Saúde

Todo dia é dia de cuidar do pulmão

Cirurgião Torácico, Rafael Hahn Vanoni, esclarece dúvidas sobre saúde respiratória e fala sobre os cuidados nas estações mais frias

Os cuidados com as patologias respiratórias precisam ocorrer durante o ano todo, mas no outono/inverno é importante que sejam redobrados. Para isso, o Jornal O Florense conversou com o médico Cirurgião Torácico Rafael Hahn Vanoni, 40 anos, que há um ano está trabalhando no município de Flores da Cunha.
Natural de Caxias do Sul, Vanoni atua nos cuidados de clínica e cirurgia do tórax há 7 anos. Tem graduação em Medicina e possui especialização em Cirurgia Torácica. O médico atende em Flores da Cunha, de forma particular e por meio dos convênios Círculo e Unimed, nas quintas-feiras à tarde – Rua Ernesto Alves, 2132, sala 21, Centro / (54) 3292 1484 – e em Caxias do Sul, de forma particular e por meio do convênio Círculo – Av. Julio de Castilhos, 2101, sala 35, Centro / (54) 3066 1750.

O Florense: Quando as pessoas devem procurar um médico especialista em saúde respiratória? 
Dr. Rafael Hahn Vanoni: As pessoas devem procurar atendimento quando apresentarem dificuldades para respirar (dispnéia), tanto em repouso ou ao esforço, como uma caminhada mais longa; tosse persistente, que não passou com  tratamento inicial, independentemente de ser seca ou com escarro, e na presença de sangue (hemoptise). Também se apresenta alguma alteração em exame de imagem do tórax. Portadores de doenças pulmonares crônicas, como Asma e Enfisema Pulmonar. E, muito importante, pacientes tabagistas ativos ou os que pararam de fumar há menos de 15 anos, com idade entre 50 e 80 anos, mesmo que sejam completamente sem sintomas, precisam procurar um atendimento para fazer uma tomografia de rastreamento para identificação de nódulo pulmonar suspeito. 

OF: Sobre tabagismo: hoje em dia temos um elevado número da nossa população que utiliza o cigarro eletrônico. Ele tem os mesmos efeitos de um cigarro ‘normal’ para a saúde? 
Dr. Vanoni: Semelhante a um cigarro, tem nicotina, é inalatório, e tem os mesmos riscos de um cigarro: doenças pulmonares, como infecções, bronquites, enfisema e  câncer de pulmão;  logo, não é porque é eletrônico que altera os riscos para o paciente.

OF: O câncer de pulmão é um dos mais comuns no Brasil. Você vê esse reflexo no seu consultório? Só quem é usuário de cigarro corre o risco de ter? 
Dr. Vanoni: Sim, o câncer de pulmão é o terceiro mais frequente, está atrás do câncer de pele não melanoma e do de mama/próstata. Porém é o com maior letalidade. Devido ao diagnóstico tardio e quando o paciente tem sintomas relacionados ao câncer, geralmente está em um estágio mais avançado. Por isso eu reforço a importância do rastreamento: com ele conseguimos identificar nódulos suspeitos em fase inicial (pequenos) e oferecer um tratamento de cura. O tabagismo, com certeza, é o fator de risco mais importante, mas existem outras exposições inalatórias, como o jato de areia e a pintura. Observamos um aumento de incidência de câncer de pulmão em não fumantes, que atinge mais mulheres e tem uma origem genética; felizmente, com o avanço da medicina, conseguimos tratamentos mais específicos (terapia alvo) e bons resultados.

OF: Por que que com a chegada do outono/inverno as pessoas tendem a ter mais resfriados e gripes? 
Dr. Vanoni: O trato respiratório tem contato direto com o meio externo, então a exposição e uma maior mudança de temperatura, que existe nas épocas de frio, ocasiona uma reposta inflamatória nas vias aéreas, tanto superior (nariz e seios da face) como inferior (pulmão), e assim, mais suscetível a infecções (virais e  bacterianas). Outro fator importante é que nesse períodos as pessoas ficam em ambientes mais fechados, aumentando o contágio.

OF: O que podemos fazer para minimizar os riscos de doenças respiratórias? 
Dr. Vanoni: Existem formas de prevenir as doenças respiratórias, iniciando por rotinas saudáveis: uma alimentação equilibrada, atividade física regular, mãos higienizadas, proteção do nariz e da boca em dias de frio, e tempo de sono adequado. Preferir ambientes arejados e evitar locais com poluição (poeira, fumaça e produtos químicos); trabalhadores  expostos devem usar os Equipamentos de Proteção Individual. Evitar o tabagismo. E, muito importante, manter o calendário vacinal em dia. 

OF: Quem sofre com as crises alérgicas precisa ter cuidados redobrados?
Dr. Vanoni: Sim, pois são mais suscetíveis e reativas ao ambiente, logo, resposta inflamatória respiratória mais precoce e com maior intensidade. Então, é importante que  esses pacientes mantenham as prevenções gerais, como rotinas saudáveis,  como citamos anteriormente, mas também cuidados específicos: atualmente há testes que identificam com precisão os fatores que causam a alergia e, desse modo, uma prevenção e tratamentos direcionados.

OF: É comum que nesta época seja realizada a campanha de vacinação contra a gripe. Porque é importante que as pessoas se imunizem? 
Dr. Vanoni: Vacinas previnem infecções graves (com maior risco de hospitalização e morte). Não impedem infecções leves, como rinites (resfriados). Importante: pacientes portadores de doenças pulmonares crônicas devem realizar vacinas específicas, as quais orientamos em consultório.

OF: Essa questão que veio com a Covid, de utilizar máscara, mesmo agora não sendo obrigatório, as pessoas com resfriados vão se sentir mais à vontade para utilizá-las?
Dr. Vanoni: Os portadores de doenças pulmonares em dias de frio, em ambientes fechados e com grande número de pessoas, oriento o uso de  máscara: é uma medida simples que reduz o risco de infecção respiratória (que nesses pacientes apresenta maior de risco de gravidade).

 - Gabriela Fiorio
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