Eu me sinto muito gratificada porque ainda podemos auxiliar e têm pessoas que não tem possibilidade, como temos essa disposição, ajudar é muito gratificante. É uma emoção enorme”, empolga-se.
A costureira já desfilou em outras ocasiões, como na última festa em que participou no carro “O Escritor”, que homenageava Floriano Molon, natural de Otávio Rocha. Ela lembra que a plataforma tinha a Nossa Senhora da Uva e vários livros, de diversos tamanhos, indicando o escritor.
Vilma, que já foi presidente do Clube de Mães por cinco vezes e está envolvida com os trabalhos da igreja, frisa que elas não têm tempo a perder, uma vez que a festa está logo aí e o espírito de comunidade deve prevalecer. “Ajudando parece que nos sentimos melhores e eu digo assim, que o que fizemos com amor, não cansamos”, conclui, emocionada. 

Grupo de Jovens reunido para manter as tradições locais.  - clube de jovens / Divulgação
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