Nova Pádua

O despertar da música

Desde 2014, Projeto Sons para o Futuro visa auxiliar na formação integral de jovens, por meio do estímulo às múltiplas formas de expressão e criatividade

Ao subir os primeiros degraus do Centro Integrado de Apoio à Criança e ao Adolescente, na lateral do antigo prédio da Câmara de Vereadores de Nova Pádua, é possível ter certeza que estamos nos aproximando de um espaço dedicado à música. Mesmo a alguns metros de distância, as notas inconfundíveis da canção ‘Parabéns a Você’, em violão, podem ser ouvidas e despertam a alegria de quem escuta. 
A melodia contagiante é dos 27 alunos que integram as duas turmas do Projeto Sons para o Futuro, crianças que estão aprendendo a tocar violão e cantar: “Gostamos muito, sonhamos em aprender a tocar ‘Anunciação’, é uma música tão linda! Agora estamos tocando ‘Parabéns a Você’, estamos conseguindo, achando fácil e vamos tocar em casa para os nossos pais”, revelam os estudantes (em ordem alfabética) Agnnes de Barcelos Sonda, 9 anos; Alanis Fagherazzi Boniatti, 9 anos; Ana Vitória Sonda, 8 anos; Anna Livia Panizzon, 8 anos; Bianca Tormen, 8 anos; Isabela Casagrande Salvador, 8 anos; João Victor Menegat Daniel, 12 anos; Josiane Marin, 8 anos; Laysa Engel Kleinert, 9 anos; Nicole Brunetto Oro, 9 anos; Pedro Antônio Mig Kuffel Ferreira, 13 anos; Thalyta Gonçalves, 12 anos; Vinicius Hockmann Moreira, 9 anos, e; Vitor Eduardo Kanchen, 9 anos.
Os pequenos são coordenados pelo professor de música florense David Marcos Zamboni, de 52 anos, que também trabalha nas Escolas Bortolo Bigarella, Idalino Vailatti e Libera Bianchin. “Comecei a tocar violão com 10 anos e ensinar música por volta de 2005, com contrabaixo, depois passei para o violão. Iniciei com turmas em prefeituras, em 2008, e fiquei até 2020 em Flores da Cunha, pegava as turmas para musicalização e ensinava violão nos centros ocupacionais das escolas Tancredo de Almeida Neves e Leonel de Moura Brizola”, lembra Zamboni, sobre como iniciou sua relação com esse universo.
O músico passou a ministrar as aulas do Projeto Sons para o Futuro neste ano e revela que os encontros estão sendo muito gratificantes: “A gente está aprendendo teoria musical, os primeiros acordes e os primeiros solos, eles estão bem no começo – tem alguns alunos do ano passado que já sabem um pouco mais, a turma está um pouco misturada, mas estou tentando nivelar eles para darmos o próximo passo todos juntos. As músicas que vamos trabalhar são as do folclore brasileiro e italiano, mescladas com algumas que eles gostam e pedem, principalmente as do gênero sertanejo”, explica o professor, acrescentando que após o ‘Parabéns a Você’ devem partir para as canções ‘La Bella Polenta’, ‘Mérica Mérica’ e ‘Querência Amada’. 
Zamboni conta que as turmas são formadas por estudantes que vão desde os 8 anos até os que estão no Ensino Médio, e todos fazem as aulas no turno inverso ao da escola e que alguns, inclusive, já chegaram a comprar o próprio violão para poder tocar após os dois anos do projeto. De acordo com o professor, as crianças se sentem muito realizadas quando conseguem tocar uma música, ou parte dela, afinal, o violão é um instrumento que precisa de muita perseverança e nota-se que é gratificante quando conseguem executar a atividade. 
“Quando começa a tocar, o som não sai direito, tem que ter a técnica apropriada, como colocar o dedo na casa certa, é um instrumento musical, tem pessoas que tem facilidade e outras dificuldade, tem toda a coordenação motora fina, que, às vezes, não foi bem trabalhada. Cada pessoa é diferente e tem o seu jeito de tocar, mas todas têm um jeito especial e, às vezes, o processo é mais importante que o final. Talvez ela não vai conseguir tocar, mas vai conhecer o que é música, vai aprender a teoria, quem sabe vai partir para outro instrumento. A gente quer formar violinistas, mas também quer formar cidadãos que conheçam cultura, música, que consigam apreciar vários estilos, despertar para essa arte”, reflete o músico, acrescentando que se sente feliz e realizado por contribuir para tornar realidade o sonho de seus alunos. 
