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Um espaço para recordar a colonização

Museu Família Conz foi inaugurado no bairro Videiras, em Flores da Cunha. Visitação pode ser feita mediante agendamento

A história de uma casa e de quem viveu nela está devidamente registrada no bairro Videiras, em Flores da Cunha, com a inauguração do Museu da Família Conz. Por iniciativa do aposentado Orfeu João Conz, 77 anos, a moradia que abrigou o bisavô Agapito Conz, e seus descendentes, agora pode ser visitada pela comunidade interessada em conhecer um pouco mais sobre a imigração italiana no município.

Numa solenidade para convidados no final da tarde do dia 17 de março, a maioria familiares, Orfeu contou, entre outros detalhes, que o bisavô Agapito chegou em 3 de março de 1878 à vila que hoje é Flores da Cunha, originário de Belluno, com 41 anos e casado com Maria Conz. Distante 50 metros do Museu, o imigrante ergueu a primeira residência que fora destruída por uma tempestade em 1883. Naquela época ele teria dito que construiria a nova morada tão robusta que resistiria a qualquer intempérie. Ele era tanoeiro e marceneiro. Agapito cumpriu a promessa.

As largas tábuas de madeira das paredes e do piso foram testemunhas da vida de quatro gerações – o bisavô Agapito, o avô Tarcilo, o pai Diógenes e o bisneto Orfeu residiram na moradia. Orfeu viveu nove anos ali, dos oito aos 17 anos, originalmente chamada de casa de dormir, pois na propriedade a cozinha ficava numa casa anexa. “Quando chovia tinha que pegar guarda-chuva ou correr para ir comer”, recorda Orfeu, sorrindo. Ele conta, com orgulho, que o bisavô foi conselheiro municipal de Caxias do Sul de 1890 a 1896, representante do distrito de Nova Trento – cargo equivalente hoje ao de vereador.

A reforma durou dois anos, quando foi recuperado o telhado, o sótão, vigas e o porão. Segundo Orfeu, a parte mais demorada foi a cobertura, toda em madeira. “É uma tradição que está mantida. Eles viveram naquela época e fizeram isso que estamos vendo com muita fé. Que sirva de exemplo para as futuras gerações”, pontua o bisneto. Para recordar a religiosidade dos imigrantes, Orfeu também construiu uma capela em honra a Nossa Senhora de Lourdes.

Entre o que pode ser conferido no Museu Família Conz estão móveis e utensílios domésticos, pipas e ferramentas. Uma sala de jantar e um quarto foram adequados com as peças existentes, além de uma despensa. No corredor de entrada, abaixo de um quadro de Jesus Cristo, chama a atenção uma parte de uma Bíblia em italiano trazida pelos imigrantes, colocada ao lado de um antigo lampião. A inauguração foi abençoada pelo frei Reynaldo Pasinatto. A visitação pode ser feita mediante agendamento pelo telefone 3292.1227.


 

Bíblia trazida pelos imigrantes iluminada por um lampião. - Fabiano Provin/OF Orfeu João Conz, no quarto onde dormia, restaurou a moradia que abrigou o bisavô Agapito Conz e seus descendentes. - Fabiano Provin/OF Amigos e familiares foram registrados durante a solenidade pelo fotógrafo Ruy Boff. - Fabiano Provin/OF  - Fabiano Provin/OF Detalhe do quarto. - Fabiano Provin/OF Ferramentas utilizadas pelas quatro gerações. - Fabiano Provin/OF Frei Reynaldo Pasinatto durante a bênção ao casal Orfeu e Maria Conz, em frente à gruta de Nossa Senhora de Lourdes. - Fabiano Provin/OF
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