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Safra 2020: Entidades estão otimistas

Agavi, Sindivinho e Uvibra comemoram safra e falam das perspectivas para o futuro

“Talvez essa seja a melhor safra dos últimos 60 anos”.
A declaração de Leocir Luvison, presidente da Associação Gaúcha de Vinicultores, que congrega cerca de 50 produtores de vinhos de mesa e sucos de uva, dá a dimensão da importância da colheita deste ano para um setor que movimenta milhares de famílias no Rio Grande do Sul e em diversos Estados brasileiros. “Era para ter sido uma safra razoável, mas, em função da estiagem nos meses de novembro e dezembro, elevou a concentração de açúcar na fruta”, continua o produtor.
Embora em menor quantidade, a qualidade das uvas superou as melhores expectativas. E, aliando aos investimentos em tecnologia por parte das vinícolas, os produtos resultantes desta equação têm tudo para surpreender o paladar e o olfato dos consumidores.
“Tivemos uma safra pequena, de altíssima qualidade, associada a um acontecimento extraordinário como a pandemia. No início, em março e abril, as vendas caíram na ordem de 40%, mas nos meses seguintes, com as pessoas mais tempo em casa, voltando a preparar a própria refeição e rodando menos de carro, as vendas voltaram a crescer. Começamos a focar em ações de marketing no sentido de valorizar o produto local para fortalecer a economia, e o consumidor acabou aceitando essa mensagem”, avalia Luvison.

Perspectivas
Para o presidente do Sindicato da Indústria do Vinho, do Mosto de Uva, dos Vinagres e Beb. Derivados da Uva e do Vinho do Estado do Rio Grande do Sul (Sindivinho), Júlio Fante, um dos desafios do setor é continuar crescendo com produção de qualidade e mantendo o mercado abastecido em todas as partes do país. Segundo o empresário, nos próximos meses ainda deve haver certa dificuldade para atender alguns segmentos, dentro do próprio setor vinícola. 
Fante explica que a demanda por espumantes está um pouco abaixo do previsto, em função do cancelamento de eventos em decorrência da Covid-19. Já os vinhos tiveram nos últimos dois ou três meses um crescimento bastante significativo no consumo. “O que nos preocupa no momento são os vinhos de mesa. A última safra, de 2019, foi média, com menor produção. Boa parte das uvas foi direcionada para sucos. Em razão disso, os estoques já eram mais baixos e, com o atual aumento no consumo de vinhos, eles diminuíram ainda mais. Mas acredito que a nova safra (2020) há de se suprir esta defasagem”, calcula.

Presente da natureza
À frente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Deunir Argenta, classifica a safra 2020 como “um presente da mãe natureza. É o grande diferencial que toda vinícola precisa para colocar no mercado o melhor do terroir brasileiro”. Conforme o gestor, a superioridade da vindima deste ano já pode ser percebida nos espumantes, vinhos brancos, rosés e tintos jovens que já começaram a chegar ao mercado e realçam os terroirs e as particularidades de cada variedade de uva.
“Nossa grande expectativa é em relação aos vinhos nobres, de guarda, que permanecem amadurecendo em barricas de carvalho. Acreditamos que, com a qualidade da matéria-prima que tivemos este ano, esses vinhos certamente vão fazer história. Conforme os enólogos, esta foi uma safra sonhada, em que cada profissional tem o desafio de fazer o vinho da sua vida”, projeta Argenta.
Para ele, um dos principais desafios do setor vitivinícola brasileiro é aumentar o consumo de vinhos no mercado interno, o que vem acontecendo gradativamente diante da valorização dos rótulos nacionais pelos próprios brasileiros. “O mundo já reconhece nossos espumantes, isso é fato, e agora começa a olhar para nossos vinhos tranquilos com outros olhos. Isso tudo reflete positivamente aqui no Brasil. Os investimentos das vinícolas em enoturismo, com as experiências geradas em torno do vinho, tem aproximado o consumidor do setor, fazendo-o degustar, e aí sim, ter sua própria opinião”.
Outro importante desafio, na opinião de Argenta, é a luta por melhores condições de competitividade. “Mesmo sendo um produto agroalimentar, rico em cultura e história, o Brasil não reconhece o vinho como alimento, como muitos países já o fazem. Temos uma longa caminhada neste sentido, mas temos a convicção de que o universo do vinho vai muito além de uma taça”.

 - Arquivo O Florense
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