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Venda de espumantes deve crescer 10% no fim do ano

Se a meta for atingida, de outubro a dezembro serão comercializados mais de 9,1 milhões de litros de bebidas brut, moscatel e demi sec

O consumo de espumantes no Brasil vem crescendo gradativamente. A bebida brasileira está ganhando espaço nas prateleiras de supermercados e lojas especializadas, atraindo cada vez mais simpatizantes. De acordo com dados do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), o acréscimo nas vendas nos dois últimos anos foi de 8%, sendo que em 2012 foram comercializados 14,7 milhões de litros e em 2013 chegou a 15,9 milhões. Em 2014, de janeiro a outubro, foram comercializados 11,2 milhões de litros de espumante.

A expectativa do setor vitivinícola é de que o total de vendas de espumantes no último trimestre deste ano seja até 10% maior do que o registrado no mesmo período de 2013, quando a venda foi de 8,3 milhões. Se o volume projetado para a época for atingido, deverão ser comercializados mais de 9,1 milhões litros da bebida ícone das festas de final de ano, fechando 2014 com um total de 17,5 milhões de litros vendidos. Em um período de nove anos a comercialização da bebida aumentou cerca de 10,3 milhões de litros. Em 2004 foram vendidos 5,5 milhões de litros, enquanto que em 2013 a venda atingiu 15,8 milhões.

O vice-presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Dirceu Scottá, destaca que a projeção de crescimento de 10% pode ser considerada boa pelo setor, considerando a realidade econômica do país, que irá fechar o ano com aumento de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB). “Esse percentual de 10% é uma projeção, mas se alcançarmos algo entre 5% e 10%, na realidade, já poderemos comemorar, pois tivemos um crescimento de volume considerável, ao passo que outros setores estão, em muitos casos, decrescendo”, cita.

Scottá atribui o aumento no consumo à qualidade que os espumantes brasileiros conquistaram ao longo de anos, o que tem conferido credibilidade tanto no mercado interno quanto no externo, por meio de concursos e premiações importantes. “Atrelado a esses fatores também temos a desmistificação de que o espumante seria um produto somente para datas comemorativas. Hoje já é uma bebida consumida o ano todo, em diversos momentos. Isso está fazendo com que o produto tenha um crescimento e uma base estável”, pontua.

Sobre o desempenho geral do setor, Scottá afirma que o crescimento deve ficar em torno de 5%. Segundo o enólogo, a venda de vinhos finos, por exemplo, deverá ter desempenho semelhante à registrada em 2013, quando foram comercializados 6,7 milhões de litros no período de setembro a dezembro. “Os vinhos nacionais ainda enfrentam muita concorrência com os importados. O conceito ‘importado’ ainda é muito presente e o vinho nacional ainda sofre com isso. No caso dos espumantes, não temos essa concorrência direta, pois os champagnes ou os espumantes que chagam aqui, de outras origens, têm preços mais elevados. Já o nosso, em termos de custo-benefício, com certeza é um produto muito melhor aceito”, evidencia Scottá.

O principal comprador da bebida produzida pelas vinícolas gaúchas em 2013 foi São Paulo, que absorveu 26,5% da produção. O Rio Grande do Sul foi o segundo colocado, com 25,8%, seguidos de Rio de Janeiro (14%), Santa Catarina (6,1%), Minas Gerais (5,5), entre outros. O espumante brasileiro também tem ganhado apreciadores fora do país. Em 2014, os principais destinos das exportações foram Reino Unido, Bélgica, Alemanha, Países Baixos (Holanda), Colômbia, Japão, Estados Unidos, Suíça, China e Canadá.


Vinícola florense amplia produção

Com 50 anos de história, a Sociedade de Bebidas Mioranza, de Flores da Cunha, consolidou-se no mercado com a elaboração e comercialização de vinho de mesa, que responde por 90% da produção total do ano. Entretanto, em busca da diversificação do portfólio, em 2013 a empresa iniciou a substituição da linha de frente por um maquinário que permitiu fazer diferentes itens em um mesmo equipamento. O investimento possibilitou a ampliação da linha de produtos e, consequentemente, o crescimento da produção entre 8% a 10%.

Atualmente, a produção total é de aproximadamente 8 milhões de litros por ano entre o carro-chefe (vinho comum), o suco de uva, além de duas linhas de vinhos finos e uma de espumantes. Antes da modernização a elaboração do espumante era terceirizada – a partir de 2014 ocorreu a primeira vinificação própria. “Até então o espumante era elaborado em outra empresa e agora é feito todo aqui. Também atendemos pequenas vinícolas que precisam fazer a vinificação de suas uvas”, cita o gerente da vinícola, Jeronimo Mioranza.

O espumante Rio Bravo, safra 2014, é a grande aposta da Mioranza. No total, foram produzidas 12 mil garrafas de cada tipo (brut, demi sec e moscatel) e a expectativa da vinícola é que com a chegada das festas de final de ano a venda se intensifique. Ainda resta um lote da safra 2014 que está em tanque. A intenção da empresa é que seja engarrafado no final de janeiro para que possa suprir a demanda durante o verão. “Essa é uma bebida de alto padrão e tem uma aceitação muito boa no mercado. Já estamos esperando por isso, pois nos preparamos para esse crescimento”, explica.

Neste primeiro ano, a venda dos espumantes foi feita para o consumidor direto, mas a intenção da vinícola é abrir a comercialização para o mercado nacional a partir de 2015. Para o próximo ano, também está nos planos a elaboração de uma linha produzida pelo método champenoise (quando a segunda fermentação ocorre dentro da garrafa), além de outros três produtos na linha de espumantes e frisantes. “Com a remodelação dos produtos pretendemos também participar de concursos nacionais e internacionais para atestar a qualidade dos nossos vinhos”, completa.


Reconhecimento internacional

Segundo dados da Associação Brasileira de Enologia (ABE), nos concursos internacionais realizados em 2014, das 377 premiações de bebidas brasileiras, 229 foram destinadas a espumantes, representando 60% das honras à bebida. O reconhecimento vem de diversos países como Grécia, Argentina, Itália, Alemanha e França, que contemplaram as bebidas brasileiras com medalhas de ouro duplo, ouro, prata, bronze e menções honrosas.

Além disso, em 2014 dois espumantes da Serra Gaúcha foram incluídos na lista dos 100 melhores do mundo, feita pela Associação Mundial de Jornalistas e Escritores de Vinhos e Licores (WAWWJ). Os produtos nacionais escolhidos foram o Aurora Espumante Moscatel (56º lugar), da vinícola Aurora, e o Garibaldi Espumante Moscatel (97º), da Cooperativa Vinícola Garibaldi. O ranking é elaborado com base em 74 concursos mundiais de bebidas, como o Concours Mondial de Bruxelles e o International Wine Challenge. As pontuações dos vinhos variam de acordo com a importância relativa do concurso e a posição de cada rótulo dentro deles.


O gerente da empresa, Jeronimo Mioranza, diz que em 2015 a empresa irá comercializar uma linha de espumante pelo método champenoise. - Mirian Spuldaro
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