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Um bairro movido pelo ‘viver em comunidade’

Mais de 800 famílias vivem no São José

O bairro São José pode ser considerado um dos mais antigos de Flores da Cunha. No local se estabeleceram os primeiros imigrantes italianos na Vila de Nova Trento. Em 1877, as 30 famílias que aqui chegaram vindas do Vêneto, Piemonte e Lombardia fundaram dois povoados: São Pedro (onde hoje está o Centro) e São José (atual bairro). 
A localidade teve seu desenvolvimento nos últimos 35 anos, quando começou a ser estruturado o salão comunitário, em 1987, e no ano de 2003, onde foi dado o pontapé inicial para a edificação da igreja em homenagem a São José Operário. 
Casados há 43 anos, Erci Massoni Reginato, 65 anos, e Adão Reginato, 67 anos, se mudaram do Travessão Alfredo Chaves para o bairro São José, em 1998. “Compramos aqui e era só mato. O dia em que eu vim conhecer, eu juro que não chorei para não decepcionar ele”, conta Erci ao lado de seu esposo. “O interior era quase mais urbano que a cidade. Onde morávamos tinha quatro casas e aqui não tinha nenhuma”, declara o casal, lembrando que para cima tinha a família Forlin e para baixo os Machado. “Nesta faixa do meio não tinha ninguém”, relembra eles que residem na Rua Jonh Kennedy, próximo a Igreja e o salão do bairro. 
Segundo os moradores, o bairro era uma colônia, terra de um Giordani. “Aqui era tudo parreiral e essa família loteou. Ficou um lugar muito bom, mas era muito morro. Tinha estrada de chão que, malemal passava um carro”. 
Erci e Adão lembram que quando liberou para a construção, eles e mais algumas famílias começaram a fazer suas casas. “A maioria veio da colônia. Hoje não trocaria esse lugar por nada. Mas quando viemos morar aqui eu tinha muito medo. A rua não tinha iluminação, tínhamos água, mas não tinha esgoto. E era mato e mais mato”, declara a cortadeira. 


O casal lembra também do Chaparral, um clube que tinha no bairro, e a Pousada do Galo. “Depois que começaram, aqui se tornou um bairro de bastante movimento”, relatam. Hoje, no São José, está localizada a sede da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), a Escola Municipal de Educação Infantil Santa Terezinha e a sede do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil e do Mobiliário (STI). No entorno, quase na divisa com outras localidades, está também o Letto Hotel. 
Erci ainda lembra que Giordani, o dono da terra, era devoto de São José, e doou um terreno para fazer um capitel. “Como foi se vendo que o bairro ia aumentar muito, pensamos que não valeria a pena fazer apenas um lugar para oração. Assim, foi feito uma permuta do terreno onde atualmente é o salão da comunidade”.  
O casal, que sempre foi e ainda é muito atuante na comunidade religiosa, conta que foram anos para construir o salão. “Desde a primeira festa estamos ajudando”, enaltecem eles que também celebram a colaboração dos moradores do bairro. “O pessoal que vem do interior do nosso município vem com uma índole de comunidade, porque nascemos vendo nossos pais, nossos avós, trabalharem dentro da comunidade e eles nos ensinaram que comunidade é muito importante”, enfatizam.
E esse viver em comunidade é que engaja e movimenta o bairro. São mais de 70 pessoas trabalhando em prol da igreja e do salão do bairro nos dias de hoje. “Precisamos ter uma comunidade para nos apoiar. Quem tem chance de viver em comunidade, vivam. A comunidade se faz necessária”, enaltece Erci. 
Após a construção do salão, uma nova iniciativa: a comunidade queria uma igreja. Uma nova permuta de terrenos iniciou e, conforme o casal, a comunidade poupou, fez festas, buchadas, além de 18 carros rifados para fazer a construção do templo religioso. “Aqui em casa tinha mais número de rifa do que dinheiro”, brinca Adão. Foram 12 anos de trabalho árduo para hoje comemorar o que o bairro possui. 
“Estamos realizados com a comunidade que temos, tivemos o privilégio de ter tido um lugar maravilhoso, porque não existe aqui uma comunidade que tem um espaço aberto, lugar para estacionar como o nosso”, declaram. 
Conforme Adão e Erci, em torno de 800 famílias formam o bairro. “Também temos o bairro Morada do Camping que participa da nossa comunidade, já que eles não têm igreja e catequese”. 
São 25 ruas que ligam as quadras e o São José à outras localidades. Seus limites territoriais são com os bairros Morada do Camping, Colina de Flores, Centro, Vindima, Vêneto e Nova Roma.
 

Adão e Erci são atuantes na comunidade desde que se mudaram do interior para o São José.  - Karine Bergozza
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