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Uma justa homenagem a uma ‘cidadã florense’

Irmã Maria Bernarda de Cristo Rei recebe, nesta quarta-feira, dia 11, o título de Cidadã Florense, mesma data em que comemora 89 anos

Com uma face angelical e um carisma que transborda por seus olhos, Giuditta Maria Franca Cursano, a Irmã Maria Bernarda de Cristo Rei, receberá nesta quarta-feira, dia 11, na Câmara de Vereadores, o título de ‘Cidadã Florense’ pelos relevantes trabalhos prestados ao município. A irmã Clarissa Capuchinha se destacou na área religiosa de Flores. A data especial também marca a passagem dos seus 89 anos de vida, que serão festejados no dia 11. A solenidade ocorre às 19h, na Sala de Sessões Olindo Carlos Toigo. O autor da homenagem foi o suplente de vereador Jorge Luis Rizzon de Godoy (Progressistas), que assumiu a vaga do vereador César Ulian, de 15 a 31 de julho. 
Nascida em 1930, na cidade de Prátola Pelinha, região de Abruzzo, na Itália, Irmã Bernarda, também conhecida como Franca, sempre foi muito apegada a religiosidade e vivia na tranquilidade da cidade com sua família, os pais Angelo e Ana Di Loreto Cursano, e os irmãos, Maria Cristina e Savério. Porém, o início da Segunda Guerra Mundial traz recordações tristes para a religiosa. “Era um momento difícil, de apreensão. Sempre tínhamos medo de um novo bombardeio. Foi um período horrível”, recorda. 
Com 14 anos, Franca começou a refletir sobre o futuro. Na infância, queria ser médica, ir para a África e curar o povo de lá, mas com o passar dos anos iniciou a vida de oração e resolveu cursar Direito. “Comecei a aprofundar mais a fé e foi uma busca constante. O Senhor já sabia os meus próximos passos”, revela. Em todo esse tempo ela tinha crescido em conhecimento e fidelidade à fé, e decidiu pela consagração no Instituto Secular das Missionárias da Realeza de Cristo Rei, de espiritualidade Franciscana. 
No dia 17 de setembro de 1962, aos 32 anos, entrou para o Mosteiro e passou a chamar-se Irmã Maria Bernarda de Cristo Rei. “Quando entrei para o Mosteiro, em Roma, recebíamos o nome da última Irmã que tinha morrido. Era a Maria Bernarda, que havia entrado para o Mosteiro no dia de Cristo Rei. E Cristo Rei era o nome do Instituto que eu frequentava quando me aprofundei na ação católica. Então, ficou Maria Bernarda de Cristo Rei. Lembro que na primeira noite no Mosteiro, estava embaixo das cobertas, e eu cantava de felicidade porque era Jesus que me chamava com todas essas combinações que tocavam o meu coração”, relembra, emocionada.  
Após 17 anos, o Ministro Geral da Ordem dos Capuchinhos, Frei Pascoal Rywalski, visitou o Capítulo das Esteiras no Rio Grande do Sul, e ao constatar que a Província Capuchinha era florescente e rica em atividades, sugeriu a presença de Irmãs contemplativas, orantes por vocação. Diante da ideia, o Ministro Provincial, Dom Ângelo Salvador, logo pediu a Federação Italiana auxílio, que na época enviou cinco irmãs, entre elas Irmã Bernarda. “Uns dias antes da viagem ao Brasil, o Papa João Paulo II estava visitando a nossa paróquia e o pároco contou que estávamos de viagem. E ele veio nos visitar e dar a sua proteção, e ainda disse que não importava estar perto, importava estarmos unidos”, conta.
A Irmã revela que amava muito a região de Vêneto, na Itália, pela beleza do lugar e também por achar os homens altos e bonitos. “Tinha uma simpatia especial por lá e quando recebi a notícia que viria ao Rio Grande do Sul, no Brasil, não imaginava nada. Mas quando cheguei, encontrei a Itália, os vênetos estavam no Brasil”, recorda com brilho nos olhos.  
As cinco irmãs chegaram ao país em 21 de janeiro de 1979. No início, moraram em uma pequena chácara oferecida pelas Irmãs de São José, em Caxias do Sul. Neste período, também acompanhavam a construção do Mosteiro Nossa Senhora do Brasil, em Flores da Cunha, que foi inaugurado em 8 de dezembro de 1981 com missa campal. “No início foi bastante sofrido, deixamos nossa família e senti saudade. Mas foi uma experiência muito animadora. Foi graça sobre graça, porque cresce o amor, cresce a fé, cresce a esperança”. 
No ano de 2000 recebeu o convite do bispo de Macapá, no Amapá, para acompanhar a fundação de um Mosteiro na cidade. Em 5 de agosto de 2003, Irmã Bernarda, acompanhada de mais cinco irmãs, iniciaram a construção do Mosteiro dedicado a Santa Verônica Giuliani, que foi inaugurado em 30 de março de 2008. Após 11 anos vivendo no Amapá, em novembro de 2014, a religiosa retornou novamente a Flores e de onde não pretende sair mais. “Ser reconhecida como cidadã florense foi uma surpresa. Um presente muito belo. Agradeço de todo o coração”, declara. 
Aos 89 anos e feliz da vida por sua escolha vocacional, Irmã Bernarda com uma folha de papel nas mãos, onde consta um texto escrito sobre sua vida, profere que “a vida por entre os saltos que via e a guerra destruidora que vivi, com sofrimento e morte, fazia-me refletir, até que um dia, na Santa Missa, fizeste-me entender que as coisas caducas desta terra só tu, só o teu caminho leva a salvação. Foi graça sobre graça desde então. E agora vejo que a tua presença dirigiu meus passos para o Brasil e para o teu imenso coração, para a tua adorável divina pessoa de veste humana. Creio no Senhor Deus meu. Creio sempre mais profundamente, homem gerado pelo espírito e Maria divinamente. Creio, me entrego, te adoro, amor da minha alma, Cristo Rei coroado de espinhos”.

Cidadão Florense

O regimento interno da Câmara de Vereadores de Flores da Cunha dispõe que os vereadores podem conceder títulos honoríficos. Entre eles, o Cidadão Florense “concedido a pessoa nascida ou não em Flores da Cunha, que atuando ou desenvolvendo alguma atividade nos setores cultural, industrial, político, assistencial, religioso e educacional, seja digna de prêmio ou louvor, pelos serviços prestados junto à comunidade”. 
Já receberam o título: Daniel de Castro Fortuna (1958), Claudino Caetano Muraro (2004), Alberto Walter de Oliveira (2006), Eroni Mazzochi Koppe (2006), Heleno José Oliboni (2007), Alice de Oliveira Gonzáles (2007), Arnaldo Passarin (2008), Odilla Rech Biazus (2008) e Ivo Gasparin (2010).

Aos 89 anos, Irmã Maria Bernarda de Cristo Rei recebe o título de ‘Cidadã Florense’. - Gabriela Fiorio
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