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Projeto de Lei prevê multas contra os maus-tratos de animais

Expectativa é que proposta do novo Código Municipal de Proteção ao Animais seja votado pelos vereadores nas próximas semanas.

Demanda antiga da causa, Flores da Cunha está em vias de criar um Código Municipal de Proteção aos Animais. O projeto de lei 55/2024 está sob análise da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Vereadores. O documento possui 25 páginas e 20 capítulos que preveem a defesa dos direitos dos animais, o controle de populações e as punições para maus-tratos.

O texto depende da aprovação do Poder Legislativo. Há expectativa que o debate e votação no plenário aconteça na próxima segunda-feira (11). Além de ser uma base jurídica, o intuito do Código Municipal é estabelecer um padrão de cuidado e respeito aos animais.

— É (necessário) para termos uma diretriz de como as pessoas devem cuidar dos seus animais. Hoje em dia, o cuidado com o animal é muito diferente do que antigamente. As pessoas viam os animais de outra forma. Hoje há um novo olhar sobre os bichinhos e como precisamos ter esse cuidado com eles. Será uma lei e quem descumprir essa lei, no caso, estará previsto penalidades que antes não tínhamos — aponta a vereadora Silvana De Carli, relatora da Comissão e porta-voz da causa animal.

O Código prevê ainda a criação de um Conselho Municipal de Proteção aos Animais, que atuará como um órgão de consulta. Esse conselho será composto por representantes do Poder Público, organizações não governamentais e cidadãos interessados, com a responsabilidade de monitorar e propor políticas efetivas na proteção dos animais.

O documento lista 26 ações que são consideradas maus-tratos aos animais e suas devidas sanções e penalidades administrativas. As penas variam de 10 até 110 Unidades de Referência Municipal (URM). Conforme última atualização da prefeitura, o URM está em R$ 38,75. Portanto, hoje, as multas variam de R$ 387,50 até  R$ 4.087,50.

A privação das necessidades básicas, entendidas como alimento adequado à espécie e água, por exemplo, tem multa de 15 URMs (R$ 581,25). Agredir ou provocar sofrimentos em animais terá multa de 70 URMs (R$ 2.725,00) e perda da guarda do animal. A maior pena prevista é para exercitar ou conduzir animais presos a veículos motorizados em movimento.

O projeto de lei também prevê que todos os custos inerentes ao tratamento veterinário e recuperação do animal vítima de maus-tratos serão atribuídos ao infrator. Vale lembrar que as multas administrativas não alteram ou prejudicam as sanções penais cabíveis aos crimes relacionados.

Os casos serão analisados por a Comissão contra os maus tratos animais que será instituída através de portaria. Os valores provenientes das multas aplicadas deverão ser utilizados para ações e aquisições para a proteção dos animais.

O apoio da Upeva

Em Flores da Cunha, a referência para causa animal é a ONG União Pela Vida Animal (Upeva). O grupo de voluntários é responsável por 200 cães no canil municipal e 70 gatos, além de promover castrações, combater o abandono e até receber e encaminhar denúncias de maus-tratos.

Em sua trajetória, desde 2008, a Upeva pesquisa legislações e busca por este regramento municipal. As voluntárias consideram que a criação do Código como "extremamente importante" para combater casos de violência. Elas lembram de inúmeras situações que se depararam, mas não havia um embasamento para punir o agressor.

— A questão dos maus-tratos nos preocupa muito. Como ONG, não temos nenhuma autoridade para coibir estas ações. Precisamos ter um amparo das leis, só que a legislação sempre foi muito deficiente e ficavamos reféns — aponta Alessandra Yuli, que atua desde 2017 na Upeva.

As voluntárias lembram que muitos municípios da Serra já haviam encaminhado Códigos semelhantes. Por isso, a buscapor esta legislação municipal mais específica e capaz de realmente ajudar na causa.

— Esperamos muito que essa lei seja aprovada e posta em prática. É preciso esse engajamento. Precisamos da lei, mas também precisamos da fiscalização e das denúncias da comunidade. É todo um conjunto, que trabalhamos há muitos anos, para construir na sociedade florense — corrobora Neura Calgaro, uma das fundadoras da Upeva.

Voluntários da Upeva, que abriga animais abandonados, lutavam há anos por uma legislação municipal - Antonio Galvão
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