Mesmo com algumas aulas sendo um pouco cansativas, afinal, são três horas seguidas, o florense reforça que o importante é ir com calma e respeitar o tempo de cada estudante, que é único: “Às vezes eles cansam, surge uma bolha em um dedo, ou dói o dedo, por isso a gente respeita quem não consegue ir tão rápido; tentamos fazer coisas mais fáceis e vamos juntando. Eu acredito que vamos conseguir nivelar eles assim, mas se tiver algum que não consiga a gente parte para outra atividade, como ajudar a cantar, tocar uma flauta, enfim, outro instrumento”, esclarece o professor, acrescentando que as turmas também participam de apresentações conforme o calendário de atividades repassado pela Secretaria de Educação do município. 
“Eu queria implantar a flauta também, que é uma carta na manga, uma alternativa para os alunos que tentaram violão e não conseguiram. Ela é um instrumento que talvez a técnica de aula seja mais fácil e também traz resultados muito bons. Mas tudo é uma questão de como eles vão”, adianta Zamboni acerca dos planos para o projeto, reforçando que os alunos cantam junto com a melodia do violão e que essa parte também está sendo desenvolvida nas aulas.  
O músico destaca, ainda, que sempre procura trabalhar o lado positivo dos alunos, com otimismo, focando no que eles estão conseguindo praticar e reforçando o que não conseguem, mas, sem exigir demasiadamente para evitar frustações, ao menos nas primeiras aulas: “A música ajuda na formação integral do ser humano porque ela é uma das inteligências que a gente tem e, às vezes, não é desenvolvida”, conclui.
De acordo com a secretária de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer, Josenice Panizzon Bernardi, o Projeto Sons para o Futuro é gratuito e existe desde 2014, como uma proposta para qualificar e introduzir novas aprendizagens no contraturno escolar. Neste ano, as atividades iniciaram no dia 20 de março e as aulas ocorrem nas segundas-feiras, na parte da tarde, das 13h30min às 16h30min e, nas quintas-feiras, no turno da manhã, das 8h às 11h. Podem participar da atividade alunos a partir dos 8 anos de idade. “Durante o início do mês de março a Secretaria de Educação, Cultura, Turismo, Esporte e Lazer entrou em contato com as escolas de Nova Pádua e convidou os alunos para participar dos projetos ofertados pela pasta. Os interessados efetuaram sua inscrição, sem custo algum”, explica Josenice, acrescentando que se alguém ainda quiser se inscrever ou estiver em busca de mais informações sobre o projeto pode entrar em contato com a administração pelos telefones (54) 3296 1600 ou (54) 3296 1746.
“A música, em suas múltiplas formas de expressão, estimula habilidades e competências que priorizam o raciocínio, a criatividade, autodisciplina, memorização, além de desenvolver a linguagem oral, a afetividade e a saúde emocional, aptidões importantes na formação holística e no desenvolvimento integral do educando”, conclui a secretária da pasta, reforçando a importância de incluir o ensino da música nas rotinas escolares de crianças e adolescentes para, assim, criar sons que embalarão o futuro de jovens e adultos. 

Atualmente 27 alunos participam do projeto, divididos em duas turmas.  - Gabriela Fiorio A maioria dos alunos está tendo seu primeiro contato com o violão. - Gabriela Fiorio
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